“A
DESCOBERTA DA AMÉRICA” EM HQ: UMA POSSIBILIDADE DE METODOLOGIA PARA O ENSINO DE
HISTÓRIA
Introdução
A
priori, se faz necessário explicar, de antemão, o que em si são as HQs
(histórias em quadrinhos), isto é, “imagens pictóricas e outras,
justaposta em sequência deliberadas destinada a transmitir
informação e/ou produzir uma resposta no espectador.
” MCCLOUD (1995 apud MATOS, 2018). Nelas há um diálogo sempre presente entre
imagem e texto, havendo, assim, sobre a questão imagética detalhes da
ilustração como cores, movimentação, ângulos da cena, espaço, caracterização
física entre outros fatores que são fundamentais para entender a história.
Sobre o texto, as HQs estão repletas de figuras de linguagens como
onomatopeias, além de discursos irônicos, humorísticos, dramáticos, entre
outros gêneros, dependendo do estilo e público específico de cada HQ ou
editora.
Tendo
seu nascimento incerto nos Estados Unidos da América no século XIX, as HQs
levavam através de um teor educativo, fundamentos para divulgação de ideais
relativos a religião, a política e a própria pedagogia. No século XX viu se
expandir as fronteiras e países como China, França e Brasil também tiveram sua
participação na história dessa arte. É especificamente sobre o Brasil que,
o pesquisador Douglas Lima considera a criação dos quadrinhos com fins,
especificamente, educativos no século XX e como estes foram de suma importância
para tal período nacional. Contudo, foi apenas em 1996-7 com a LDB (Leis de
Diretrizes e Bases da Educação) e PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) que com
a inserção de novas formas de linguagem para a educação iniciou-se o processo
de inclusão das HQs nas escolas. Por conseguinte, 2005-6, foram importantes
anos para esse universo também, havendo a criação de um órgão governamental
(Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), que acabou comprando uma série
de gibis para fomentar a leitura e ainda, eventos nacionais para discussão e
apreciação de leitores-fãs.
Ademais,
Vergueiro, um dos maiores pesquisadores da temática, cita inúmeros benefícios
que as práticas do ensino de história aliada com as HQs podendo promover um
meio crítico e versátil, contribuindo para o desenvolvimento do conhecimento do
estudante, bem como a imaginação deste e sua percepção de mundo. Assim sendo,
as histórias em quadrinhos se postulam como uma nova fonte da pesquisa
historiográfica, segundo a Escola dos Annales e da contribuição da História
Cultural para percepção de outros elementos que não apenas os econômicos e
oficiais. Nessa lógica, o professor para seu uso, deve:
“...ter
em mente que uma história em quadrinhos é uma obra de ficção que retrata as
ideias do autor e o contexto do período no qual foi produzida. Portanto, ela
pode conter, por vezes, lacunas uma vez que não possuem compromisso explícito
em retratar a realidade. ” (NOGUEIRA, 2005, p. 6)
Diferentes
aspectos do ofício de historiador, como problematizações e percepção de anacronismo
são necessárias para a análise das histórias em quadrinhos com temáticas
históricas. Esses dois elementos importantes no meio acadêmico de História nada
mais são que parte de construções de uma realidade, sendo, portanto, o que Will
Eisner apud Palhares irá definir em 1999, de arte sequencial, ou seja, veículos
que fazem ligações entre conhecimento histórico e meios de comunicação de massa.
É nesse mesmo sentido que para a pesquisadora Palhares:
“Os
quadrinhos são, inegavelmente, um poderoso veículo de comunicação, capaz de
atingir com eficácia um grande número de consumidores dos mais diversos setores
sociais e, portanto, capazes de divulgar valores e questões culturais que não
devem ser simplesmente assimilados, mas avaliados e criticados. Os quadrinhos
podem ser percebidos como um produto artístico possível tanto de promover
comunicação em um nível estético, quanto de sugerir questionamentos dentro de
uma realidade social.” (PALHARES, 2008, p.11)
Assim,
cada HQs possui sua particularidade, e, portanto, para o planejamento desse
tipo de metodologia para o ensino dentro da sala de aula haverá algumas HQs que
requererão do professor uma maior atenção, mantendo uma postura de
professor-mediador. Entre os exemplos de obras assim, tem a coleção ‘Você sabia?’,
de “A Turma da Mônica” do Maurício de Souza, no qual os quadrinhos dessa,
oferecem uma série sobre datas comemorativas, no qual Lima, declara:
“As
contribuições dessa história em quadrinho e da coleção para o ensino de
História são inúmeras, mostrando-se uma forma de aproximar o estudante de uma
temática chave da constituição do mundo moderno...No entanto, cabe ao
historiador problematizar a construção da narrativa histórica presente na HQ”.
