Geane da Silva e Silva e Douglas Mota Xavier de Lima


AS VANTAGENS DE UTILIZAR HISTÓRIAS EM QUADRINHOS COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE HISTÓRIA

Ensinar não se resume a repassar um determinado conteúdo aos alunos ou a simplesmente adaptar o que se aprendeu na universidade para trabalhar em sala de aula. Ensinar é uma relação que depende, ao menos, de dois protagonistas, professor e aluno. Não existe uma fórmula pronta ou um manual que guie o professor a melhor maneira de fazer com que o aluno aprenda o que está sendo exposto. Para isso, é importante que o educador aproxime o conteúdo da realidade do aluno e ensine em uma linguagem que o educando está familiarizado, incentivando uma melhor compreensão dos conceitos apresentados.

Os pesquisadores na área de Ensino apontam que é indispensável o uso de recursos didáticos que despertem o interesse do aluno e gerem uma melhor assimilação dos conteúdos trabalhados na sala de aula. Sobre a questão, Maria Auxiliadora Schmidt e Marlene Cainelli (2009) argumentam que é na sala de aula que o professor de História se transforma no artista capaz de transformar uma simples exposição do conteúdo num grande espetáculo. Para isso, o educador deve dispor de recursos que auxiliem o discente na construção do conhecimento histórico, para que ao final ele possa “(...) compreender e explicar, historicamente, a realidade em que vive” (Schmidt; Cainelli, 2009, p. 53), percebendo que o que é ensinado de história faz sentido com sua vida.

Segundo Bonifácio e Cerri:

“Este interesse acadêmico por diferentes linguagens deve-se, em parte, à compreensão de que a escola não é mais a única instituição capaz de informar o indivíduo, mas que interage com inúmeros outros meios, podendo então, caracterizar-se como uma instância de singular valor político e pedagógico, na medida em que possibilite uma ampliação e articulação com os saberes disponíveis socialmente.” (Bonifácio; Cerri, 2005, p. 1)

A inserção de diferentes linguagens capazes de auxiliar no processo de ensino-aprendizagem ocorreu de forma gradativa no espaço escolar e, atualmente, os professores contam com diferentes recursos didáticos, entre eles as histórias em quadrinhos.

É certo que atualmente as histórias em quadrinhos têm ganhado espaço na sala de aula, mas para isso acontecer foi percorrida uma longa trajetória até sua aceitação como recurso didático. Somente a partir da segunda metade do século passado, superando as resistências e desconfianças a respeito de sua leitura pelo público infanto-juvenil, que as HQs passaram a ter seu caráter pedagógico reconhecido, sendo então utilizadas como material de apoio para conteúdos escolares. No entanto, mesmo que o uso de quadrinhos seja atualmente bem aceito e utilizado por professores de várias disciplinas, a arte sequencial como recurso didático é discutida, na maioria das vezes, nas produções que abordam a inserção de novas linguagens no ensino da educação básica e dificilmente é analisada a partir de disciplinas especificas.

O pouco conhecimento do potencial pedagógico e a dificuldade em adaptar as histórias narradas nos quadrinhos ao conteúdo das disciplinas, faz com que surjam muitas dúvidas em relação ao trato com as HQs nas práticas de ensino e aprendizagem, principalmente no ensino de História. Todavia, considera-se que as histórias em quadrinhos, unidas a outros recursos didáticos, são importantes instrumentos que auxiliam na instrução e na aprendizagem do conteúdo, sendo que “o único limite para seu bom aproveitamento em qualquer sala de aula é a criatividade do professor e sua capacidade de bem utilizá-los para atingir seus objetivos de ensino.” (Vergueiro, 2014, p. 26). Portanto, elas podem ser utilizadas na disciplina de História sem nenhum receio.

