A FRONTEIRA NO
CINEMA COMO REPRESENTAÇÃO: USOS E ABUSOS
Sendo o cinema uma das formas de manifestação humana,
criada em fins do século XIX e aprimorada em seus aspectos técnicos e estéticos
ao longo do século XX, é intenção abordar aqui de que maneira a fronteira é
representada nos filmes, tentando dialogar com o resultado das buscas no banco
de teses e dissertações da Capes citados anteriormente e do resultado
encontrado de artigos, dissertações e teses disponíveis. Selecionamos como
exemplo o faroeste americano.
A fronteira pode ser política, física, simbólica ou
cultural. Mesmo em suas diversas formas a fronteira é construída, ela não
existe a priori, se constitui em
função das diversas narrativas que definem determinada cultura, seja ela
dominante ou não, dentro daquele espaço que se define como fronteira. Há um
enorme campo consolidado de autores, obras e discussões acerca do conceito de
fronteira e cultura.
Definir por si só o conceito de fronteira já é uma
tarefa árdua, onde há diversos caminhos e maneiras de se estabelecer o que
seria a fronteira. Como citado anteriormente, ela é apenas física, política,
física por consequência do imperativo da política, cultural, imaginada,
simbólica dentro daquilo que podemos aceitar como os costumes e práticas que
definem uma identidade que por consequência define e estabelece sua fronteira
em relação ao “outro”, ou apenas uma mera representação que resulta da
construção daquilo que hoje se conhece por nação? Afinal existe uma definição
que contemple o máximo possível desses questionamentos?
Podemos também pensar na velocidade problematizada por
Paul Virilio “Guerra e Cinema” que perpassa toda a sua obra, onde afirma que
toda tecnologia provém das guerras, e como mecanismos militares influenciam e
moldam as práticas sociais, modificando assim toda a estrutura anterior dos
grupos. O que pretendo dizer com isso é que se o cinema é uma ferramenta onde
as práticas sociais, os códigos culturais, os sistemas assim por dizer, são
representados, a velocidade com a qual o próprio cinema interagiu ao longo do
século XX influencia diretamente em sua forma de representar as identidades.
Vejamos o exemplo da fronteira e de como Hollywood representou a expansão para
o Oeste na figura do caubói.
O homem cujos valores são a ética, a justiça e uma
noção de progresso que entra em conflito com o atraso dos povos nativos, que
por sua vez são definidos e representados como matreiros, bandidos, e um
empecilho ao ideal de nação em progresso defendido pelo discurso americano, que
se traduzem muito bem nos clássicos de faroeste. Hobsbawm em “Tempo Fraturados:
Cultura e Sociedade no Século XX” já indaga e questiona, afirmando que o mito
do caubói é o elemento “sui generis”
da fronteira. Seus valores e suas práticas que são reflexos da modernidade
nascente e da civilização em contraste com a barbárie e o atraso dos “outros”
povos. E isto será um dos símbolos formadores da fronteira americana.
Nos bancos de dados apresentou-se a dissertação de
mestrado de César Henrique Guazzelli e Souza intitulada “A subversão da
fronteira: o “spaghetti western” como crítica ao ideal de progresso”. A
“subversão” proposta aqui se dá no sentido de que o ideal de progresso
atribuído ao “cowboy” americano, que na sua luta contra os “malvados” índios
contribui para a expansão para o Oeste é totalmente invertida, e apresentada
como se fosse algo antagônico ao que representou tanto o cinema
norte-americano.
O heroísmo, a bravura, a honra somem e dão lugar ao
banditismo, a violência e a truculência com que este mesmo cowboy herói antes
agora seja representado como o vilão da história. Outras teses e dissertações
também problematizaram o tema da fronteira, e estão citadas nas referências,
mas optei por selecionar apenas a citada acima visto que inverte o papel
consagrado dado ao cowboy em seu “habitat natural”, a fronteira.
Frederick Jackson
Turner
em seu “Significado da Fronteira na História Americana de 1893”, já defende a
expansão para o Oeste e a ampliação da fronteira americana como algo positivo,
veremos a importância desse diálogo proposto na dissertação visto que se trata
de uma proposta onde os valores da expansão para o Oeste sejam questionados
e,seja alvo de paródias através do cinema italiano, realmente pode ser encarada
como uma subversão.
