Eder Wilker Soares dos Santos


ALIENAÇÃO: REDES SOCIAIS E A CULTURA DO VAZIO



A modernidade trouxe múltiplos avanços e inovações tecnológicas com o escopo de aperfeiçoar e facilitar a espécie humana. Entretanto, a evolução da ciência e a globalização somada à alienação, originaram novas maneiras para a utilização dos avanços tecnológicos.
A alienação foi utilizada primeiramente por Hegel (1770-1830), um filósofo alemão, e conforme ele, a alienação do espírito humano está atrelada com as potencialidades dos seres e dos objetos que ele cria. Dessa forma, como o próprio indivíduo criou a tecnologia, ele está possivelmente passível da alienação pela própria.
A inclusão digital, especificamente no Brasil, passou a representar 57,5% da população brasileira conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com a inclusão digital veio às redes sociais que crescem a cada ano, pois além de promover a interatividade social, promove o lazer, e, consequentemente, pela facilidade do seu uso pelo celular, uma quantidade exacerbada de usuários que nem sempre a utilizam com consciência. A utilização nem sempre é para fins que ajude a progressão do ser, como meios acadêmicos ou pesquisas de cunho cultural, científico.
A tecnologia trouxe junto ao uso das redes sociais a inovação que não se restringe mais ao relacionamento e comunicação, mas também é um canal de pesquisa e informações. Com base nisso, verifica-se a importância em falar sobre o assunto e verificar se o seu uso está utilizado de uma maneira correta e tocando em pontos importantes como o uso exacerbado da internet e o cyberbullying.

Alienação
Os humanos não se distinguem como fabricantes das instituições sociopolíticas e variam entre aceitar passivamente tudo o que existe e se rebelar particularmente, estes fatos se devem ou por ser apresentado tudo como natural, divino ou lógico, ou por ponderar que, por sua própria ambição e esperteza, podem ir além do que a realidade os proporciona. Em ambos os casos, a sociedade é o outro (alienus), algo exterior ao ser, distinto do ser e com total ou nenhum poder sobre o indivíduo (CHAUÍ, 2000).
Conforme Hegel (1995), a alienação é um método essencial pelo qual a consciência repleta de ingenuidade, persuadida de que a realidade do mundo é autônoma dela mesma, chega a tornar-se sua própria consciência. Essa mutação da consciência em consciência de si é conceituada na Phänomenologie des Geistes (1807). Para Hegel (1995), a detenção de si mesmo fica dependente da destruição do outro, que possui a verdade e o absoluto. Assim, a alienação é, portanto, além de densa, necessariamente própria e primordial, o ser de cada sujeito não convive em si próprio, e sim, em seu adverso, no qual corre perigo de se dissolver.
Conforme Marx (1988), a alienação é uma circunstância resultante dos fatores materiais dominadores da sociedade caracterizada por ele, especialmente, no sistema capitalista, em que os afazeres humanos se acionam de modo a fazer materiais que imediatamente são separados dos interesses e da aquisição de quem os produziu, para se transformar em mercadorias, ou seja, o estranhamento que o proletário tem com o produto que produz. Desta forma, pode-se dizer que a alienação é estar desatento aos acontecimentos sociais, ou, quando o indivíduo acha que algo está fora de sua realidade.

Rede social
As redes sociais são empregadas essencialmente para aglomerar um grupo de pessoas com interesses comuns, esse intercâmbio permite a permuta dos mais distintos tipos de conteúdos, como textos, áudios, vídeos, entre outros materiais multimídia. O conceito de rede social é amplo também no sentido de que o que está a ser ligado são pessoas e organizações (Jordan e tal., 2003).
 Este fato torna esses sites muito atrativos no decorrer do dia-a-dia, pela facilidade ao acesso de variadas plataformas com um clique e pela facilidade na comunicação, entretanto o seu uso desmedido pode acarretar não apenas o arrefecimento da produtividade como a alienação aos acontecimentos que ocorrem no país, pois o usuário sempre receberá opiniões já formadas, impossibilitando uma análise mais sólida sobre o episódio de maneira única e imparcial.