São inúmeras as possibilidades em que as HQs podem ser usadas para despertar o interesse do aluno pela disciplina e auxiliar na transmissão e fixação do conhecimento histórico, pois elas podem juntar a diversão ao aprendizado, estimulando o aluno a aprender história. Para isso, basta que o professor use sua criatividade e planejamento. Dessa forma, enumeramos aqui algumas opções de usos dos quadrinhos para as aulas de história. No entanto, não é nossa intenção apresentar uma receita pronta do uso de quadrinhos para esta disciplina, mas sim, auxiliar na escolha de como trabalhar de maneira adequada com este recurso, para que se possa obter melhor proveito de seu potencial.

Ainda são poucas as pesquisas na área de ensino de história que têm as HQs como objeto de análise. No entanto, existem importantes trabalhos que analisam de diferentes maneiras o uso deste material no campo da história. O primeiro estudo a ser citado é o capítulo escrito por Túlio Vilela, intitulado “Os quadrinhos na aula de História” (2014), e que integra a obra organizada por Ângela Rama e Waldomiro Vergueiro “Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula” (2014). Para Vilela, as histórias em quadrinhos são uma poderosa ferramenta didática que quando bem utilizadas pelos professores de história podem trazer bons resultados no processo de ensino e aprendizagem. No capítulo destacado, o autor mostra que a arte sequencial é um bom recurso para se trabalhar conceitos próprios da história, podendo ser utilizados quadrinhos prontos ou construídos pelos próprios alunos.

Relacionando as histórias em quadrinhos e a questão da consciência histórica, vale ressaltar os trabalhos de Marcelo Fronza (2015) e Selma de Fátima Bonifácio (2005). Fronza no artigo “As narrativas históricas gráficas como expressão da aprendizagem histórica de jovens estudantes do ensino médio: perspectivas da educação histórica”, faz uma análise de como a consciência histórica dos alunos do ensino médio de quatro escolas públicas brasileira é apresentada quando estes reproduzem a narrativa histórica através da construção de história em quadrinhos. O autor conclui que ao se expressarem oralmente e através de quadrinhos, os estudantes apresentaram tipos de consciência histórica distintas. Para Fronza, isso acontece pelo fato de as imagens canônicas exercerem grande influência sobre a maneira como os jovens interpretam o passado.

Selma de Fátima Bonifácio (2005), procura analisar como a consciência histórica é exposta nas histórias em quadrinhos, mas especificamente na coleção ‘Você sabia?’, de Maurício de Sousa. A autora procura identificar as alterações que ocorrem no conhecimento histórico acadêmico quando este é transcrito para a linguagem dos quadrinhos. Assim, Bonifácio analisa três das revistas da coleção, as que tratam da Independência do Brasil, da Abolição da Escravidão e da Proclamação da República. Ela afirma que há uma dificuldade em seguir a complexidade do conhecimento histórico, quando transposto para a narrativa quadrinhistica, já que é necessário manter certa simplicidade na abordagem do assunto devido ao público alvo.

Cabe também destacar o artigo “Histórias em Quadrinhos: Conhecimento histórico e comunicação de massa no espaço escolar”, de Selma Bonifácio e Luís Fernando Cerri, produzido para o XXIII Simpósio Nacional de História da ANPUH, realizado em Londrina, no ano de 2005. Neste texto, os autores analisam de que forma as HQs contribuem na formação do saber histórico de seus leitores. Eles afirmam que ao retratarem determinados fatos históricos, os quadrinhos criam perspectivas particulares sobre estes, fazendo com que os sujeitos ao lerem as narrativas contidas nestas histórias, concretizem de certa forma suas concepções sobre elas.

Por que usar quadrinhos no ensino de história?

Autores como Túlio Vilela, Selma Bonifácio e Luiz Fernando Cerri, afirmam que mesmo que a inserção dos quadrinhos no ambiente escolar já aconteça há algumas décadas e, na maioria das vezes, apareçam nos manuais didáticos seja para dar apoio ao texto ou apenas ilustrar as páginas, na disciplina de História este recurso ainda é pouco utilizado. Isso demonstra que o receio em utilizar as HQs como recurso pedagógico não foi totalmente superado ou mesmo pelo fato de que seu potencial é praticamente desconhecido por grande parte dos professores desta área.