Levando em conta que o homem que expande a fronteira
americana rumo ao Oeste entra em contato com povoações nativas e o conflito,
bem como as relações que daí surgem forjam sua identidade, há no espaço dessa
fronteira que se expande um espaço para a discussão e o estabelecimento daquilo
que Fredrik Barth
levantou, que as relações sociais, étnicas, formam identidades dos grupos e que
a convivência e troca, assim como a geografia, definem as relações comerciais e
culturais que resultam nos traços culturais de um grupo maior, que pode ser
considerado como nação e que em suas particularidades é formado por diversos
outros grupos étnicos. Nesse
trabalho de César Henrique Guazzelli e Souza o mito da fronteira e seu ideal de
progresso são questionados e representados como negativos. Nas palavras
do próprio autor:
“...os spaghetti
westerns subverteram as regras do western clássico americano e,
dessa forma, construíram uma representação do mito da fronteira em negativo,
que dá a ver a conquista do oeste não como uma marcha do progresso ou uma
jornada civilizadora, mas como um caminho cujo legado é a entronização da
barbárie.”[SOUZA, 2014, p. 26.]
A narrativa de uma obra cinematográfica permite
milhares de representações e interpretações de um mesmo tema. Jamais se esgotam
as possibilidades. Lembrando que a geografia e o meio onde o homem vive não
determina mas influencia seu comportamento, sua prática cultural, e por assim
dizer ajuda a definir, moldar a fronteira, algo que Fredrik Barth e seus pares
compartilham e discutem em “Los Grupos
Etnicos y Sus Fronteras” (1976). Ou seja, a gama de possibilidades e instrumentos
naturais ou não, no caso aqueles criados pelos grupos, são os formadores e
definidores do que reconhecemos como fronteiras.
Conclusão
O que seria uma
fronteira cultural afinal? Seriam as manifestações culturais que definem o “eu”
e o “outro” a partir das práticas? Seriam o idioma, a religião, a música
exemplos de fronteiras culturais? Mas a mesma fronteira cultural que define e
pode separar pode fazer unir os “diferentes” dentro daquilo que a modernidade
intitulou como nação. Se levarmos em conta que a cultura pode ser definida como
um conjunto se sistemas e representações que são passados de geração em
geração, e sua prática permite a sobrevivência do indivíduo dentro do grupo
social em que se insere, e também garante a sobrevivência do grupo ao longo dos
tempos, numa aproximação daquilo que desenvolveu Roque de Barros Laraia em “Cultura: um conceito antropológico”
(2001), então também podemos considerar o cinema como um dos sistemas de
representação que ao longo do século XX se desenvolveu e aprimorou o seu modo
de representar estes código de sistemas dos grupos sociais.
Sobre a prática
simbólica nas ações dos grupos sociais que resultam na afirmação ou na negação
das fronteiras culturais e a compreensão destas representações simbólicas que
definem também o “eu” e o “outro” Sandra Jatahy Pesavento define que:
“É por esse viés de
compreensão da fronteira que se confrontam as percepções da alteridade e da
identidade, ou que se contrapõem as construções imaginárias de referência,
definindo-se ou “outros” com relação a “nós” e vice-versa. Portanto, o
“recorte” epistemológico que “encerra” o conceito de fronteira é capaz de,
paradoxalmente, anular este mesmo critério do espaço e avançar para o plano dos
significados partilhados.”[PESAVENTO, , 2002,p. 36].
Então o cinema e suas
representações das fronteiras culturais são um meio também de compreender o
sistema de símbolos de um determinado grupo social, levando em conta as
narrativas que se faz da fronteira ou das fronteiras em pleno desenvolvimento,
contração ou dilatação.
Alguns parâmetros que formaram e definiram as
fronteiras ainda permanecem imutáveis. Como o aspecto político e bélico de muitos
locais, que entram em conflito com as práticas culturais do novo século e
tencionam assim a relação com o discurso que acaba por reforçar muitas vezes
valores que se encontram na origem das questões fronteiriças.