Cultura do vazio
Para Durkheim (2008) as normas sociais se relacionam à cultura, visto que a constituição do ser social é cometida em boa parte pela educação. É a absorção do indivíduo de diversas normas e princípios morais, religiosos, éticos ou de conduta, que limita o comportamento do sujeito em seu determinado grupo. O homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela.
A cultura tem papel essencial em fazer o homem se distinguir, se posicionar e se estimar dentro da sociedade. Dessa forma, a identidade cultural é identificação de um grupo ou de um indivíduo, na maneira em que ele é influenciado pela sua atribuição a este grupo ou cultura. Antigamente as identidades eram mantidas devido à falta de contato com culturas distintas. Todavia, com a globalização isso foi modificado, pois fez as pessoas terem interação entre si e com o mundo ao seu redor. Um sujeito que nasce em um ambiente absorve todas as características deste, entretanto, se ele for submetido a uma cultura distinta por muito tempo, ele contrairá características deste novo ambiente ao qual pertence.
No século XVIII a cultura era medida pelo grau de civilização de uma sociedade, segundo Chauí (2008). Cuche (2002) completa o raciocínio afirmando que ela era considerada um processo que tira a humanidade da ignorância e da irracionalidade. Já no século XIX o termo “cultura” tinha um uso elitista, de acordo com Thompson (1999), pois era utilizado para reverenciar a nobreza intelectual europeia. Assim, o etnocentrismo fez a reunião das múltiplas culturas existentes na Europa, surgindo pela primeira vez, a utilização do termo "cultura" como conotação de diversidade. O fim do etnocentrismo ocorreu apenas no século XX com o surgimento da antropologia social e da antropologia política. Assim, Chauí (2008) afirma que os europeus englobaram os conceitos dos filósofos alemães, que consideram o homem como agente cultural.
Chauí (2008) indaga que o capitalismo global constituiu uma divisão cultural fomentada pelas relações de poder entre cultura dominante e dominada, opressora e oprimida, de elite e popular, formal – ou letrada – e popular – aquela que é produzida espontaneamente. Todo bem cultural é, então, seguido por um comércio. A era pós-moderna, com toda a sua evolução, trouxe o consumismo exagerado, e, consequentemente, a alienação, e como seu fruto, essa era é identificada como a do vazio e da imagem. Segundo Lipovetzky (1983) esse momento é caracterizado pelo individualismo e amor por si próprio - cujo prazer é o bem supremo e personalizado; pela indiferença ao próximo; pelo encanto generalizado. A verdade não é questionada, a violência social é banalizada, a insignificância prossegue. O imediatismo toma conta da sociedade, tudo tem que ser na hora, os indivíduos não podem mais esperar.
Lipovetzky (1983) também discorre que a era pós-moderna, leva a uma perpetuação do vazio e da degradação mental. A essência é consumida. Na era do consumo de massas, quando se dão mais valor a individualidade e permissividade, testemunhamos ao entusiasmo da sociedade e dos costumes na oposição das requisições para a estruturação do pensar. Um ser humano experimenta um vazio existencial quando não encontra sentido na sua vida. Deste modo, sente-se alienado e busca outras formas de preencher esse vazio, e na maioria das vezes o "vazio" é preenchido com mais "vazio".  Os usos destrutivos da televisão e do computador surgem como ponto principal desse momento em que a realidade virtual substitui a realidade real, e, é o combustível para a cultura do "vazio" ser disseminada, visto que o mundo virtual engloba várias linguagens e pessoas.
O vazio pode ser considerado aquilo que não é arte, pois sem a cultura, a arte não existiria. E, portanto, dizer que ela é irrelevante é ignorar o significado que ela possui no público que a usufrui. Porém, não existem culturas melhores que as outras e sim culturas diferentes. Dessa forma, conforme Coli (2006), a arte também tem seus pontos de vistas diferentes, de acordo com a região, o país, o seu circulo social, entre outros.