Tendo como base os objetivos da aula de história, considera-se que o ensino nesta disciplina deve fazer relação com o cotidiano dos alunos e “que o conhecimento e as informações aprendidas nas atividades escolares podem ser elementos ativos na história de cada um deles.” (Portugal, 2005, p. 204). Cabe então ao professor de história proporcionar meios para que esta finalidade, assim como todas as outras, venha ocorrer. Dessa forma, dispor de recursos que envolvam e despertem a atenção do aluno para o assunto abordado é de extrema importância.

Ana Raquel Marques Portugal (2005) destaca o potencial pedagógico das HQs nas aulas de História:

“Dentre as inúmeras possibilidades, podem-se empregar os quadrinhos como um suporte para fornecer informações acerca de comunidades do passado, fazendo referência direta ao assunto que se pretende estudar, ou então analisá-los de acordo com a época em que foram publicados, traçando assim um estudo mais contextual sem que seja vislumbrada uma relação direta com a proposta de estudo, ou ainda usá-los como ponto de partida para discussões de outros conceitos.” (Portugal, 2005, p. 204)

Existem várias HQs que tratam de temas específicos e que podem ser analisadas a partir do conteúdo e aspectos históricos que abordam. Vale ressaltar, o que é citado por Lima (2017) e Vilela (2014), nem todas as histórias em quadrinhos são ficcionais, algumas são ambientadas em épocas históricas e podem ser utilizadas como referências para auxiliar na familiarização de objetos e características da época abordada. Como um exemplo de HQs que podem ser trabalhadas com essa intenção, Túlio Vilela (2014) cita Asterix, pois nela podemos encontrar “elementos que remetem à Roma Antiga, nos tempos de Júlio Cesar: a arquitetura das cidades romanas e gregas: os uniformes dos militares romanos; e as armas utilizadas pelos gladiadores etc.” (Vilela, 2014, p.111)

Mesmo os quadrinhos que não retratam fielmente a época apresentada, podem e devem ser usados na disciplina, pois “o fato de serem lúdicos e ficcionais não impede que o historiador utilize quadrinhos no ensino de História” (Lima, 2017, p. 168), já que possibilitam a construção e ampliação do conhecimento histórico. Assim, elas podem ser analisadas como fontes históricas, posto que, mesmo que muitas retratem tempos distintos de sua criação, elas são “registro da época em que foram criadas, porque, para efeito de humor, são atribuídos aos povos e lugares do passado as características que eles têm nos dias de hoje.” (Vilela, 2014, p, 111). Dessa forma, as HQs trazem importantes informações de quando foram desenvolvidas, sendo elas uma importante fonte de análise que representa características particulares de seu tempo.

As HQs também podem ser trabalhadas no intuito de facilitar a compreensão de determinados conceitos históricos, que muitas vezes são de difícil entendimento para os alunos. Com isso, uma história em quadrinhos:

“é uma importante ferramenta que auxilia na compreensão de conceitos difíceis como representações e anacronismos devido a sua característica de ser um recurso de leitura rápida e de fácil compreensão pelos alunos, sendo bastante útil para se entender uma temporalidade que pode ser abstrata e distante para os alunos.” (Ávila; Berbert, 2012, p. 15)

Sendo assim, as HQs podem contribuir para o entendimento do que seja anacronismo, já que muitas utilizam elementos de épocas diferentes para satirizar, fazer críticas ou, até mesmo, apenas ilustrar as cenas. No entanto, é interessante pontuar que quando o professor for utilizar quadrinhos no propósito de identificar tal conceito, é importante que ele faça mediação da leitura com os estudantes, direcionando-os para os elementos anacrônicos. Dessa forma, os “erros”, que muitas vezes são propositais, servem para iniciar uma abordagem correta das informações históricas.