(LIMA, 2017, p. 166)
É
nesse mesmo sentido de já haver um material formado contendo personagens e
histórias fixas, como é o caso da Turma da Monica, e que se apropriará de
outras temáticas (datas comemorativas, entre outros) que o devido artigo irá se
fundamentar tendo em vista: a importância do ensino de História utilizando da
metodologia de HQs; a série de HQs da Disney intitulada ‘Clássicos da
Literatura’, inspirada no livro ‘Diários da Descoberta da América’ escrito por
Cristóvão Colombo e que será será tema para uma história chamada “O Caminho das
Índias”; e por fim, na proposta de uma aula com a referida história.
HQ
e Disney
A série de desenhos animados estrelado por Mickey
Mouse foi, sem dúvidas, um dos maiores sucessos do universo Walt Disney, tendo,
inclusive, lançado em 1930, em jornais dos EUA, inúmeras tiras de quadrinhos em
que o ratinho dividia espaço com seus amigos (animais-humanizados). O sucesso
de púbico foi tão grande que na mesma década outros países começaram a
comercializar as publicações de histórias produzidas por artistas de outras
nações, como Inglaterra e Itália, principalmente.
Com
o passar das décadas, as histórias de Mickey e sua turma tomaram diversas
direções, contando com publicações em outros países como Holanda, Dinamarca e
até o Brasil, com personagens próprios como é o caso do papagaio, Zé Carioca.
Em 2010, no Brasil, uma nova fase dos quadrinhos foi publicada pela editora
Abril, baseada na série italiana ‘Clásicos de La Literatura’. Essa coleção que reúne
uma coletânea de histórias em quadrinhos escritas e desenhadas por artistas
italianos como espécies de parodias de obras literárias. Herskovic definirá essas
histórias como “novos textos em uma mídia distinta, pois une texto e imagem e
transpõe elementos dos textos originais nesse novo formato” e ainda
estabelecendo que “A série se apropria de elementos de outros textos criando intertextos.
”
A respeito de obras da literatura
clássica, a coleção conta ainda com algumas que mesclam plenamente com a
História. Esse é o caso do específico gibi intitulado ‘A Descoberta da América’
e que como a própria introdução do gibi declara sendo “A mais fascinante
empreitada do homem...”. Inspirado no livro escrito pelo navegador genovês,
Cristóvão Colombo (1451-1506), o livro ‘Diários da Descoberta da América’, foi
publicado no Brasil em 1998. As quatro histórias presente no gibi recaem sobre
questões “clichês” desse período histórico, estritamente eurocêntricas e de
narrativas destinado a um público para entretenimento e não necessariamente fiel
aos fatos históricos propriamente ditos.
Considerações
sobre o Ensino de História da América Colonial
A
respeito da temática América Colonial, os pesquisadores Luis Estevam Fernandes
e Marcus Vinicius de Moraes constatam que houve uma tripartição do seu ensino
dentro dos modelos historiográficos. A primeira é a visão eurocêntrica e
cientificista, essa estruturada principalmente pela História acadêmica do
século XIX, e que teve como principais historiadores, o alemão Ranke. Esse, em
suas teses de História adotava a metodologia cientifica por meio de fontes
oficiais, promovendo a figura do europeu como a do dominador e o indígena como
o do passivo da situação. Além dele, o norte-americano, Prescott, adotava os
conceitos de civilização e barbárie como forma de classificação e depois no
século XX, o etnólogo francês, Soustelle, tentava inserir a Europa na América,
o que os autores irão criticar essa visão, pois a “América que não pode ser
entendida como bloco único e que não pode ser vista à sombra da Europa” (FERNANDES;
MORAES, 2016, p.146).