“Podemos dizer também que a arte, em certos casos, torna-se insígnia de uma 'superioridade' que um grupo determinado confere a si mesmo. Interessar-se pela arte significa ser mais 'culto', ter espírito 'mais elevado', ser diferente, melhor que o comum dos mortais.” (COLI, 2006, p. 105)

Diante o exposto, a cultura do vazio, no caso, é aquela cultura que não é arte, que não é usada para reflexão e aprimoramento do intelecto, é aquilo que o indivíduo faz por alienação ou ideologia. É fazer por fazer. É a consequência dos seus atos atrelados ao consumismo e ao uso abusivo da era tecnológica.

Dentre as ferramentas mais utilizadas na internet podemos destacar as redes sociais, uma das febres desses derradeiros anos, que sempre se remodela, admitindo cada vez mais interatividade entre seus internautas. Percebe-se à proporção que a alienação pode chegar quando a frase “tira foto no espelho pra postar no Facebook”, retirada de uma música de cultura de massa, sai do campo musical e se torna legenda de fotos e tendência entre os usuários das redes. Ou seja, a cultura de massa dita à moda e as regras do meio social, e ser “digitalmente incluso”, nem sempre pode significar “ter o acesso à internet” por si só.
Não é intuito deste projeto recusar a revolução tecnológica, ou coibir quem utiliza a internet ou redes sociais para o lazer. E, muito menos, julgar a cultura de massa, visto que não existe hierarquia cultural, toda cultura tem o seu valor. Mas sim, demonstrar os contras no uso indevido e exagerado dessas redes.
A alienação não está só presente em assistir vídeos engraçados, disseminar notícias falsas ou procurar por “virais”, esses - entre outros, são mecanismos utilizados pelas redes sociais para te motivar a consumir. Este seria o anzol para fisgar sua atenção, e nas entrelinhas ter uma propaganda que te motive a comprar algo. Pereira (2013)  disserta que a internet foi a mídia com maior expansão em 2012, quando ampliou para 18% sua participação no mercado global da publicidade – ocasionada, sobretudo, pelas redes sociais e anúncios nos vídeos on-line. Agora, em 2017, provavelmente o percentual é muito maior.
A alienação surge a partir do momento que o sujeito fica apático aos acontecimentos da sociedade em que ele vive, pois, as redes sociais em geral não possuem caráter informativo, a fim de mostras as notícias, como os jornais, informativos, ou sites especializados. A partir do momento que o que quem utiliza a rede social tem como fonte de informações, apenas, o difundido por outros usuários, este fica refém de opiniões já estabelecidas a partir de diferentes óticas sobre determinado fato, ou seja, a notícia, muitas vezes, vem sem a coesão necessária que permita a constituição de uma opinião própria, transformando na maioria das vezes o internauta em alguém que pensa pelos outros e não por si.
A utilização das redes sociais está empiricamente vinculada ao uso do celular. A facilidade da qual as mensagens são enviadas e recebidas e o uso dos aplicativos, tudo em um micro aparelho, acaba tornando a banalização tecnológica ainda maior. Com a chegada da inclusão digital no Brasil, grande parcela da população passou a ter acesso à internet e, por conseguinte, a suas diversificadas ferramentas. Dados do IBGE (2014) mostram que aproximadamente 78% da população brasileira possui celular. E, segundo dados da GlobalWebIndex (2015) o Brasil é o terceiro país do mundo que fica mais tempo on-line no celular, o que comprova esta disseminação do uso exagerado tecnológico.
 Outro ponto importante é o cyberbullying que “envolve o uso de tecnologias da informação e da comunicação com a finalidade de legitimar comportamentos hostis, deliberados e repetidos, produzidos individualmente ou em grupos para causar danos a outros” (BILL BELSEY apud LOPES NETO, 2008, p. 6). Segundo Fante e Pedra (2008), o cyberbullying é uma configuração virtual de bullying, que preocupa pais, especialistas e educadores, porquanto ele tem um amplo efeito multiplicador da aflição das vítimas. O número de denúncias de pessoas que sofreram o chamado cyberbullying, que consiste nessa intimidação e/ou discriminação disseminada pela Internet, cresceu significativamente, como aponta a SaferNet. Em 2016, a organização registrou 312 denúncias de casos de cyberbullying no país, bem mais do que os 265 casos que foram armazenados em 2015. As mulheres foram maioria entre as vítimas dos casos de cyberbullying, replicando por 202 denúncias, equivalente a 65% do total. Esse fato se deve a disseminação de fotos íntimas divulgadas na rede por parceiros sexuais.
Diante das informações fica exposto que a utilização das redes sociais não é somente divertida como também necessária atualmente, porém ficar condicionado apenas a estas como fonte de informações pode danificar a capacidade de correlacionar os fatos de acordo com a visão de sociedade do indivíduo. É necessário manter uma utilização saudável desses instrumentos, alternando horários de lazer com o do trabalho, buscar conhecimento através de outras fontes, como livros, jornais e revistas, a fim de adquirir distintas visões sobre os fatos que circulam na internet. Também é necessário utilizar o bom senso durante o uso para não denegrir a imagem de outros, ou atacar pessoas de forma desnecessária. Utilizar a rede para lazer é viável, desde que feito de forma saudável. Desta forma, tentar ser menos alienado e converter o “vazio” recomendado pela utilização exagerada das redes em informações úteis e precisas.
A alienação pode se fazer presente em todas as atividades triviais e nem sempre pode ser perceptível. É importante perceber que o uso exagerado da tecnologia pode acometer o indivíduo ao consumismo e a tentativa de se inserir num grupo pode alienar suas atitudes.

