Caroline de Alencar Barbosa


A PROPAGANDA ENQUANTO INSTRUMENTO EDUCATIVO NA PROPAGAÇÃO DO ANTISSEMITISMO NA ALEMANHA DURANTE O GOVERNO DO TERCEIRO REICH (1933-1945)


Durante os anos do Terceiro Reich (1933-1945), a propaganda consistiu em um instrumento essencial para a divulgação da ideologia do Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores (NSDAP), liderado por Adolf Hitler (1889-1945). Com o objetivo central de angariar novos adeptos ao Partido Nazista, diversos recursos foram utilizados. Dentre eles, a imagem foi o instrumento mais notável e eficaz, pois é imediatamente perceptível, atraindo a atenção através das cores, formas, desenhos.

Acompanhada de um slogan, ela pode substituir o texto ou discurso, destacando-se na propaganda nazista pela sua fácil divulgação, pois, além da utilização nos jornais, poderia ser afixada em diversos pontos de circulação da cidade. É um componente de formação de caráter social, que se verifica em qualquer agrupamento humano em qualquer época histórica. Ela não é apenas um meio específico de comunicação, mas desenvolveu-se com um interesse de persuasão, semântica própria e simbologia específica (BARRETO, 2006).

O recurso central deste estudo consiste na imagem, tendo os slogans como subsídios para uma análise mais aprofundada do discurso proferido em relação ao judeu e ao alemão. Através deles identificamos de que forma a propaganda se caracterizou como um dos principais instrumentos de persuasão por parte da máquina propagandística do Terceiro Reich.

Destacamos os estereótipos básicos atribuídos aos judeus (físicos e comportamentais), além das cores e formas identificadas nos cartazes, utilizados como base para esta pesquisa. Sendo assim, produzimos um trabalho que expôs alguns dos principais elementos que compunham a propaganda nazista, formas de divulgação e quais elementos foram usados na elaboração da imagem do judeu “inimigo” em detrimento do “cidadão de bem alemão”.

Devemos levar em consideração que este jornal não era o único meio de divulgação do antissemitismo na Alemanha, contudo “O violento jornal antissemita Der Stürmer, de Julius Streicher, também teve uma contribuição importante, mas sua circulação de 400 mil exemplares era modesta quando comparada às operações conduzidas por Goebbels e Dietrich” (HERF, 2014). Apesar disso, não podemos deixar de lado sua importância de ampliar a difusão das ideias nazistas proferidas nos instrumentos de propaganda.

Contando com fontes que destacam de que maneira o periódico se apresentava à sociedade alemã no período de ascensão e tomada de poder pelo Terceiro Reich, podemos analisar o papel social ao qual ele se propunha- educar as massas através da propaganda, disseminando a imagem do judeu “inimigo” em detrimento do “cidadão de bem alemão”, além de produzir mecanismos que possibilitassem a identificação dos mesmos a partir da criação de estereótipos (físicos e comportamentais).

Essas fontes encontram-se disponíveis em formato digital, com slogans no idioma original (alemão), contando com outra legenda em inglês. Nesse caso, todos os cartazes foram traduzidos a partir do segundo idioma. Entendemos nessas imagens o objetivo central de promover a educação das massas, disseminando a perseguição aos judeus, caracterizando-o a partir de determinismos físicos e comportamentais, com a finalidade de facilitar a identificação dos mesmos dentro da sociedade alemã, além das afirmações de ódio e repúdio, traços do antissemitismo.

A propaganda política

A própria definição do termo propaganda encara algumas dificuldades quando traduzida ao português, o que não ocorre em outros idiomas, pois trazem a distinção clara entre os tipos de comunicação persuasiva. Propaganda se refere à transmissão de ideias, políticas ou religiosas. Já publicidade, à difusão de produtos, serviços ou candidatos políticos. Jean-Marie Domenach em “A Propaganda Política” nos mostra que essa diferença conceitual nos leva a utilizar termos para delimitação do que queremos tratar, ou seja, sempre temos que nos referir a “Propaganda Ideológica ou Propaganda de Publicidade comercial” (DOMENACH, 2001, p. 6).

No sentido do primeiro termo, a função da propaganda ideológica e de convencimento, compreendida através de Abraham Moles, se constrói a partir de diversos elementos que a compõem: a utilização das cores, slogans e imagens que atrairão o público pelo olhar e pela capacidade de persuasão. Portanto, podemos entender como propaganda algo que é visível e tem por função divulgar, seja um objeto material ou uma ideia, produzida através da junção de elementos visuais e linguísticos.