Ademais,
a segunda visão é a da tradição lascasiana. Essa visão dominada pelas fontes
escritas pelo padre dominicano, Bartolomeu de Las Casas, primeiro bispo de
Chiapas, acabava por não questionar a dominação, mas sim, o modo como este
processo estava sendo empregado nas Américas, ou seja, com muita violência,
seja individual ou institucional. Como vítima do processo e assumindo uma
posição derrotista ao nativo, estes tinham que servir a Igreja Católica,
mostrando, portanto, a influência da Igreja Católica no período.
Por
fim, o mito dos vencedores e vencidos, propostos por autores contemporâneos.
Essa linha tenta mesclar o passado indígena com o colonizador, no qual, tem-se
o exemplo de Galeano com a obra ‘As veias abertas da América Latina’, com uma
América parece estar predestinada ao que aconteceu. Nos manuais didáticos
tradicionais, o teor economicista não deixa espaço para outros aspectos que são
tão importantes quanto, o que se configura também como uma crítica a
supervalorização de uma temática e desprezo por outras.
Percebe-se, assim, que os autores com muita dedicação se
debruçaram na pesquisa e concluem que a máxima sobre estudar a América, mas
também a própria História é a busca por identidade. A história em quadrinho
proposta como atividade de leitura, interpretação e produção “O Caminho das Índias”
terá como ponto de perspectiva entre a primeira e a terceira visão. Dessa
forma, o professor na relação passado-presente, não pode sobrepor a ótica
eurocêntrica tradicional, mas ao invés, dar à aula de História, um espaço para
novas possibilidades e oportunidades, problematizando e desconstruindo.
Apresentação
da HQ da Disney
O
volume 34 da série Clássicos da Literatura produzidas pela editora Abril e
Disney, terá como tema e título “ A Descoberta da América”. O gibi traz quatro
histórias em sequência inspirados no livro de Cristóvão Colombo, “Diários da
Descoberta da América” contendo ao todo 130 páginas.
As demais histórias em quadrinhos do gibi são: “A Quarta Caravela” (2006), “A
Verdadeira História do Descobrimento da América” (1995) e “Os Homens do Norte”
(2004). Todas as narrativas apresentam
introdução, desenvolvimento e conclusão e possuem clássica estrutura de tempo,
espaço, personagens (heróis e vilões) e enredo. A segunda história intitulada
“O Caminho das Índias” (2003) foi escolhida tendo por justificativa que é a
única dentre as quatro que possui na narrativa um contato do europeu com o
nativo, mostrando esse atravessando o oceano, e morando na Europa. Essa visão pacifica dos nativos e harmônica do
contato com os europeus é a crítica central apresentada por mim para produzir
uma aula destinada ao ensino fundamental II.
Fig.1
Fonte: Clássicos da literatura Disney, p. 39. v. 34
A segunda história e foco desse
trabalho, foi publicada em 2003, se chama “O Caminho das Indias” e teve como
escritor do roteiro, Giorgio Pezzin e como ilustrador, Paolo Mottura. A
história é situada no Reino de Fernando de Aragão e Isabel de Castela, no ano
de 1492, mais especificadamente, em uma pousada na estrada de Palos (importante
porto da época e pelo qual Colombo teria desancorado). Assim, de forma
misteriosa, um rapaz (Colombo) teria pedido um quarto e Mickey que lavava
louças no local teria ouvido os comentários de quem havia presenciado a entrada
do navegador. Esse, acreditava que a Terra era redonda e, portanto, queria chegar
ás Índias pelo Ocidente. Cheios de dúvidas sobre as teorias, Mestre Alonso
(dono do estabelecimento) e Mickey comentam sobre o navegador ter inimigos na
Corte e, então, terem que guardar segredo.
Fig. 2
Fonte: Clássicos da literatura Disney, p. 42, v. 34.