Outra maneira de usar os quadrinhos é como forma de apreender a noção de tempo. Vilela (2014) destaca que elementos contidos nas vinhetas das HQs podem ser um bom recurso para se trabalhar as dimensões temporais, como sucessão, duração e simultaneidade. Sobre o assunto, o autor considera que:

“Os “recordatórios” presentes na maioria das histórias em quadrinhos podem ser utilizados para ilustrar esses conceitos: um recordatório onde se lê “Mais tarde...” ou “Logo depois...”pode ser um exemplo de sucessão e, de outro lado, aquele em que se lê “Enquanto isso...” pode facilitar ao aluno a percepção da ideia de simultaneidade. Os elementos visuais utilizados para indicar a passagem do tempo em uma história em quadrinhos (um desenho da Lua para indicar o anoitecer, um relógio na parede de um escritório; uma personagem marcando o cartão de ponto no final do expediente) podem ser usados para uma reflexão sobre os diferentes tempos: o tempo da natureza, o tempo do relógio, o tempo da fábrica.” (Vilela, 2014, p. 107)

Como vimos, existem inúmeras maneiras de trabalhar na sala de aula com HQs prontas, contudo, se houver alguma dificuldade em consegui-las, é possível que o professor envolva seus alunos na construção de seus próprios quadrinhos. Em relação a isso, podemos frisar que este tipo de trabalho é uma boa oportunidade de desenvolver no discente sua capacidade de comunicação e expressão, além de fazer com que os alunos aprendam a trabalhar em equipe, já que é uma atividade que pode ser desenvolvida por mais de um aluno.

Ao sugerir esse tipo de trabalho na disciplina de História, o educador deve levar em consideração alguns critérios, para que se mantenha as particularidades da disciplina. Assim, é indicado que os estudantes desenvolvam quadrinhos a partir de temas históricos ou conteúdos abordados nas aulas. Dessa maneira:

“pode-se propor que os alunos adaptem um texto historiográfico ou um documento de época para a forma de uma história em quadrinhos. Outra possibilidade é que cada grupo desenvolva uma história contada de um ponto de vista diferente. Exemplo: propor que cada grupo elabore uma história em quadrinhos ambientada no feudalismo. Um grupo pode criar uma história narrada pelo ponto de vista de um senhor feudal, outro, segundo a perspectiva de um camponês, e assim por diante.” (Vilela, 2014, p. 128)

Para isso, é necessário antes de começar a construção dos quadrinhos com abordagem histórica, solicitar que os alunos desenvolvam uma boa pesquisa sobre o tema a ser adaptado, podendo o professor indicar material adequado para pesquisa.

Não é possível aqui esgotar as possiblidades de usos das HQs no ensino de história, já que são tão variadas quanto os quadrinhos disponíveis no mercado atualmente. Por isso, destacamos apenas algumas maneiras de se trabalhar o conteúdo de história utilizando quadrinhos. Assim, cabe ao professor optar por qual HQ vai utilizar e como vai desenvolver este trabalho, no entanto, antes de fazer estas escolhas ele deve estar ciente que a maioria das histórias em quadrinhos não é produzida para fins pedagógicos, mas para atender as exigências mercadológicas. Diante disso, quem decidir utilizar os quadrinhos como recurso didático deve analisar alguns pontos importantes relacionados a sua produção, pois, não se pode esquecer que antes de tudo as HQs são um meio de comunicação de massa. Assim:

“Ao levar para sala de aula uma história em quadrinhos, o professor deverá sempre investigar previamente seu conteúdo, autores, época em que foi escrita, quando e onde foi produzida, por quem o autor fala (ideologia), a quem se destina, qual sua finalidade, etc. para que haja planejamento adequado, boa utilização e bons resultados. Assim, as HQ poderão ser mais do que um simples suporte de um determinado conteúdo.” (Alcântara, 2009, p. 9)

