Antônio Barros de Aguiar



FILMES NAS AULAS DE HISTÓRIA. E AGORA? POR QUE E COMO USÁ-LOS?

Este texto retoma a discussão sobre os filmes como fontes históricas e seus possíveis usos no ensino de História. Sabemos que a relação entre o Cinema e a História já está consolidada, e o uso de filmes em salas de aula já é uma realidade. Por isso, nossa pretensão aqui é apresentar algumas sugestões de como analisar filmes nas aulas de História.

A discussão sobre o uso de filmes no ensino História suscitou, nos últimos anos, importantes pesquisas. Desde o estudo pioneiro de Marco Ferro no final dos anos 1970, a relação entre Cinema e História impactou, de forma decisiva, as aulas de História. Hoje, vem crescendo um número significativo de revistas tanto no formato online quanto impresso e eventos que se debruçam sobre esse tema.

Ferro em seu texto intitulado ‘O filme: uma contra-análise da sociedade?’ (1976), que compunha o volume ‘História: Novos objetos’, organizado por Jaques Le Goff e Pierre Nora, foi um dos pioneiros em teorizar sobre a relação entre cinema e História e em tratar o filme como fonte histórica a partir de métodos e abordagens específicos.  Cabe enfatizar que Mandrou (1958) foi o primeiro a abordar o uso do cinema como documento histórico em seu texto ‘Historie et cinema’. Sorlin (1977) também foi outro pioneiro nos estudos de cinema e sua relação com a História.

Também merece destaque as contribuições do historiador Rosenstone (2010) nesse campo de estudo. Desde que o movimento dos Annales ampliou o campo de estudo da historiografia com a inclusão de novos objetos e novas abordagens, a visão sobre o cinema não parou de se modificar. A incorporação do cinema entre os objetos da historiografia se deu em meio aos debates e às mudanças que ocorreram no campo historiográfico na França, em particular, na Inglaterra e nos Estados Unidos durante as décadas de 1970 e 1980. Desde então, os historiadores perceberam as amplas possibilidades do uso do cinema como fonte histórica e como um recurso pedagógico.

Enquanto muitos pesquisavam sobre as diversas possibilidades de trabalho com os filmes em salas de aula, as rápidas transformações nas novas tecnologias impuseram novos desafios não só aos pesquisadores, mas também aos professores na passagem do século XX para o século XXI.

Diante desse cenário que se desenha, os filmes ainda são usados frequentemente em salas de aula como ilustração de um determinado conteúdo histórico, como entretenimento, como “prova do real” ou como “confirmação de fatos”. Pode-se dizer que isso ocorre quando o professor não tem o mínimo de conhecimento acerca da estética, técnicas e linguagem audiovisual. Assim, é preciso usar os filmes em salas de aula como fontes históricas e como recursos didáticos para se debater temas históricos diversos, sempre levando em consideração as especificidades da linguagem audiovisual. Dessa forma, eles devem ser objetos de uma crítica contundente.

Concordamos com Fonseca (2009), quando afirma que a linguagem audiovisual não tem compromisso com a produção historiográfica, pois ela se basta enquanto sistema produtor de significados. Com efeito, a produção fílmica, em muitos casos, não está comprometida “fielmente” com a pesquisa histórica.

Com base nisso, deve-se conhecer as particularidades da linguagem audiovisual antes de ter o filme como objeto de análise histórica ou de exibi-lo em sala de aula. Lembrando que ele é um produto sociocultural complexo, que às vezes escapa dos nossos esquemas analíticos. Além disso, pode possuir uma finalidade ideológica, política ou didática.

Partimos do pressuposto de que “desde que os dirigentes de uma sociedade compreenderam a função que o cinema poderia desempenhar tentaram apropriar-se dele e pô-lo a seu serviço”. (FERRO, 1992, p. 13-14). Neste sentido, o cinema também foi posto a serviço da educação. Desde o início do século XX houve uma preocupação em abordar as relações entre cinema e educação no Brasil, sobretudo as possibilidades metodológicas, as vantagens e os riscos da utilização de filmes em salas de aula. (FONSECA, 2009). Daí discutiu-se o caráter educativo do cinema. 

Ou seja, desde as primeiras décadas do século XX, os educadores já perceberam o poder das imagens em movimento, suas potencialidades pedagógicas, enfim, seus possíveis usos na educação. A presença das imagens audiovisuais nas salas de aula nesse período é discutida por Jonathas Serrano e Francisco Venâncio Filho em ‘Cinema e Educação’ (1931), e por Joaquim Canuto Mendes de Almeida, que manifestou suas impressões sobre a relação cinema e educação em ‘Cinema contra cinema’ (1931).

O uso de filmes no ensino não só foi discutido amplamente pelos teóricos da educação, mas também pelos próprios cineastas, como podemos observar em filmes como ‘Outubro’ (1928) e Encouraçado Potemkin’ (1925), ambos dirigidos pelo importante cineasta russo Sergei Eisenstein, que possuía pretensões político-educativas ao produzir estas obras. (FONSECA, 2016).