Referências
Eder Wilker Soares dos Santos é aluno de História na Faculdade do Oeste Paulista (UNOESTE). Graduado em Gestão de Recursos Humanos e pós-graduado na área da Psicologia Comportamental Organizacional – Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas.

CHAUÍ, M. Cultura e Democracia. In: Coleção Cultura é o quê? Egba – Secretaria deEstado da Cultura da Bahia, Salvador, 2008.
CUCHE, D. Gênese social do termo e da ideia de cultura. In:A noção de cultura nas ciênciassociais. 2a. Ed. (trad. Viviane Ribeiro). Bauru: EDUSC, 2002, p. 9-31.
DURKHEIM, É. As formas element ares da vida religiosa. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
FANTE, C.; PEDRA, J. A. Bullying escolar: Perguntas e respostas. Porto Alegre: Artmed, 2008.
GlobalWebIndex. Fast-growth nations clock up the most hours for mobile web usage. 2015. Disponível em: https://blog.globalwebindex.net/chart-of-the-day/fast-growth-nations-clock-up-the-most-hours-for-mobile-web-usage/ Acesso em: 01/dez/2017.
Goldenberg, M. A arte de pesquisar - como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. R.J.- S.P.: Ed. Record, 1997.
HEGEL, G. W. F. Enciclopédia das ciências filosóficas II - Filosofia da natureza. São Paulo: Edições Loyola, 1995.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Acesso à internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv99054.pdf Acesso em 28/nov/2017.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios: síntese de indicadores. 2014. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94935.pdf . Acesso em: 01/dez/2017.
Jordan, K.; Hauser, J. e Foster, S. The Augmented Social Network. FirstMonday, 2003.
LIPOVETZKY, G. (1983) La era del vacio. Barcelona: Anagrama, 1994.
COLI, J. O que é arte. São Paulo: Brasiliense, 2006.
LOPES NETO, A. A. Um antigo problema, uma nova visão. Revista de Pediatria, v. 9(1) p. 5-7, jan./jun. 2008. Disponível em: http://www.socep.org.br/rped/pdf/9.1%20Editorial%20-%20Um%20antigo%20problema,%20uma%20nova%20vis%C3%A3o.pdf. Acesso em: 30/dez/2017.
MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos e outros textos escolhidos. 4. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1987, 1988.
PEREIRA, J. A. G. Internet reforça consumismo. Abril, 2013, pág. 22. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/pagina22/article/viewFile/27691/26566. Acesso em: 01/dez/2017.
THOMPSON, J. Ideologia e Cultura moderna. Petrópolis: Vozes, 1999.
VERGARA, S. C. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009.