Dessa maneira, o cartaz aparece estabelecendo relações com o meio em que é elaborado e divulgando, criando percepções e interpretações nos indivíduos, “mas, por outro lado, o cartaz constrói reflexos condicionados, slogans e estereótipos que se imprimem na cultura individual, e, por isso, adquirem valor autônomo, independente do seu assunto” (MOLES, 2004, p. 27). Isso ocorre apesar do desgaste ao olhar após um tempo, que promove uma necessidade de renovação constante desse recurso.

Na sociedade urbana percebemos a função do cartaz que, afixado em pontos centrais de circulação de pessoas, promove um direcionamento condicionado do olhar para a imagem e a depender da movimentação no ambiente para o slogan. É comum visualizarmos essa propaganda em meios de transporte, cafés, cinemas, praças e afixados nos muros da cidade.

Com cores chamativas e slogans objetivos a propaganda no faz, mesmo que por uma fração de tempo, atentar para a sua mensagem. Com a repetição de determinada ideia durante vários dias, semanas ou meses acabamos assimilando-a sem sequer perceber. Torna-se um discurso cotidiano, condicionado pela eficácia dos meios de persuasão da propaganda.

Ao trabalhar com as charges dos cartazes tentamos responder a seguinte pergunta: Como interpretar as imagens produzidas no passado? Através de Ana Maria Mauad entendemos que ao analisar essas fontes não verbais devemos lembrar que elas possuem uma natureza, com ou sem condicionantes históricos, diferentes. Além disso, “Não importa se a imagem mente; o importante é saber porque mentiu e como mentiu” (MAUAD, 2011, p.15).

No fascismo percebemos a Sociedade do Espetáculo, conceito de Guy Debord, como condicionada aos mitos, com participação social na constituição dos mesmos, que perpassam por “pseudovalores arcaicos, a raça, o sangue, o chefe” (1997, p. 75). Esse espetáculo educa a sociedade que se submete aos seus princípios. A imagem se destaca como ligação entre o indivíduo e o mundo que o cerca. Quem a produz resume o mundo para o espectador, que não tem tempo disponível para pensar.

Na Itália Fascista, Benito Mussolini (1883-1945), dedicou-se às crianças na produção propagandística, elas eram simultaneamente alvo e tema dessa propaganda. Eram caracterizadas como engajadas politicamente, apesar da pouca idade. Apareceram em fotografias, cartazes, livros, postais, demonstrando o amor das crianças pelo seu líder, conforme o desenho a seguir (Figura 2), capa do livro Duce Nostro (1933), pois:

“Se Mussolini amava as crianças, era natural que estas lhe retribuíssem esse sentimento, como não parece restar dúvida em face deste desenho de A. Michelli, capa do livro Duce Nostro, de 1933. Meia dúzia de pimpolhos, incluindo um bebê, disputam um retrato do amado Duce, uma espécie de super-pai, que o título do livro assimila ao Padre Nostro, o Pai Nosso que está no céu.” (BARRETO, José, 2012, p. 7).

Figura 1: Capa do livro Duce Nostro, 1933. Desenho de A. Micheli. Disponível em: BARRETO, José. As crianças na propaganda fascista italiana (anos 1920-1940). Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Portugal, 2012, 4º ed, p.7.

Ressaltamos que o tema infantil não se destinava somente aos jovens, pois tinha uma função importante junto aos adultos. Visava disciplinar a sociedade para a obediência e autoridade a fim de legitimar o fascismo. Conforme Silva, nesse contexto, o “líder” é o alvo do amor de transferência, neurótico e inflexível, experimentado pelas massas.

A partir disso, entendemos que a propaganda tem por preceito educar a sociedade para o que se quer acreditar impondo crenças e reflexos que modificam o comportamento dos indivíduos. A propaganda ideológica nazista pôde incutir seus ideais na Alemanha, sem possibilidade de questionamento, pois nessa sociedade do espetáculo não há espaço para resposta, ou seja, não ocorre diálogo.

Com a criação do Ministério do Reich para Esclarecimento Público e Propaganda Nazista, em 1933, sob a liderança de Joseph Goebbels (1897-1945), as ideias defendidas por Hitler desde antes de tornar-se chanceler, com base na pureza da raça ariana em detrimento do judeu, puderam ser exploradas por esses diversos meios de propaganda de massa, a fim de atrair adultos e crianças. Apelavam para a repetição, a polêmica e linguagem que se adequasse ao público ao qual se direcionava. Ancorados na crise geral ocasionada pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918) utilizaram-se da instabilidade econômica e psicológica que cercava o cotidiano dos cidadãos alemães.