Diante desse contexto, o filme, como produto do cinema, entrou nas salas de aula como recurso didático há pelo menos desde o final dos anos 1980, mas só recentemente é que estão surgindo algumas propostas mais sistematizadas e novas abordagens que orientam o professor a usá-lo no ensino de História.

Vale ressaltar que, segundo Souza (2017), a história da relação entre o cinema e a educação formal tem início já nos primórdios do cinema, porém a consolidação desta relação nas escolas se deu tardiamente. A “sétima arte” foi considerada pelos próprios realizadores de cinema como uma importante ferramenta de educação e instrução. Dessa forma, já havia desde cedo à preocupação do uso de filmes como recurso pedagógico.

Isto posto, o filme para ter alguma legitimidade na construção do saber histórico deve ser tratado como documento histórico e ser sempre questionado pelo professor ou pelo pesquisador. Ou seja, deve-se partir de um problema, questionando o filme como qualquer outro documento usado no ensino de História ou na pesquisa. É necessário ter mente no momento dos questionamentos, que o filme é um documento produzido em um determinado tempo e espaço, por isso sempre sofreu influências da época e da sociedade em que foi produzido. Assim, pode ser utilizado como objeto de análise histórica, uma vez que é testemunho de sua época, tornando-se, portanto, em um importante registro da sociedade que o produziu.

Como afirma Valim (2005), é necessário tratar o filme como um documento que sempre fala do presente, podendo servir como um instrumento de denúncias. Ademais, segundo Nova (1996), o passado retratado em muitos filmes pode funcionar como um instrumento de ocultação de um conteúdo presente.

Além disso, Napolitano (2003) chama a atenção para o fato de que o chamado “filme histórico”, muito utilizado em salas de aula, ancora-se no passado e no presente. No presente, observa-se a produção do filme, sua distribuição, exibição e recepção. Já no passado representado no filme, analisa-se a narrativa histórica, os eventos e as performances dos personagens. Nas performances é possível observar a distribuição dos papéis e os lugares que os personagens ocupam na sociedade retratada. Em síntese, a obra fílmica produzida é baseada na percepção do pensamento contemporâneo sobre o passado.

O “filme histórico” apresenta um discurso sobre o passado tomado pela subjetividade. Nesse sentido, apresenta-se nele um ponto de vista do cineasta sobre determinado acontecimento anterior, que emite suas opiniões e seus valores sobre este acontecimento. Cabe ressaltar que o cineasta não expressa em seu filme o passado tal como aconteceu, como se os historiadores também pudesse fazê-lo.

Diante disso, podemos fazer os seguintes questionamentos ao filme, que podem servir como guias para a análise do mesmo nas aulas de História: Quem o produziu? Qual o contexto histórico-social de sua produção? Como ele representa ou interpreta o passado? Quem o vê e quem são vistos através dele? A que interesses buscam atender a produção de um filme?

Além disso, os filmes sempre serão infiéis à realidade que procurarão representar ou discutir. Eles congelam um instante do real e organiza-o de acordo com os interesses e as intenções de profissionais do campo cinematográfico. Assim, têm sua própria linguagem e especificidade, por isso a importância de aplicar tratamentos diferenciados em sua leitura e utilização no ensino de História.

Lembrando que há várias possibilidades de leituras e de utilização de um filme, que diz tanto quanto for questionado. Napolitano (2005, p. 282) propõe a dupla pergunta para uma análise de um filme: “o que um filme diz e como diz?”. Portanto, o valor documental de um filme está atrelado à capacidade analítica do professor ou pesquisador. Conforme já foi dito, por ser uma linguagem tão complexa, carregada de vários elementos e significados, o filme pode escapar de nossa capacidade analítica.

Ferro (1976) sugere-nos que devemos não só analisar o “visível” em um filme, mas também o “não visível”. Dessa forma, na análise fílmica é necessário levar em consideração o que está por trás das câmeras, procurando entender o processo de construção do filme. É ir além da descrição da narrativa fílmica e investigar o modo pelo qual o filme reconstrói o passado nas suas narrativas. (ROSSINI, 1999).

Para se fazer uma análise de um filme e seu possível uso como um recurso pedagógico nas aulas de História, será preciso:

a) planejamento prévio do filme relacionado ao conteúdo escolar; b) analisar os elementos narrativos do filme; c) discutir o processo de construção do filme; d) analisar o filme com outras fontes; e) analisar as imagens fílmicas como tais e o contexto histórico-social no qual elas foram produzidas; f) fazer a comparação entre filmes; g) assistir sistemática e repetidamente aos filmes para realizar uma leitura crítica; h) ver o filme como parte de uma experiência cultural; i) tratar o filme como fonte histórica.

Utilizar o filme como fonte histórica, significa analisá-lo e discuti-lo à luz da época em que produzido e também do presente. É entendê-lo como produto um cultural e estético que veicula valores, conceitos, ideias, padrões de comportamento, imaginários, relações de poder, representações sobre um passado, entre outros aspectos.