As histórias em quadrinhos podem ser ótimas aliadas no processo de transmissão e aquisição do conhecimento histórico, mas é necessário compreender que “o simples fato de transmitir conteúdos escolares na forma de uma HQ não é garantia de um material didático mais atraente. O resultado pode ser uma péssima HQ e um péssimo material didático.” (Vilela, 2012, p. 87). Assim, não podemos esperar das histórias em quadrinhos mais do que elas podem nos oferecer e será a maneira como a utilizamos que nos dará bons resultados ou um trabalho desastroso.

Referências
Geane da Silva e Silva. Graduada em História pela Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), foi bolsista PIBID 2017-2018.

Douglas Mota Xavier de Lima. Professor Adjunto da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), campus Santarém, na área de História Antiga e Medieval.

ALCÂNTARA, C. S. de. “Ler ou não ler, eis a questão”: O uso das histórias em quadrinhos na educação brasileira. In: Anpuh – XXV simpósio nacional de história, 2009, Fortaleza. Anais anpuhnacional Fortaleza: resources, 2009. p. 1-10. Disponível em: <http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/anpuhnacional/S.25/ANPUH.S25.0749.pdf>.

ÁVILA, B. L. T.; BERBERT, A. I. V. O uso de HQ para o ensino de conceitos históricos de segunda ordem. História & Ensino, Londrina, v. 18, p. 07-30, Especial, 2012. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/histensino/article/view/13253/11525>.

BONIFÁCIO, S. F. História E(m) Quadrinhos: análises sobre a História ensinada na arte sequencial. Curitiba: Dissertação de Mestrado em Educação, Universidade Federal do Paraná, 2005. Disponível em: <https://www.acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/6604/S_BONIFACIO_DISSERTA_web.pdf?sequence=2>.

BONIFÁCIO, S. F.; CERRI, L. F. Histórias em quadrinhos: conhecimento histórico e comunicação de massa no espaço escolar. In: Simpósio Nacional de História, 2005, Londrina. Anais anpuhnacional Londrina: resources, 2005, p.1-8. Disponível em: <http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/anpuhnacional/S.23/ANPUH.S23.0933.pdf>.

FRONZA, M. As narrativas históricas gráficas como expressão da aprendizagem histórica de jovens estudantes do ensino médio: perspectivas da educação histórica. Revista História Hoje, v. 4, nº 8, p. 81-103, 2015. Disponível em: <https://rhhj.anpuh.org/RHHJ/article/view/188>.
LIMA, D. M. X. Histórias em quadrinhos e ensino de História. Revista História Hoje, v. 6, nº 11, p. 147-171, 2017. Disponível em: <https://rhhj.anpuh.org/RHHJ/article/view/332>.

PORTUGAL, A. R. M. C. M. A utilização de história em quadrinhos no ensino de história. Revista CAMINE: Caminhos da Educação, Franca, v. 7, n. 2, 2015. ISSN 2175-4217. Disponível em: <https://ojs.franca.unesp.br/index.php/caminhos/article/view/1474>.

SCHMIDT, M. A.; CAINELLI, M. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2009.

VERGUEIRO, W. Uso das HQs no ensino. In: BARBOSA, Alexandre; RAMOS, Paulo; VILELA, Túlio; RAMA, Angela; VERGUEIRO, Waldomiro (Orgs). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. 4. ed., 2ª reimpressão. São Paulo, contexto, 2014.

VILELA, M. T. R. A utilização dos quadrinhos no ensino de história: avanços, desafios e limites. São Paulo: Dissertação de Mestrado em Educação, Universidade Metodista de São Paulo, 2012. Disponível em: <http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/971>.

VILELA, M. T. R. Os quadrinhos na aula de História. In: BARBOSA, Alexandre; RAMOS, Paulo; VILELA, Túlio; RAMA, Angela; VERGUEIRO, Waldomiro (Orgs). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. 4. ed., 2ª reimpressão. São Paulo, contexto, 2014.