Através do estudo dos cartazes percebemos de que maneira o antissemitismo se difundiu na sociedade alemã, permitindo a perseguição à comunidade judaica que culminou no extermínio de uma grande parcela dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Temos como fator predominante dessas produções a representação do judeu caricaturado, com expressões deformadas e cores diferentes como o roxo, azul.

Os judeus eram acusados de todas as mazelas enfrentadas pelo povo alemão após a derrota na Primeira Guerra Mundial. Nesse contexto, o Der Stürmer tornava-se principalmente uma forma de educar as massas. Utilizando suas premissas antissemitas tomou como função auxiliar na identificação dos judeus a partir de estereótipos criados. O periódico ganhou visibilidade ao longo dos anos. Em 1935 o editor Ernst Hiemer colocou:

“O Stürmer é o jornal das pessoas. Sua linguagem é simples, suas frases claras. Estas palavras tem um significado. Seu tom é áspero. Tem que ser! O Stürmer não é um jornal de domingo. O Stürmer luta pela verdade. A luta não é travada com luvas de pelica. E a verdade não é lisa e escorregadia. Ela é áspera e dura” (STREICHER, 2001, pgs. 55 e 56).

O que compreende-se por verdade? Para Nietzche, ela é um produto artificial criado pelo homem. No Nacional-Socialismo usou-se o imaginário social para instalar uma verdade do partido. A memória, nesse caso, é adulterada, falsificada em favor do Fürher. A verdade nacional-socialista não tem valor para os que estão fora dessa estrutura, pois quem forma o nazismo é a massa, que oferece imagens que o sustentam (DIHEL, 1996, p.137).

Para que essa memória coletiva se estruturasse com as bases ideológicas antissemitas nazistas confere-se importância à propaganda e sua análise permitiu formular comparações acerca das formas como o alemão representava o judeu nas produções propagandísticas. Desta forma, entendemos a função que esses sujeitos históricos possuíam nesse contexto e de que maneira essa imagem era disseminada, incorporada e apropriada pelos alemães a partir da leitura do periódico alemão Der Stürmer.

A caracterização do judeu
O objetivo dos cartazes divulgados no Der Stürmer eram propagar o ódio e repúdio ao povo judeu, apresentado com diversas facetas: o traidor, o verme, o diabo etc. Esse discurso foi incorporado pela população alemã, conquistando o seu espaço como instrumento de persuasão por parte da propaganda antissemita nazista. Para examinar essas fontes acompanhamos Marc Bloch ao entendermos que o historiador deve possuir todas as técnicas necessárias à sua investigação, deve dominar todos os elementos que compõem sua pesquisa, o que Bloch denominou de “multiplicidade de competências” (BLOCH, 2001, p.81).

Portanto, a partir dos diversos cartazes publicados durante o período que compreende a República de Weimar (1919-1933) até o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) percebemos os elementos formadores de opinião por parte da população alemã leitora diária do Der Stürmer. Nesse sentido, é importante analisar não somente o discurso dos cartazes, mas também a forma como o judeu é representado, que elementos o compõem.

Após a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial com a assinatura do Tratado de Versalhes na França, a Alemanha assumia a “culpa pela guerra”. Esse tratado impôs diversas limitações, além do pagamento de indenizações que contribuiu para o ressentimento alemão culminando no apoio ao “extremismo político” (JORDAN, 2011, p.10).  

Nesse contexto antissemitismo se “renova” e, “dessa vez, faria sentir-se mais agressivo do que nunca” (DIHEL, 1996, p. 69). Apresentando os principais problemas na Alemanha pós-guerra o jornal apresenta o homem ariano na função de exterminador da “praga judaica”, representada como espécimes de seres malignos, ratos, vermes, aranhas, sempre em colorações de destaque ou contraste.

Percebemos claramente esse agrupamento dos judeus em uma categoria em um cartaz publicado no Der Stürmer em agosto de 1935 (Figura 6) onde o leitor é desafiado a identificar os judeus que afirmam ser católicos ou protestantes. A partir dessa imagem percebemos que não importava a religião ao qual se direcionam, sempre estariam classificados como um inimigo que deveria ser combatido.