Ademais, naquela noite que Mickey tinha
ficado até tarde esfregando o chão, dois homens armados entram em ação e Mickey
acaba conseguindo avisar a tempo dos capatazes fazerem qualquer mal ao
navegador hospedado. Assim, dois dias após esse acontecido, as três embarcações
lideradas por Colombo partem. Mickey ficou na Nina tendo que lavar o convés a
pedido do “falastrão” Contramestre Bafón (Bafo de Onça, famoso inimigo de
Mickey nas histórias clássicas). Dentro da embarcação, Mickey conhece Sancho
Hernandez (navegador Francisco Hernández de Córdova), no qual este contou para o personagem sobre o navegador
Cristóvão Colombo, o caminho para as Índias sem precisar “pedágio” e ainda a
importância das sedas e especiarias, essas para dar sabor à comida e conservar
a carne.
Fig. 3
Fonte: Clássicos da literatura Disney, p. 51, v. 34.
Após a conversa com Sancho, Mickey não
consegue dormir pensando nas possibilidades que aquela viagem o traria.
“Fizeram uma escala” nas Ilhas Canarias e depois disso o oceano a frente.
Cansados de tanto navegar, Bifón já estava querendo voltar. Então, Colombo
decide dar um prêmio de 10 mil meravedis (antiga moeda espanhola) para quem
avistasse terra. Mickey logo após um conflito com o “vilão”, acaba declarando
“Terra à vista”. Desembarcando de forma pacífica, é apresentada a famosa
questão da troca de espelho por ouro entre nativo e europeu. Bifón tenta tirar
mérito da situação, procurando mais ouro.
Fig. 4 e Fig.5
Fonte: Clássicos da literatura Disney, p. 58-9, v. 34.
Mickey viu que o carrasco estava
querendo se aproveitar e foi atrás para impedi-lo, porém foi pego e amarrado a
um tronco próximo a maré que estava a subir, até que um nativo, Patet (Pateta)
aparece e o salva. Patet comenta que não salvou a cabana dos amigos dele que
foi destruída, uma vez que Bifón queria as “pedras amarelas” (ouro), mas o
personagem o mandou para a área dos “mil beliscões” (vespeiro gigante). Patet,
em seguida, leva Mickey para a aldeia dele, no qual a decisão das pessoas
aportadas serem inimigos ou amigos é colocada em questão, segundo as
possibilidades daqueles estrangeiros em fazer grande canoa, por exemplo.
O líder toma a decisão de considera-los
como inimigos e Patet não concorda com a atitude “selvagem”, indo emburrado
para o seu quarto com Mickey. Assim, inúmeros guerreiros começam a atirar
flechas nos personagens que saem correndo e encontram as embarcações espanholas
que já estão voltando para a Europa. Os dois nadam até as embarcações para
seguir viagem.
No início de 1493, a expedição, então
retorna a Espanha, sem ter encontrado as tais especiarias, o que deixa alguns
desconfiados e Mickey pensa na decepção de Minnie. Logo, Colombo cumpre seu
acordo e entrega a Mickey os 10 mil maravedis de ouro por ter avistado a terra
e este compra uma fazenda. Patet mostra que trouxe uma espiga de milho e eles
começam a cultivar aquele vegetal. Ao final da história, parece que todos
gostavam daquela planta cultivada e Mickey vê Patet esculpindo uma peça de ouro,
dizendo ter visto algo parecido com aquilo na terra dos astecas, lugar onde tem
muito mais daquilo (esculturas em ouro). Patet, então diz que o levará lá na
próxima vez e que Mickey ficará rico, mas o personagem logo refuta e diz que a
riqueza que precisava já havia encontrado.
Fig. 6
Fonte: Clássicos da literatura Disney, p. 73, v. 34.
A seguir, um plano de aula produzido
como possibilidade de HQ no ensino de História da América Colonial:
Plano de aula
Aulas: 3 aulas (50 minutos cada).
Estudantes: Ensino
Fundamental II.
Objetivos:
- Apresentar
por meio de uma HQ, o período da Conquista da América, bem como as
questões que a circundam.