O “não-lugar”, o “não-pertencimento”, as identidades
voláteis se dissipando no discurso da necessidade de adaptação aos “novos
tempos”, que na realidade produzem uma volta ao antigo, a barbárie e a
fronteira interna ou externa expõe esse conflito muito bem, de forma bem clara,
vide as questões étnicas ainda presentes no leste europeu, a crise de imigração
para a Europa e o debate em torno da aceitação destes “novos membros” em uma
sociedade fechada em valores rígidos mas que construiu sua economia alicerçada
na mão-de-obra imigrante, no caso da Alemanha, ou mais perto de nossa
realidade, o caso da Venezuela e o movimento migratório resultante do caos
político, econômico e social que bate às portas da fronteira brasileira e exige
uma política de acolhimento destes indivíduos, que também gera um debate social
e desperta o discurso muitas vezes de reforço de uma identidade nacional que
feche a fronteira ao vizinho na manutenção daquilo que falei anteriormente, uma
criada, recente e baseada em valores duvidosos de unidade, a nação.
A velocidade produz um desequilíbrio na estabilidade
daquilo que outrora era definido como fronteira. As identidades e suas mudanças
que ao longo do século XX percebemos e acompanhamos se evidencia cada vez mais
naquilo que podemos definir como “cinema distópico”, tão comum nos últimos
anos. Seria influência, ou resultado das dilatações e interações sociais que
ultrapassam os limites antes definidos e rígidos da fronteira? Seria a cultura
o elemento cada vez mais determinante para que a fronteira definitiva seja
testada e entre em conflito com os ideias daquilo que antes se definia como a
nação? Se a resposta for sim, pode-se encontrar na velocidade das trocas
culturais e na velocidade com que os grupos sociais interagem os principais
responsáveis por isso. Se o cinema foi de poucos e lentos quadros por segundo
em seu início desacreditado por muitos, hoje ele avança em frames mais velozes
e que proporcionam uma velocidade de representação que traduz em muitos
sentidos o dia a dia.
Ora, o cinema e seus FPS (Frames por segundo) cada vez
mais velozes contribuem para a percepção de tempo veloz. E nunca antes o cinema
passa tão bem a ideia do “tempo-valor” de Paul Virilio (1993). Velocidade como
sinônimo de sucesso. Falácia defendida e difundida como ideal de progresso.
No “ciberespaço” de Paul Virilio, a ordenação do tempo e da velocidade
encurta os espaços e necessariamente modificam a ideia de pertencimento que as
fronteiras outrora garantiram. Neste sentido o cinema torna-se uma fonte rica
de conhecimento desta evolução de representatividade e narração do conceito de
fronteira cultural. Onde se representa na tela os valores daquilo que é visto
como cultura e se fortalecem as práticas que formam a fronteira, seja ela
política, social, cultural ou simbólica.
A dissertação de Maurício José de Souza Júnior, sob o
título de “O Cinema e a Grande Guerra (1914-1918): os filmes sob as
perspectivas do regime estético das artes de Jacques Rancièrie e dromologia em Paul Virilio”, de
2014, problematiza esta questão e faz apontamentos na direção de como a
velocidade interfere na percepção das representações cinematográficas e indica
caminhos ainda não percorridos nas pesquisas sobre o cinema.
Então
se torna um desafio analisar a crítica cinematográfica e problematizar como foi
recebido ao longo do período da pesquisa, entre os anos de 1929 até 1967, estas
questões. Identificando no discurso dos críticos e na análise das obras a
percepção destas narrativas fílmicas e suas representações sobre temas que
abrangem a cultura do homem moderno, a partir daquilo que o cinema definiu como
modernidade e que os críticos tanto se empenharam nas revistas em deixar claro
do que se tratava. A dissertação de Fernanda Generoso “A
serviço do cinema: História e Cultura Política nas revistas A Scena Muda e
Cinearte na década de 1930”, indica um caminho de análise a respeito das
revistas e sua importância no debate acerca do conceito de modernidade:
Neste aspecto,
as revistas ilustradas das primeiras décadas do século XX devem ser entendidas
como parte de um sistema cultural, lugar de estruturação de redes de
sociabilidade que auxiliam na formação da ideia de modernidade. [GENEROSO,
2016, p. 9].