Figura 2: Competição
Há dezoito judeus nesta imagem. Quatro deles são batizados católicos e três são batizados protestantes. Há pessoas que se declaram judeus batizados, não são judeus, mas os cristãos. Aquele que pode mostrar com uma cruz para a nossa equipe editorial os judeus batizados receberá uma recompensa. Der Stürmer, agosto de 1935.

         Afirmando ser um instrumento que forneceria subsídios para facilitar a identificação desses judeus por parte do cidadão alemão, os cartazes produzidos pelos ilustradores do Der Stürmer criaram diversos estereótipos, que segundo Streicher e seus associados caracterizariam os judeus a partir de suas aparências semelhantes, consideradas “grotescas” com nariz e orelhas proeminentes, expressões e corpos deformados.
     
O antissemitismo representado no Der Stürmer utilizava-se de elementos representativos dos judeus enquanto animais, associando-os à sujeira e imundície (Figura 8), em oposição da ordem e limpeza do nacional socialismo. Além de representarem o que vem da sujeira, eram denominados desonestos e de mau caráter (DIHEL, 1996, p.93). O judeu é apresentado como um animal perigoso- mãos aduncas, rosto encarniçado, olhar sádico e cúpido, vive sempre à custa dos outros (LENHARO, 2006).


Figura 3:  A boca suja e perigo ambiental. Só ele, que está na sujeira, lança sujeira em torno de modo "terrivelmente”. Der Stürmer, Novembro de 1943


A partir dessas publicações do Der Stürmer podemos entender o papel que o mesmo teve dentro do arsenal propagandístico de Hitler. Evidentemente, Julius Streicher forneceu uma significativa contribuição na disseminação e difusão das ideias nazistas e antissemitas em relação aos judeus. Ao final da Segunda Guerra Mundial em 1945, quando Streicher foi julgado em Nuremberg por crimes de ódio contra a humanidade (UNITED STATES HOLOCAUST MEMORIAL MUSEUM), é inegável a sua participação no Holocausto, mesmo que indireta, na forma de discursos de ódio.

Seus cartazes violentos reproduziram as formulações do partido nazista e seus membros acerca dos judeus, promovendo de forma sistemática a repetição de estereótipos físicos e comportamentais que, segundo Streicher, Hitler e seus associados, descreveriam o judeu inimigo da sociedade alemã, que deveria ser identificado e combatido por todo cidadão alemão preocupado com o bem-estar do país. Concluímos que foram elementos essenciais para a disseminação do antissemitismo nazista dentro do arsenal propagandístico do Terceiro Reich.


Referências
Caroline de Alencar Barbosa. Graduada em História na Universidade Federal de Sergipe (DHI/UFS). Mestre em Educação na Universidade Federal de Sergipe (PPGED/UFS). Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS). E-mail: caroline@getempo.org. Orientador: Prof. Dr. Dilton Cândido Santos Maynard.

BARRETO, José. As crianças na propaganda fascista italiana (anos 1920-1940). Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Portugal, 2012.

BARRETO, Roberto Menna. Agência de propaganda e as engrenagens da história/ São Paulo: Summus, 2006.

BLOCH, Marc. Apologia da História ou o Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.

BYTWERK. Julius Streicher: Nazi editor of the notorious anti-Semitic newspaper Der Stürmer/ 1st Cooper Square Press ed, 2001.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo/ Tradução Estela dos Santos Abreu. – Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
DIHEL, Paula. Propaganda e Persuasão na Alemanha Nazista. São Paulo: ANNABLUME, 1996.

DOMENACH, Jean-Marie. A propaganda política. Edição eletrônica Ridendo Castigat Mores. Disponível em: WWW.JAHR.ORG, 2001. Acesso em 02 de agosto de 2016 às 19:38.

HERF, Jeffrey; Inimigo Judeu: propaganda nazista durante a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto/ Tradução de Walter Solon. – São Paulo: EDIPIRO, 2014.  

JORDAN, David. História da Segunda Guerra Mundial- A maior e mais importante guerra de todos os tempos. 2011- São Paulo- M.Books do Brasil Editora Ltda.

LENHARO, Alcir. Nazismo: “o triunfo da vontade” / 7º ed.- São Paulo: Ática, 2006.  

MAUAD, Ana M. Prática fotográfica e a experiência histórica – um balanço de tendências e posições em debate. In: Revista Interim, n.10, 2011.

MOLES, Abraham. O cartaz. Tradução Miriam Garcia Mendes. - 2º Ed.- São Paulo: Perspectiva, 2004.- (Debates; 74/ dirigida por J. Ginzburg), p.27.