- Compreender
os conceitos e problematizações feitas pela historiografia sobre a
Descoberta/Conquista/Invasão da América e o período colonial
- Ter
fundamentos imagéticos básicos sobre o vestuário, sobre a ambientação,
condições de trabalho, embarcações, cidades astecas, etc.
- Possibilitar
a desconstrução do período entre Grandes Navegações e Conquista da
América
Metodologia:
- Contextualização sobre HQ
- Leitura de HQ
- Interpretação imagética
- Discussão
- Produção de HQ (História em Quadrinhos).
Recursos:
- Datashow
(celular, se for disponibilizado pelo celular).
- Papel, lápis, lápis de colorir, canetas,
fita adesiva e barbante.
Sequencia didática:
Aula 1:
·
Contextualização sobre HQ e sobre
Disney
Aula 2:
·
Observação das imagens/desenhos:
Ambiente, vestimentas, condições de trabalho, porto, embarcações, chegada na
América, nativos e suas roupas, cidade, escultura em ouro, milho.
·
Discussão e problematização:
Cristóvão Colombo, terra redonda, Tratado com a Rainha Isabel, especiarias,
seda, amigo ou inimigo, Marco Polo, pacíficos, espelho, ouro, flechas,
tranquilidade na Europa.
Aula 3:
·
Produção: Pode ser individual, dupla
ou trio, com a ajuda, se possível, da professora de Português e Arte sobre os
seguintes temas: a) Desconstrução da visão romantizada/heroica da Europa e
navegações ou a História da América pelo viés dos nativos.
Avaliação:
- Atenção
na leitura da HQ e interação nas discussões
- Produção
de HQs entre os temas propostos
- Apresentação de HQs para a turma
Tabela 1: Plano de Aula
Fonte: Elaborada pelo autor, 2019.
Demais histórias da HQ “A Descoberta da América”
A
primeira história foi produzida em 2006 e se chama “Mickey e a Quarta
Caravela”, inédita no Brasil conta a história do Mickey que no presente indo
fazer uma viagem para pescar com seu amigo Horácio é surpreendido pelos
professores Zapotec e Marlin. Estes após encontrar um desenho numa garrafa com
quatro embarcações de Colombo do dia 13 de agosto de 1492, entregam a ambos a
missão de voltar no tempo através de uma máquina e rever o que aconteceu nesse
caminho, uma vez que “todos falam” que o navegador partiu em três navios (Santa
Maria, Pinta e Nina), e no dia 3 de agosto.
A
terceira história foi produzida em 1995 e se chama “A Verdadeira História do
Descobrimento da América”. De forma interessante que a história tendo uma
protagonista feminina, Margherita (a pata Margarida) se desenrolará de como
ela, Donaldo (Pato Donald) e Cristóvão Colombo a partir dos sonhos da infância,
cresceram e Margherita e Donaldo, se tornarão noivos, porém miseráveis.
Contudo, o projeto dela de navegar através do Ocidente e encontrar um novo
caminho para as Índias, fará ser humilhada pela corte de Genova, mas apoiada
pela Rainha Isabel da Espanha, esta vista como “benevolente”. Entretanto, no
dia da viagem, algumas coisas dão errado, ao que Colombo viaja primeiro com as
embarcações concedidas, voando longe (como colomba em espanhol significa pombo)
e Donaldo, acaba pagando o pato.
A
quarta e última história foi produzida em 2004 e se chama “Os Homens do Norte”.
A história remonta ao ano de 1000 d.C na costa da Bretanha quando Mickey, um
ilustrador de miniaturas, acaba tendo a terra invadida por navios noruegueses.
Em um primeiro ficarão todos com muito medo, mas depois perceberam se tratar de
homens pacíficos. Levado como meio de ajudar Patetik (Pateta), herdeiro do rei
Thorwald, e para ilustrar histórias, o personagem na trama que contará com
tanto na aldeia viking, quanto no mar, processo pelo qual quase farão descobrir
a América através do Canadá.