14 comentários:

  1. Acredito que quadrinhos é muito mais "atraente" para um aluno, visto que esses novos alunos estão consumindo muito mais esse tipo de mídia então é interessante o professor "mostrar" que há coisas por detrás das histórias que podem ser "uteis" na matéria também, pois grande parte se baseia em eventos históricos ou culturais, logo acho necessários mostrar esse olhar mais "critico" para essa mídia, fazer o aluno perceber essas nuances que o autor quer mostrar. Dito isso minha duvida seria em relação em até que ponto mostrar o quadrinho como "real" (visto que é uma representação), e não tornar como uma "verdade absoluta"? Acredito que acontece o mesmo com filmes, donde ao se ver acredita que tudo tido ali é real, principalmente o visual (costumes, vestimentas etc) e se esquece as vezes que é uma mera representação.

    Felipe Avila Dos Santos Traczynski

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    1. Boa tarde, Felipe Avila.

      Como a maioria dos historiadores dizem: "não há verdade absoluta, e sim diferentes versões e visões sobre os fatos". Dessa forma, devemos sempre apresentar aos nossos alunos que determinado quadrinho é apenas uma versão do que ele aborda e nunca devemos te-la como única.
      Mostrar as diferentes versões sobre determinado fato aos seus alunos, é um dos trabalhos mais importantes do professor de história. Acreditamos que podemos realizar bons trabalhos apenas com quadrinhos, porém, em determinados momentos é necessária outra linguagem para melhor explicar o conteúdo abordado. Dessa maneira, defendemos que os quadrinhos nunca devem ser tidos como o "real". Assim, podemos utilizar diferentes quadrinhos que abordam a mesma temática ou até mesmo trabalhar, paralelamente, com diferentes linguagens didáticas para explicar sobre as diferentes percepções em relação ao tema.

      Agradeço por suas considerações.

      Geane da Silva e Silva

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  2. Diante de inúmeras imagens fictícias inseridas no próprio livro didático, que vem sendo desconstruída por alguns professores, não seria melhor como primeiro passo dar essa noção de real e imaginário usando o senso crítico analisando essas próprias imagens inseridas nos livros? Assim mostrando a tamanha problemática que é para história em representar algo ilusório dentro de uma imagem.

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  3. Diante de inúmeras imagens fictícias inseridas no próprio livro didático, que vem sendo desconstruída por alguns professores, não seria melhor como primeiro passo dar essa noção de real e imaginário usando o senso crítico analisando essas próprias imagens inseridas nos livros? Assim mostrando a tamanha problemática que é para história em representar algo ilusório dentro de uma imagem.
    Gabriela Novais dos Santos

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    1. Boa tarde, Gabriela Novais.

      Concordamos que desconstruir um discurso já superado ainda existente nos livros didáticos, é de grande importância, principalmente quando este discurso está contido nas imagens que na maioria das vezes somente ilustram sem fazer relação ao conteúdo, e essas mesmas imagens, em grande parte, influenciam a consciência histórica dos alunos muito mais que os textos.
      No entanto para fazer tal debate do que é real ou ilusório, no caso da história, não precisamos excluir outros materiais de apoio, podemos utilizá-los como recursos para auxiliar no que queremos demonstrar. Muitas vezes, um recurso didático sozinho não dá conta de explicar e assim podemos somar outros. Selecionar um recurso não significa não precisar do auxilio dos demais, devemos criar maneiras para relacioná-los, pois devem juntos ser aliados na construção do conhecimentos e aprendizagem.

      Agradeço suas considerações.