Três pesquisas contribuíram muito no sentido de definir
o papel e a importância das revistas e dos críticos de cinema. Uma tese de
2015, escrita por Hélio Moreira da Costa Júnior intitulada “O Onírico desacorrentado:o movimento
cineclubista brasileiro (do engajamento estético à resistência política nos
anos de chumbo – 1928 - 1988)” e defendida na Universidade de São Paulo que
perfaz o caminho do movimento cineclubista brasileiro, com ênfase ao cineclube
Chaplin-Club, apresentando os primórdios daquilo que se concretizaria ao longo
dos anos como o corpo de crítica cinematográfica brasileiro.
A tese também discute questões estéticas que se fizeram
presente no trabalho dos críticos, bem como uma modificação de postura nos anos
que se caracterizam como anos de chumbo dentro da ditadura civil-militar
brasileira até sua abertura política e como se manteve ainda em atividade mesmo
quando se demonstrou um enfraquecimento da atividade dos cineclubes.
Um trabalho muito importante pelo fato de que nos anos
20 o cineclubismo, que nasce na França torna-se também o lugar por excelência
de muitos daqueles que viriam a ser os críticos de cinema das principais
revistas do Brasil. especializadas no assunto ou que proporcionavam um espaço
generoso em suas páginas para a discussão acerca das obras cinematográficas que
chegavam aos cinemas mundiais e brasileiros. Nesse sentido a leitura da tese
colaborou para a compreensão deste processo de surgimento e fortalecimento das
relações dentro dos cineclubes brasileiros.
A tese de autoria de Margarida Maria Adamatti com o título de “A crítica cinematográfica no jornal alternativo Opinião:
frentismo, estética e política nos anos setenta”, é mais um trabalho que também
demonstra como a prática da crítica cinematográfica foi de extrema importância
no período da ditadura civil-militar no Brasil. A tese apresenta como críticos
importantes como Jean-Claude Bernardet, Sérgio Augusto, Marcos Ribas de Farias,
Gustavo Dahl, José Carlos Avellar e Clóvis Marques apresentaram suas críticas e
de que maneira as mesmas traziam discussões acerca das questões políticas,
estéticas e do papel do intelectual, bem como questões de cultura popular e
linguagem cinematográfica. A questão principal da tese se encontra no fato de
tentar mapear e apresentar a tentativa de consolidar o campo do cinema
brasileiro na década de 70 e de como a prática dos críticos de cinema se insere
num panorama mais amplo de resistência cultural.
A dissertação “Além
da crítica: Os Intelectuais do Grupo de Estudos Cinematográficos do Amazonas e
suas relações com o poder (Anos 60)”, de 2015, de autoria de Gláucia de Almeida
Campos vai ao encontro dos outros trabalhos no sentido de demonstrar como o
trabalho dos críticos de cinema foi importante para o desenvolvimento da
prática ao longo do século XX no Brasil, porém traz um elemento novo ao
incorporar uma análise crítica de como estes intelectuais que atuavam na
crítica de cinema e dos estudos acerca da sétima arte se relacionavam com os
círculos de poder da sociedade onde se inseriam, buscando o que a autora define
como afirmação social.
Aborda também uma discussão interessante dentro da
teoria dos conceitos de Habitus e Campo Social, elaborada por Pierre Bourdieu
para tratar os processos de disputas simbólicas e representações dentro do
campo de poder ao qual pertenciam.
Evidenciando mais uma vez um campo a ser explorado por
historiadores que entendem a necessidade de ampliarem as pesquisas sobre o
conceito de cultura e os meios onde o debate entre cinema, modernidade e
cultura se iniciaram. O cinema se caracterizou por ser um destes locais de
cultura, representando as mais diversas narrativas, sejam as narrativas
nacionais acerca da fronteira política ou cultural. É certo que no espaço entre
seu nascimento e seu desenvolvimento pleno como instrumento de expressão
artística, o cinema garante um espaço sólido e ainda em desenvolvimento quanto
à pesquisas que envolvam as capacidades de representação, o modo de sua
narrativa, para além da estética dos elementos que o compõem, bem como dos
críticos e de seu trabalho que evolui e se aprimora juntamente com as obras
fílmicas.
Referências
Eduardo Barreto de Araújo é Professor da rede pública e
Doutorando em História pela UFSM
ADAMATTI, Margarida Maria. A crítica
cinematográfica no jornal alternativo Opinião: frentismo, estética e
política nos anos setenta.477 f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação
em Meios e ProcessosAudiovisuais – Escola de Comunicações e Artes/Universidade
de São Paulo. São Paulo, SP, 2015.