37 comentários:

  1. Olá! Interessante artigo. bem sei que trata da alienação e a cultura do vazio, principalmente nas redes sociais, mas como cita os “Manuscritos” de Marx e lá está contido, em essência, o seu conceito de emancipação social, em perspectiva mais otimista, de que forma o uso da tecnologia e das redes sociais poderá contribuir para a plena realização das pessoas?
    Agradecido.
    Manoel Adir Kischener

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    1. Manoel, particularmente creio que esta tudo ai disponível: sites com conteúdos relevantes, o google acadêmico, bibliotecas online, atualmente é ate possível fazer visitas à museus. Mas as pessoas não se interessam, pois falta essa noção de uma utilização eficaz na rede virtual. Apesar da acessibilidade e da facilidade, as pessoas se atentam a outras coisas mais triviais, como o entretenimento, pois estão condicionadas a isto pela própria alienação e consumismo que permeia a sociedade.

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    2. Manoel Adir Kischener

      Não acredita. Muito agradecido! Sucesso nesta nossa jornada!

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  2. Eder, parabéns pelo trabalho. O texto traz informações relevantes e nos leva a reflexões atuais que podem esclarecer diversas questões contemporâneas, em que a cultura de massa dita as regras sociais e no leva a alienação.
    O modo de produção no qual vivemos também leva ao consumo de informações promotoras de alienação e rearranjos da cultura de massa. Diante disso, qual a crítica que você faria à mídia televisiva no contexto atual brasileiro?

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  3. Eder, parabéns pelo trabalho. O texto traz informações relevantes e nos leva a reflexões atuais que podem esclarecer diversas questões contemporâneas, em que a cultura de massa dita as regras sociais e no leva a alienação.
    O modo de produção no qual vivemos também leva ao consumo de informações promotoras de alienação e rearranjos da cultura de massa. Diante disso, qual a crítica que você faria à mídia televisiva no contexto atual brasileiro?
    Lúcia Dias da Silva Guerra

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    1. Lúcia, a mídia televisiva dita suas próprias regras. Numa linha tênue entre ser tendenciosa e ser omissa, mas como Adorno e Horkheimar dizem “a televisão visa uma síntese do radio e do cinema, que é retardada enquanto os interessados não se põem de acordo, mas cujas possibilidades ilimitadas prometem aumentar o empobrecimento dos materiais estéticos a tal ponto que a identidade mal disfarçada dos produtos da indústria cultural pode vir a triunfar abertamente já amanha”. Diante desse posicionamento, fica exposto que a televisão é um meio de alienar as massas e influenciar no pensamento do individuo. Particularmente, não acredito em mídia imparcial. Sempre é tendenciosa a seus próprios interesses e por isso é importante o discernimento de quem a consome.

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  4. Olá, lhe parabenizo pelo ótimo e interessante trabalho. Além da alienação por meio das redes sociais, você pode citar outras influências que nos fazem tornar pessoas alienadas, e além disso, quais os impactos no desenvolvimento psicológico de um indivíduo?
    Grato.
    Fábio Dias Bertoco Júnior.