      Geane da Silva e Silva

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  4. Gostei muito do texto de vocês, principalmente ao atentarem para o tema das sarjetas como forma de marcação do tempo, que é algo essencial para a compreensão da história em quadrinhos e é uma excelente maneira de relacionar com os diferentes tempos da realidade. Só senti falta de duas coisas: atentar para a utilização dos quadrinhos de acordo com a faixa etária de cada turma e outra coisa que poderia ser acrescentada: são diversos os trabalhos em que as histórias em quadrinhos são fonte para pesquisas acadêmicas, seria interessante que vocês citassem algum desses trabalhos para que os professores possam ler e também tirar ideias para trabalhar em suas aulas. Uma dúvida: quanto a noção de discurso de uma obra. Tanto os quadrinhos como outras formas de comunicação são feitas a partir da visão social e política de quem as produz. Principalmente quando fossem trabalhadas histórias em quadrinhos que retratam aspectos históricos, não seria necessário antes de mais nada que fosse realizado um trabalho com os alunos sobre o discurso que o quadrinho está fazendo?

    Jéssica Jenifer Wessoloski

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    1. Boa Tarde, Jéssica.

      Para todo e qualquer trabalho que se deseje realizar em sala de aula com História em quadrinhos, o professor deve antes de tudo fazer um bom planejamento, para que a atividade esteja de acordo com o publico com o qual será aplicada. Assim, o educador deverá está atento a detalhes importantes, como você muito bem observou, o quadrinho adequado a faixa etária dos alunos.
      O Planejamento é fundamental para determinar o bom resultado do que se pretende ter com uma atividade onde se utilize HQs. É a partir dele que o professor determinará qual a maneira mais adequada para utilizar quadrinhos relacionando o tema. Assim, é o professor que verá se é importante ou não debater sobre o discurso que a este material defende, já que dependendo da atividade, nem sempre é necessário realizar tal discussão, como no caso do professor de história querer apenas apresentar determinados conceitos. No entanto, acreditamos que o educador não deve defender como único e verdadeiro o discurso que é exposto em determinada história em quadrinhos.
      Em relação aos trabalhos que tenham histórias em quadrinhos como objetos de pesquisas, podemos dizer que este texto que você leu é parte de minha monografia defendida em janeiro deste ano. A partir do levantamento bibliográfico constatei que ainda são poucos os trabalhos que mostram como as histórias em quadrinhos podem ser utilizadas em sala de aula, a maioria das produções trazem uma abordagem historiográfica sobre o tema. Mas, posso indicar autores como Waldomiro Vergueiro, Túlio Vilela, Elídio dos Santos Neto que possuem bons trabalhos capazes de nos orientar e tirar duvidas sobre as vantagens e desvantagens, assim como maneirais de utilizar histórias em quadrinhos na sala de aula.

      Agradeço suas considerações.

      Geane da Silva e Silva

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  5. Diante dos expostos no texto referente aos benefícios do uso das histórias em quadrinho em sala de aula e do seu potencial pedagógico, refleti sobre a resistência de alguns professores nos dias atuais de utilizarem de tais meios nas práticas pedagógicas. Quais seriam os principais motivos dessa resistência que ainda persiste no ensino de história, na opinião de vocês?
    Aline Mantovani Petri

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    1. Boa tarde, Aline Mantovani.

      Acreditamos que o pouco conhecimento ou até mesmo o desconhecimento do potencial deste das histórias em quadrinhos como recurso didático por parte de muitos professores é o que faz com que eles não as utilizem como material de apoio. Não saber como utilizar ou como relacionar ao conteúdo abordado, faz com que os educadores rejeitem ou até mesmo utilizem de maneira inadequada esta linguagem, desconhecendo o verdadeiro e bom resultado que se pode obter ao inserir de maneira apropriada em suas aulas.

      Agradeço ao seu questionamento.

      Geane da Silva e Silva.