UNITED STATES HOLOCAUST MEMORIAL MUSEUM. Avaliando a culpa. https://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=1000782. Acesso em 10.09.2016 às 18:37.

                

12 comentários:

  1. Olá Caroline, muito interessante a sua análise. Quais mídias você levaria para sala de aula para explicar esses temas para os alunos? Seriam as imagens?

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    1. Caroline de Alencar Barbosa11 de abril de 2019 às 12:54

      Prezado José Neto, boa tarde.

      Muito Obrigada pela leitura da minha comunicação.
      No caso de uma aula sobre o tema, poderiam ser utilizadas duas abordagens. Uma que priorize as imagens dos cartazes e os elementos que as compõem (cores, símbolos, traços, representações) e a outra que associe a imagem com o discurso disponível nas legendas. Dependerá do tipo de atividade ou discussão que o docente queira levantar dentro do conteúdo ministrado.

      Espero ter respondido sua pergunta com clareza. Sinta-se a vontade para comentar.

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  2. Márcia Elisa Tetê Ramos9 de abril de 2019 às 10:56

    Olá! Apreciei sua pesquisa! Muito bem fundamentada e escrita. Creio que as representações negativas quanto ao judeu terminaram reaparecendo mediante os conflitos entre Israel e Palestina. Por isso, mais do que nunca devemos estudar e ensinar a temática de firma histórica.
    Abraço

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    1. Caroline de Alencar Barbosa11 de abril de 2019 às 12:57

      Agradeço muito a leitura e o comentário Márcia Ramos. Com certeza é uma temática que deve ser abordada constantemente para evitar que o antissemitismo e a intolerância não sejam disseminados, principalmente entre os jovens.

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  3. Boa noite Caroline Barbosa, parabéns pelo texto. Sou historiador e pesquiso a Segunda Guerra e a Força Expedicionária há 15 anos. Considerando que os nazistas já possuíam um muito bem aparelhado sistema para executar as Operações Psicológicas, que envolviam estudos detalhados sobre a cultura, povo, Estado, religião, entre outras características de seus inimigos, sendo que os cartazes eram considerados um produto final desses estudos, mas que não vinham isolados de outros produtos que progressivamente eram disseminados em seus públicos-alvos, entre eles seu próprio povo, gostaria de saber se nos seus exemplos de cartazes antissemitas, o papel da disseminação de uma propaganda mais intensa, feitas nas escolas, nos jornais, nos atos políticos, poderia ter facilitado a compreensão do público-alvo quanto à mensagem antissemita que os nazistas queriam transmitir?
    Obrigado. Marcos Antonio Tavares da Costa.

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    1. Caroline de Alencar Barbosa11 de abril de 2019 às 13:12

      Prezado Marcos Antonio, boa tarde.

      Agradeço a leitura e o comentário.
      O Nazismo em si praticava não somente a propaganda antissemita que esta pesquisa se propôs a analisar. De maneira ampla diversos recursos foram largamente utilizado tais como o rádio, os discursos. Inclusive ao falarmos das escolas é de extrema importância destacar que o Julius Streicher que comandava o periódico Der Stürmer também produziu material voltado para o público escolar, sobretudo para as crianças com o livro Der Diftpilz (o cogumelo venenoso) que ensinava a identificar o judeu considerada como o mal dentro da sociedade alemã. Além desta, outra obra circulava na Alemanha com o público alvo de adolescentes e adultos que chamava-se "Trau keinem Fuchs auf grüner Heid und keinem Jüd auf seinem Eid" (Não confie tanto no juramento de um judeu quanto em uma raposa no mato).

      Dessa forma, acredito que o aparelho propagandístico nazista era muito bem estruturado, o que justifica a forte adesão das massas que, de fato, compreendiam a ideologia que o partido queria disseminar.

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  4. Olá Caroline. Sobre a questão de propagação ideológica gostaria de saber, se ao realizar essa análise você buscou algumas contribuição da psicologia com o intuído de apresentar até que ponto esse tipo de divulgação seria responsável pela criação do sentimento antissemita e se além desse meio outros tipos de divulgações também tiveram participação nessa construção.

    Parabéns pelo texto.

    Milena Juliana do Nascimento

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    1. Caroline de Alencar Barbosa11 de abril de 2019 às 13:26

      Prezada Milena Nascimento, boa tarde.