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    1. Fábio, Adorno e Horkheimer em 1947 diziam que “atualmente, a atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural não precisa ser reduzida a mecanismos psicológicos. Os próprios produtos – e entre eles em primeiro lugar o mais característico, o filme sonoro – paralisam essas capacidades em virtude de sua própria constituição objetiva. São feitos de tal forma que sua apreensão adequada exige, é verdade, presteza, dom de observação, conhecimento específicos, mas também de tal sorte que proíbem a atividade intelectual do espectador, se ele não quiser perder os fatos que desfilam velozmente diante de seus olhos.” Ou seja, naquela época não tinha a tecnologia disponível atualmente, como a internet que é mais usada pelas massas, mas fica exposto que ate mesmo o consumidor cultural esta passível a alienação. Um filme, uma musica, uma obra de arte, ou ate mesmo uma charge, pode conter um conteúdo que leva o observador a esta alienação. Quanto ao desenvolvimento psicológico, Adorno e Horkheimer dizem que a paranoia, é uma falta de coerência do pensamento e isto ocorre devido a alienação. Essa paranoia impede a pessoa de refletir, compreender e se posicionar como uma pessoa e como sociedade. Além disto, tira a capacidade de discernimento, pois afeta a formação do aparelho sensorial humano.

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  5. Olá! parabéns pelo trabalho. Éder levanto uma questão: Será que a alienação como você apontou no trabalho seria fruto da utilização desmedida da internet e das redes, ou apenas as redes e internet expõem o que antes não era tão perceptível pela falta de canais.

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    1. André, com certeza as redes e internet expõem o que antes não era não perceptível pela falta de canais. Na história temos vários casos de propagação de alienação através de meios de comunicação em massa. Nesta geração, a internet é usada para tal. Mas isso ocorre faz muito tempo. Usando como exemplo o Plano Cohen, que nada mais foi que uma “fake news” propagada pela radio e jornais para combater a “ameaça comunista”, o que levou ao golpe e a ditadura do governo Vargas em 1937. Parece algo bastante atual, se for analisar. Assim, a internet realmente só expõe algo que já existe a muito tempo.

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  8. Texto muito interessante! Apesar de as redes sociais não possuírem um caráter informativo, como você muito bem aponta no texto, elas difundem informações que muitas vezes levam à apatia social. Gostaria de saber se essa apatia também nos leva a desumanização.
    Maria Izeth Braga Beltrão

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    1. Maria, pela ótica marxista, a essência humana originada historicamente, incide, na sociedade capitalista, por um complicado método de desordem do que é o sujeito e o que é o objeto. Adorno diz que a apatia surge nos momentos decisivos da história burguesa, pois torna mais fácil para os privilegiados, em face do sofrimento dos outros, acumular seu capital. Dessa forma, as relações humanas se tornaram compra e venda de força de trabalho e a falta de informação leva o individuo a alienação. Enquanto esta alienação impede a liberdade do individuo em pensar, a consciência de classe não surge, pois as relações sociais ficam materializadas. Dessa forma, o sujeito chega a apatia e falta de autonomia dentro destas relações pessoais e sociais, pois tudo que importa é a relação capitalista. Esta perda de identidade é a própria desumanização em si. Se o mundo esta indo uma droga, tudo bem, desde que ele não seja atingido. A alienação deixa o ser humano egoísta e fechado em seu próprio mundo, enquanto outros estão o comandando sem muitas vezes ele perceber.

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  9. Éder, parabéns pelo trabalho. Ótimo texto para reflexão.
    Sabemos que as redes sociais na atualidade é meio mais fácil de atingir a massa, qualquer noticia que se viriliza vira manchete em todas os meios de comunicação. Na sua opinião, em certo ponto, as redes sociais não acaba estimulando o sentido de pesquisa? Uma vez que, a curiosidade de saber o fato em si não faz o individuo ir atras dos fatos?

    Lilian Abe Gregorio

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    1. Lilian, atualmente iniciei uma pesquisa cientifica a respeito disso. Ate que ponto a indivíduo se preocupa com a verdade atrás da noticia e ate que ponto a massa esta interessada em checar fontes ou estudar mais sobre determinado assunto? Creio que na sociedade efêmera da qual vivemos, o leitor de redes sociais apenas se atenta em ler aquela noticia em segundos (muitas vezes só pela manchete) e já rola a pagina para ler à próxima e assim por diante. Posso estar enganado, isso a minha pesquisa ira dizer, mas creio que poucos se importam em pesquisar sobre. Não é a toa que estamos numa fase de propagação de fake News, cujas muitas pessoas acreditam e compartilham.