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  6. Olá, Geane! Olá, Douglas!
    “A inserção de diferentes linguagens capazes de auxiliar no processo de ensino-aprendizagem ocorreu de forma gradativa no espaço escolar e, atualmente, os professores contam com diferentes recursos didáticos, entre eles as histórias em quadrinhos”.
    Nas salas de aula se sente a “urgência” de propostas inovadoras para o ensino-aprendizagem. As histórias em quadrinhos pensadas como objeto de conhecimento histórico, é algo fascinante. Então, pergunto: Como conseguir envolver os responsáveis pelo ensino-aprendizagem nessas “diferentes linguagens” de ensino? Como poderíamos empolgar os professores a se valerem das HQs como algo inovador nas salas de aula?
    Obrigada e parabéns pelo texto.
    Celiana Maria da Silva.

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    1. Boa tarde, Celiana Maria.

      Acreditamos que a melhor maneira de envolver e incentivar a utilizar as diferentes linguagens em sala de aula, é através conhecimento dos verdadeiros benefícios que estes recursos podem trazer para o aprendizado.
      Inúmeros profissionais da educação desconhecem ou tem pouco conhecimento de qual a maneira mais adequada de relacionar ao conteúdo e utilizar as diferentes linguagem no ambiente escolar, e acabam não utilizando. Por isso, acreditamos que através do desenvolvimento de projetos, cursos e pesquisas que tenham como tema o uso de diferentes linguagem no ensino, podem trazer bons resultados quando envolvem profissionais da educação ainda em formação e os que já estejam em atividade, mostrando a este quais os benefícios ao incorporar diferentes recursos ao ambiente escolar.

      Agradeço suas considerações.

      Geane da Silva e Silva.

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  7. Primeiramente parabéns aos autores,
    O uso dos quadrinhos apesar da resistência de alguns professores já está se difundindo a ponto de termos um número cada vez maior não de entusiastas, mas de professores que percebem as potencialidades das hqs, assim como outras mídias, no ensino de história. Atualmente vocês têm desenvolvido algum projeto de ensino de história sobre o uso de hqs? Apesar de termos alguns livros que falam sobre hqs em sala de aula, e inúmeras teses e dissertações que lidam com o tema, ainda sinto falta de livros que abordem somente o uso de hqs em sala de aula, semelhante ao que fizeram aqui porém em uma escala maior. Uma maneira de mostrar isso, de demonstrar sua potencialidade não seria através de projetos de extensão nas universidades? Porque seria interessante pensar no diálogo entre a universidade e a realidade das escolas, afinal isso pode ser aplicado tanto nas escolas quanto na graduação, como já tem sido feito em algumas universidades.

    Muito obrigado pelo texto elucidativo,

    Reitero minha estima aos autores,

    Avelino Gambim Junior

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    1. Boa tarde, Avelino. Agradecemos suas contribuições ao nosso trabalho.
      Concordamos com você, que o diálogo entre a universidade e a realidade escolar é muito importante e necessário para que possamos criar relações de interatividade entre esses dois espaços de aprendizagem, fazendo trocas de conhecimento.
      Nosso texto é parte de minha monografia, que teve como objeto de analise a construção de histórias em quadrinhos por alunos do oitavo ano do fundamental de uma escola pública da cidade de Santarém-Pará. Com isso, podemos dizer que mesmo que seja de forma gradativa este trabalho com história em quadrinhos já vem se desenvolvendo através da parceria da universidade com o ambiente escolar.
      Infelizmente, ainda não temos em nossa Universidade projetos de pesquisa que desenvolvam e analisem investigações sobre o uso de HQs no ensino de história. No entanto, existe um grande desejo em fazê-lo, já que acreditamos que esta é boa maneira de divulgar o potencial deste material como recurso didático. Assim, já desenvolvemos alguns minicursos abordando a temática. E pretendemos em breve construir e desenvolver um projeto, como também grupos de estudos, que desenvolvam trabalhos que esclareçam e incentivem o uso dos quadrinhos na sala de aula, os quais envolvam acadêmicos e professores da educação básica

      Agradeço sua participação.

      Geane da Silva e Silva

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