Conclusão
Em tese, pelo que haja visto, as histórias em quadrinhos podem ser utilizadas pelos educadores como uma metodologia acessível e de profunda fonte de conhecimento, isso, é claro, quando possível. Tanto as pesquisas quanto a publicações destas no mercado fazem parte de um crescente processo que viabilizará e legitimará ainda mais a arte sequencial como um produto da cultura humana. As HQs em si, podem ser uma forma interessante de entrar em contato com a realidade de outros países e a própria do Brasil de maneira que supere a História única e abra espaço para outros sujeitos que não apenas os dominantes.
Em tese, pelo que haja visto, as histórias em quadrinhos podem ser utilizadas pelos educadores como uma metodologia acessível e de profunda fonte de conhecimento, isso, é claro, quando possível. Tanto as pesquisas quanto a publicações destas no mercado fazem parte de um crescente processo que viabilizará e legitimará ainda mais a arte sequencial como um produto da cultura humana. As HQs em si, podem ser uma forma interessante de entrar em contato com a realidade de outros países e a própria do Brasil de maneira que supere a História única e abra espaço para outros sujeitos que não apenas os dominantes.
Trazer
para as aulas/discussões a realidade do estudante, assim como estimulava Paulo
Freire, e além, que trabalhe com o lúdico faz com que haja uma aproximação com
a disciplina História ao invés de vê-la como inimiga no processo educativo. Como
mecanismo pedagógico, os quadrinhos podem ser utilizados em uma perspectiva
transdisciplinar, como por exemplo traçar uma análise transversal que envolva o
professor de História, Artes, Língua Portuguesa, Geografia e em alguns casos, Ciências
e Língua Estrangeira é uma possibilidade também. É, portanto, “graças a seu
caráter lúdico e formas simples de se comunicar, os quadrinhos conquistaram
posição de prestígio na construção dos saberes. ” (PALHARES, 2008, p.12).
Referências
Referências
Mateus Delalibera: Discente do curso de
licenciatura em História (4º período) pela UFTM (Universidade Federal do
Triângulo Mineiro). Membro do grupo de extensão JADEH (Jogos de Aprendizagem
Dinâmica no Ensino de História), bolsista pelo PIBID e voluntário de IC (Iniciação
Científica).
DISNEY, W. Clássicos
da literatura Disney. São Paulo: Editora Abril, 2011. v. 34.
FERNANDES, Luís Estevam; MORAES, Marcus
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reimpressão. – São Paulo: Contexto, 2016.
HERSKOVIC, Chantal. INTERMIDIALIDADE NOS QUADRINHOS ITALIANOS DISNEY.
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PALHARES, Marjory Cristiane. História
em Quadrinhos: Uma Ferramenta Pedagógica para o Ensino de História. Disponível
em: < http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2262-8.pdf>
Acesso em: 21 de fevereiro de 2019
Saudações Mateus Delalibera.
ResponderExcluirPrimeiramente quero parabenizá-lo pelo texto e pela oportunidade de acessá-lo neste espaço privilegiado. Preciso dizer que, até o momento, desconhecia esta publicação específica, seu texto já ampliou meu conhecimento relativo aos quadrinhos com temáticas históricas, uma temática que vem ocupando meu estudos e leituras. Numa oportunidade de sala de aula tive a experiência de disponibilizar uma atividade com os quadrinhos da coleção "Pateta faz História". Neste sentido, te pergunto se você enfrentou algum tipo de resistência (oriundo dos estudantes, colegas professores, pais etc.) sobre o uso de obras da Disney como instrumento de ensino? Este foi um dos embates que tive ao levar tais quadrinhos para sala de aula. Alegavam que não seriam instrumentos de ensino e sim um material para momentos de lazer. Desde já agradeço pela atenção e desejo-lhe sucesso! Atenciosamente Fabian Filatow.
Saudações, Fabian Filatow.