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  10. Parabéns Éder pelo artigo. Gostaria de saber se a alienação tratada por você como o indivíduo estar desatento aos acontecimentos sociais, insensível ao mundo que vive, esse conceito não seria o oposto ao indivíduo que pratica a cyberbullying, haja visto que o sujeito percebe e atua sobre o mundo que o rodeia, apesar de explorar uma veia nefasta da tecnologia?
    Obrigado. Marcos Antonio Tavares da Costa.

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    1. Marcos, é interessante seu ponto de vista, mas creio que tudo parte de pressuposto do qual a alienação gera a apatia social que consequentemente desumaniza o ser humano. Essa desumanização leva o individuo cyberbullying. Dessa forma, este percebe e atua sim no ambiente que o rodeia, mas será que este lado nefasto não é desenvolvido justamente pela falta de informação, interesse coletivo ou pelo próprio caráter já moldado por essa sociedade apática capitalista?

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  11. Uma tema muito importante para os dias atuais em tempos de fakenews. Como controlar essa informação num ambiente completamente descontrolado? Seu texto faz uma leitura muito interessante. Parabéns!

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    1. Jaime, é isso que estou tentando compreender com minha pesquisa. Seria possível controlar? Creio que tem que começar pela base, que é a educação. Temos que trabalhar muito para isso.

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  12. Olá, parabéns pelo interessantíssimo artigo, Elder! Na época em que nos encontramos está cada vez mais difícil a comunicação entre as pessoas. À medida que a tecnologia vai avançando a humanidade cada vez mais vai deixando de existir, sendo substituída pela frieza e o desinteresse. Sendo assim, que métodos poderíamos utilizar em sala de aula para atrair a atenção de nossos alunos e incentivar eles a se “conectarem” com o passado através dos livros?

    Milena Gisela Gomes Costa
    milenacosta917@gmail.com

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    1. Milena, não creio que exista uma fórmula para isto. Tem que estimular no aluno a vontade de ler. Pode começar com quadrinhos. Existe uma HQ chamada "Cumbe" que vale a pena conferir e mostrar aos alunos, pois trata a luta dos negros no Brasil colonial contra a escravidão. Paraíso de Zahra e Garra Negra também são boas opções.

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  13. Olá,Eder parabéns pelo trabalho.O problema do cyberbullying nos ambientes educacionais está avolumando. Cada vez mais constata-se exposição dos "colegas alvo" nas redes sociais. Situação de violência que gera vários tipos de sofrimentos.
    Considerando a complexidade do fenômeno (recente entre nós), a dificuldade de encontrar dados sobre a temática ...Como os sistemas de ensino e as pesquisas acadêmicas vem trabalhando no sentido de orientar/propor ações de superação dos problemas inegavelmente ocasionados pelo mau uso das novas tecnologias de rede? Você conhece alguma experiência realizada no espaço escolar visando conscientizar os alunos sobre os danos físicos e morais ocasionados pelas postagens irresponsáveis?
    Grata
    Fátima Ribeiro de Almeida

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    1. Fátima, existem palestras sobre a conscientização e do uso saudável das redes sociais e geralmente cartazes no espaço escolar sobre o cyberbullying. Porém sabemos que é algo que infelizmente está enraizado, então é necessário muita instrução aos alunos, para melhorar esse cenário. Sugiro dinâmicas de grupo, nas quais os alunos tenham que atribuir o que enxerga de melhor em cada colega de classe. Sempre bom exaltar as qualidades de cada um. O mês de setembro também, conhecido por "setembro amarelo", tem debatido muito sobre esses danos físicos e morais. Mas mesmo com essas ações para a melhoria, concordo que ainda falte dados sobre a temática.