      Agradeço a leitura e o comentário.
      Acerca da psicologia realizei a leitura de obras que abordassem a psicologia das massas, atreladas ao fascismo. É importante ressaltar que o antissemitismo não foi "inaugurado" na Alemanha nazista, pois tem raízes históricas desde a Idade Média. O que mudou foram as estratégias de disseminação e perseguição. Streicher inclusive utiliza de imagens da era medieval para criar em seus cartazes cenas de rituais envolvendo crianças alemãs e realizados judeus, para acusa-los de profanadores com a intenção de acabar com os alemães. O sentimento antissemita, portanto, já existia. O aparelho propagandístico do nazismo utilizou todos os recursos propagandísticos disponíveis para reforçar e aumentar esse sentimento, assim além do Der Stürmer, utilizado nesta pesquisa, o acervo de jornais antissemitas contava com cerca (estimativa) de 2.671 periódicos existentes. Além disso, o partido utilizava o rádio, os discursos, livros produzidos para as escolas.

      Espero ter respondido sua pergunta. Sinta-se a vontade para outros comentários.

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  5. Boa tarde, Caroline. Muito interessante o tema abordado. Fiquei curioso com uma questão:
    Durante a sua pesquisa, foi possível verificar a reação inicial da população alemã a cada propaganda realizada pelo jornal? Num primeiro momento, gerou alguma estranheza nos alemães ou foi algo recebido com mais “naturalidade”?
    Obrigado.
    Att,
    Guilherme Henrique da Luz Oliveira.

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  6. Caroline de Alencar Barbosa11 de abril de 2019 às 13:40

    Prezado Guilherme Oliveira, boa tarde.

    O foco da pesquisa não possuía a intenção de analisar a recepção, mas através das leituras e de contato com outros pesquisadores da área foi possível identificar que a "estranheza" não foi tanta quanto o esperado. Isso de deve em parte às raízes antissemitas na Alemanha, que remontam ao século XV, portanto não era "novidade" essa prática. O antissemitismo já era popular na Alemanha antes do nazismo e após o fim da Primeira Guerra Mundial, da assinatura do Tratado de Versalhes e todas as consequências para a população alemã o judeu tornou-se o "bode expiatório" ou como Peter Gay denomina "o outro conveniente", que é acusado por todas as mazelas que a população sofre no momento. Assim, consideravam que deveria ser combatido para o bem na nação, nesse caso a Alemanha.

    Espero ter respondido sua pergunta. Sinta-se a vontade para outros comentários.

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  7. Além de instigante, por apresentar elementos que não se prendem necessariamente apenas aos documentos "oficiais", acredito que o presente trabalho é imprescindível tanto para combater irresponsáveis revisionismos históricos como também por ajudar a compreender de que forma pode-se fabricar o "outro" através de diferentes elementos discursivos, nos ajudando a entender melhor como uma cultura política se perpetua em uma sociedade muitas vezes aparentemente inofensiva. Alguns estudos de história também apontam haver no período de 1933-1945 uma pertinente demanda propagandística antibolchevista por parte da propaganda nazista, sendo evidenciada inclusive em biografias como a do historiador britânico Ian Kershaw(2010) ao verificar em alguns discursos de autoridades nazistas, o termo "judaico-bolchevista". Entendo que seu trabalho tenha como foco o antissemitismo, entretanto, queria saber a sua percepção acerca da constante utilização desse termo e as propagandas antibolchevista durante o período estudado, se de algum modo pode-se considerar que havia uma concepção generalizada por parte das autoridades nazistas, no sentido de considerarem bolcheviques e judeus males de uma mesma natureza. Desde já agradeço! Parabéns pelo seu trabalho, trás uma enorme contribuição para entender melhor a existência de dispositivos autoritários que vão além das medidas político-administrativas.

    Gutierres Samon Teixeira dos Santos

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    1. Caroline de Alencar Barbosa11 de abril de 2019 às 17:54

      Prezado Gutierres Teixeira, boa noite.

      Muito obrigada pela leitura e comentários.
      De fato essa discussão é pertinente e inclusive está presente nas produções de Streicher. Como disponho de um vasto acervo dos cartazes produzidos por ele fiz uma seleção por categorias. A associação da imagem do judeu ao bolchevismo e até mesmo a maçonaria ocorre em seus cartazes. Considerando os judeus como conspiradores que estavam manipulando os outros países para a destruição alemã. De fato associavam como se fossem parte integrante de um mesmo grupo.

      Espero ter respondido sua pergunta. Sinta-se a vontade para outros comentários.

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