ExcluirQuem agradece sou eu de poder fazer esse diálogo e troca de conhecimentos com profissionais ou estudantes da área. Fico feliz de poder ter sido uma “janela” para essa metodologia de ensino que muito tem a contribuir para a História. De antemão, eu preciso te falar que ainda não tive experiência própria dentro de sala com essa metodologia, sou estudante do curso de licenciatura e por isso não tive ainda resistência. Porém esse artigo foi construído a partir de dois trabalhos de professores da minha universidade e, portanto, eles já afirmam que é uma boa alternativa de ensino-aprendizagem para estudantes e mesmo dentro da academia já é bem vista, mesmo fazendo parte de uma discussão um tanto quanto recente. Perceba que os autores que me baseei são bem recentes e portanto, quebram com uma perspectiva tradicional de ensino que agrada mais as crianças e as vezes, pode desagradar pais, professores, diretores que viveram em outras épocas, com outras metodologias e precisam compreender que o ensino precisa mudar de acordo com a geração, sua demanda e necessidade. Por isso, recomendo, que recomende leitura de artigos, livros e demais produções sobre o ensino na contemporaneidade, não deixando de lado certas produções importantes mais recuadas.
Obrigado, desejo sucesso igualmente!
Mateus Delalibera
Parabéns pela comunicação, Matheus!
ResponderExcluirA História da América Colonial merece atenção em sua dimensão de prática de ensino. Você trouxe com maestria essa contribuição, uma sequência didática que contempla uma contextualização do objeto de aprendizagem e da historiografia sobre a chegada de Colombo à América, e por fim, a produção crítica dos alunos. Minha pergunta seria focada na segunda etapa. Como seria a condução dessa discussão e problematização sobre a historiografia? Que autores seriam utilizados?
Abraços cordiais,
ILANA PELICIARI ROCHA
Obrigado, Professora Ilana!
ExcluirEm primeiro lugar, devo a oportunidade dessa comunicação pela senhora, em suas aulas pude obter conhecimento mais aprofundado da temática, América Colonial, e elaborado, inclusive, um material didático. Também é de grande apreço, às aulas do professor Marcelo, de Brasil Colonial, e o uso de gibis, hqs no ensino de História.
Assim, diante da questão proposta, pensaria em um plano em que haveria uma exposição/apresentação, em Power Point, do livro “O Ofício do Historiador”, de Marc Bloch, comentando sobre História, historiografia e fonte.
Em seguida, o livro do historiador mexicano, Edmundo O’Gorman, “A Invenção da América”, sintetizando a ideia do autor em que se propõe analisar as teses sobre a América e uma discussão a respeito do olhar da Europa sobre o Novo Mundo e as implicações disso.
Por fim, também apresentaria o livro clássico de Tzvetan Todorov, “A Conquista da América”, dando ênfase no que o linguista discorrerá sobre a comunicação para a conquista sob o signo do divino, a relação do Eu e do Outro e o genocídio indígena.
Uma outra sugestão seria digitalizar e fazer a leitura do livro “A História da América através de textos”, do historiador brasileiro, Jaime Pinsky e basear discussões em torno dessas leituras.
Dessa forma, com autores fundamentais, a construção de um plano de aula voltado para um olhar crítico sobre a Conquista/Descoberta da América seria um que envolveria os estudantes na própria historiografia e produções do tema, além de propor uma discussão para que apresentem o que entenderam do assunto.
Abraços também cordiais!
MATEUS DELALIBERA
Gostei muito da sua comunicação, do diálogo estabelecido e dos planos de aula que auxiliam no uso prático dos HQs em sala de aula. Perguntou se tem algum HQs que possa sugerir para trabalhar sobre a presença de distintos grupos humanos na América antes da chegada dos europeus?
ResponderExcluirClarice Bianchezzi
Muitíssimo obrigado, Clarice. Então, eu não conheço nenhuma HQ que trate dos nativos antes dos europeus, porém existem dois gibis que versam sobre a questão indígena no Brasil e a relação com os europeus. O primeiro é intitulado “Hans Staden – Um Aventureiro no Novo Mundo”, do Jô Oliveira, inspirado no livro "Duas Viagens ao Brasil"” do próprio Staden. O outro é “Os Brasileiros”, do André Toral, e acredito que ambas as obras dariam ótimos planos de aula para o ensino de História.
ExcluirMATEUS DELALIBERA