BARTH,
Fredrik. Los
GruposEtnicosy SusFronteras: La organización social de las diferencias culturales. 1976.
|
CAMPOS, Gláucia de Almeida.- Além da
Crítica: Os Intelectuais do Grupo de Estudos Cinematográficos do Amazonas e
suas relações com o poder (Anos 60).129 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de
Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Amazonas. Manaus, AM, 2015.
GENEROSO, Fernanda. A serviço do
cinema: História e Cultura Política nas revistas A Scena Muda e Cinearte
na década de 1930. 159 f. Dissertação (Mestrado em História) - Programa de
Pós Graduação em História Social no setor História Contemporânea II. Universidade
Federal Fluminense. Rio de Janeiro, RJ, 2016.
HOBSBAWM, Eric. Tempos Fraturados: Cultura e sociedade
no século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
JÚNIOR,
Hélio Moreira da Costa.O Onírico
Desacorrentado: o movimento cineclubista brasileiro (do engajamento
estético à resistência política nos anos de chumbo – 1928 - 1988).256 f. Tese
(Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em História Social, do Departamento de
História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de
São Paulo. São Paulo, SP, 2015.
JÚNIOR, Maurício José
de Souza. O Cinema e a Grande Guerra (1914-1918): os filmes sob as perspectivas
do regime estético das artes de Jacques Rancière
e dromologia em Paul Virilio.158 f. Dissertação (Mestrado em História) -
Programa de Pós-Graduação em História. Universidade Federal de Uberlândia.
Uberlândia, MG, 2014.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Além das Fronteiras. In:
MARTINS, Maria Helena(org). Fronteiras Culturais: Brasil – Uruguai – Argentina.
São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.
VIRILIO, Paul. Guerra e Cinema. São Paulo: Editora
Página Aberta, 1993.
Prezado Eduardo, o desenvolvimento do seu tema é interessantíssimo, mas onde está o ensino de história? Qual a sua proposta para levar essa discussão para a sala de aula?
ResponderExcluirBoa noite José Maria Gomes de Souza Neto. Primeiro gostaria de agradecer a pergunta. Sou pesquisador da área da História Cultural e trabalho com representações visuais. Fotografia e cinema em grande parte. A questão pertinente ao ensino de História se estabelece no diálogo sobre o uso de filmes em sala de aula como ferramentas didáticas. A proposta foi apresentar as representações da fronteira no cinema e pesquisas que problematizam a questão em si. O grande debate fica em torno do fato que filmes são utilizados como simples suportes no processo didático sem a devida contextualização e problematização. Tanto no ambiente escolar como no ambiente acadêmico (muitas vezes). Então tentei no espaço que possuía mostrar como pode-se problematizar questões a partir do cinema. Fico à disposição para esclarecer mais e compartilhar outras questões e pesquisas que desenvolvo. Sou doutorando da UFSM e ficaria grato em estabelecer um diálogo mais amplo sobre tais questões. Um abraço.
ExcluirNesse meio cinematográfico é muito desigual por todo mundo, tendo como exemplo o cinema que mais arrecada que é o estadounidense e um dos que menos arrecada que é o africano e não tem tanta visibilidade, tendo em vista tal afirmativa referente ao cinema estadounidense que ganha, produz e é mais visível, quais as problemáticas por trás desse cinema influenciando diretamente o imaginário da juventude de uma forma negativa e positiva ?
ResponderExcluirBom dia. Pois bem. Primeiro, o cinema dos Estados Unidos influencia o mercado econômico de forma absurda, pois o filme se consolidou como um produto. E muito rentável. Porém vejo um nicho em expansão de obras de escolas diferentes, como a africana e até mesmo a brasileira. O que ao meu ver há, não é uma influência negativa ou positiva do cinema em si sobre a juventude. Há um espaço de representações distópicas de mundo que fazem paralelo com a realidade desses jovens. No sentido de usar o engodo dos "pós-ismos", como o pós-modernismo, e lucrar com essa distopia, que faz paralelo por exemplo, sem anacronismos, com a geração alemã do expressionismo pós primeira guerra. De não pertencimento e de flutuação social.
ExcluirAbraços.