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  14. Excelente discussão Eder, nos dias atuais. Me pergunto diariamente e questiono para conhecidos e lhe abro a discussão para o debate: a alienação nos dias atuais a partir das redes sociais, não tem haver com a ideologia do capital?
    João Paulo Danieli

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    1. João, certamente. As redes sociais foram moldadas para isto, tanto que estas redes e sites de busca filtra através de seus servidores o conteúdo do usuário, e este acaba tendo acesso a conteúdos previamente selecionados conforme suas preferências. Isso já da uma ideia de que na verdade estamos mais isolados do que incluídos digitalmente. Todas as redes tem anúncios com coisas ligadas a algo que você já pesquisou, para te induzir a consumir. As redes são um comércio propriamente dito na atualidade. E o "status" almejado pelos usuários da rede e atualmente difundido por youtubers, blogueiras e digitais influencers só propaga mais consumismo, ideologias e alienação.

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  15. Ótima discussão sobre o tema. Gostaria de saber se você teria algo a compartilhar sobre as possibilidades de criar meios para uma conscientização efetiva nesse sentido.
    LAYARA KARUENNY OLIVEIRA SILVA LIMA

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    1. Layara, o meio é a educação e o ensino. Difundir a ideia de alienação, para aumentar a reflexão do indivíduo. Assim, promover debates, reflexões, instigar o aluno a perceber a manipulação da mídia sobre a massa através de charges, textos e filmes. Clube da Luta e Tempos Modernos são filmes clássicos para trabalhar essa visão.

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  16. Belíssimo tema! É possível dizer que a "coisificação" de pessoas, já dizia Dummond é fruto de um capitalismo que só visa o lucro. De que maneira podemos vencer essa alienação que está tão enraizada em Universidades, lugar onde a cultura do ódio e da disseminação de falsas notícias tão duramente são passadas para a frente?

    MARIA GABRIELLA NUNES SOUZA

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    1. Maria, acredito que não existe uma resposta concreta para esta pergunta. É algo que nos instiga a pensar o quão preocupante é a situação acadêmica do nosso país, pois universitários já deveriam ter uma noção básica da alienação e conseguir fazer um discernimento de uma informação que é e não é útil.Mas infelizmente percebemos que na prática isto não acontece assim. Para melhorar isso, tem que começar na base, na escola. Nós, educadores do ensino de História, dar nosso melhor para demonstrar ao aluno ainda na escola a importância de refletir, pensar, questionar, compreender.

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  17. Muito interessante seu ponto de vista e mais interessante é o uso que você fez para demonstrar os malefícios sociais ocasionados pelo mal uso das redes sociais. Minha pergunta para ti é: você acredita que a rede social possa ser usada pelo usuário para se afirmar como ser social e sociável?

    Atenciosamente,
    Rejane Ferreira dos Santos.

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    1. Rejane, creio que a intenção da criação das redes sociais era exatamente esta, a socialização. Um meio mais fácil de se comunicar. Mas o próprio capitalismo e consumismo fez com que perdesse um pouco do seu valor. Tanto que antigamente rede social era tipo uma agenda telefônica, era algo restrito e limitado. Agora virou apenas um catálogo de entretenimento, anúncios e fake news.

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  18. Seu texto é muito instigante. Vivemos imersos nas "redes sociais" e nossos alunos mais ainda. Penso que precisamos ocupar esses espaços, principalmente na desconstrução das chamadas "fake News", ou mesmo dos "youtubers" que acabam apresentando versões inconsistentes da História. Como as temáticas abordadas em seu texto poderiam ser usadas no ensino de História? Poderia relatar alguma prática pedagógica considerando o uso das redes sociais?


    Janaina Jaskiu

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    1. Janaina, tenho a ideia de pegar fake news e questionar aos alunos se é "fato ou boato". Quando boato, explicar o que realmente ocorreu, os forçando a começar a questionar que nem tudo que está na internet é verdade. Também é interessante fazer visitas virtuais a museus.

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