Valim apresenta de forma didática as principais etapas de análise de um filme, inclusive algumas já apresentadas neste texto, que podem ser úteis no ensino de História:

“1) O conteúdo aparente ou a imagem da realidade: é a forma como o filme é apreendido, como é visto em um primeiro momento; 2) Com a análise das imagens a partir de um determinado contexto histórico; 3) Em decorrência do segundo ponto, pode-se chegar a uma zona de conteúdo latente, algo que escapa à primeira vista, mas que ainda pode ser compreendido se dissociado do contexto histórico; 4) Por meio dessa prerrogativa metodológica pode-se então adentrar na zona da realidade não-visível, mesmo que ela não possa ser reconstituída da maneira tal como se deu (fato histórico), ipso facto, somente se poderá chegar próximo de tal realidade, respeitadas as devidas conexões com o contexto em que o filme foi produzido – acrescentamos que tal prerrogativa também vale para a recepção do filme”. (VALIM, 2005, p. 20, grifo do autor).

Um dos métodos para a análise da historicidade de um filme, é compará-lo com outros filmes e fazer também a comparação da recepção desse mesmo filme em épocas distintas. O contexto de produção de um filme é tomado considerado a época de lançamento e o uso que se faz em outro momento histórico, mesmo em sala de aula. E esta temática tem variações quanto aos valores em determinada época e lugar”. (FERNANDES, 2007, p. 21).

Outro aspecto a considerar na análise fílmica, é a mensagem ideológica presente em um filme, que pode vir à tona quando analisamos as suas principais características: a imagem, o diretor, o público, as legendas, o cenário, o figurino, as trilhas sonoras, os atores, as atrizes e a crítica. Lembrando que filmes extremamente fantasiosos transmitem ideologias e não estão desligados da realidade social. Dessa forma, a liberdade de criação de um filme não implica necessariamente uma ausência de elos com o social.

Em síntese, sabemos que a disciplina História nas escolas brasileiras tem uma carga horária reduzida, por isso muitas vezes o professor não consegue exibir o filme por completo e, assim, no momento da exibição, pode manipular as imagens alterando-as de diversas maneiras para uma melhor análise das mesmas: voltando-as ou adiantando-as, repetindo a sequência, congelando quadros, modificando o tempo dos filmes através da câmera lenta e tudo o que for preciso para melhor compreender o passado ali representado.

É dessa forma que o filme incorporado ao ensino de História pode ser trabalhado significativamente. Concordamos com Fonseca (2009) ao afirmar que a incorporação de filmes de forma planejada e articulada ao processo de ensino e aprendizagem pode contribuir de forma significativa para o saber histórico, ético e estético. É preciso sempre uma metodologia adequada ao utilizar um filme, independente de seu gênero ou narrativa, nas aulas de História. Não se pode tratá-lo como algo transparente, sem levar em conta suas características narrativas próprias.

É necessário sempre questionar e problematizar os filmes, senão suas narrativas acabam contribuindo para “consolidar uma história acrítica, ao impor uma leitura na qual estão ausentes os conflitos, as contradições, ‘os vencidos’, os esquecidos e as lutas políticas”. (BERUTTI; MARQUES, 2009, p. 133).

Quando os filmes servem apenas como ilustração ou como forma de ocupar o tempo dos alunos, suas narrativas históricas acabam sendo tomadas como “verdade”. Isso porque somos bastante iludidos pelo “efeito de real” produzido pelo cinema, que retrata o passado com tanta riqueza de detalhes que temos a sensação de estar diante do passado em si, e não, de sua representação. (ROSSINI, 1999). Uma armadilha que deve ser evitada nas aulas de História.

Outro aspecto a destacar, é a utilização do filme como fonte histórica ou como recurso didático. Não é uma tarefa simples, já que estamos trabalhando com um filme que em si já é uma representação. Nesse sentido, uma dica seria trabalhá-lo dentro do campo dos estudos culturais, com enfoque para as noções de representação e imaginário que melhor podem ser relacionadas a ele. Assim, é necessário sempre ter uma finalidade educativa para o filme, e tudo dependerá da maneira como o professor o utilizará na sala de aula.  


Considerações finais

Este texto apresentou, de maneira simples, algumas sugestões que pode nos orientar na utilização de filmes nas aulas de História. Trabalhar com o cinema exige muito mais do que uma simples escolha de um filme para discutir um determinado conteúdo escolar. Devemos refletir sobre como o filme se relaciona com o ensino de História e com o currículo escolar, sempre tendo em vista os seus limites e as suas possibilidades.

O filme é um documento imerso em condições sociais de produção. Isto é, oferece referências da época e do lugar em que foi fabricado, por isso sua importância para o ensino de História. O filme como fonte histórica e recurso didático, se bem questionado e problematizado, pode permitir aos alunos se aproximarem do passado, entendendo-o de uma maneira diferente da produção escrita.

O filme não pode ser usado de maneira descuidada, sem ter nenhuma ligação com o conteúdo histórico escolar, nem ocupar o tempo dos alunos, nem ser utilizado para confirmar fatos, nem considerar como “verdadeira” e “real” as imagens que ele apresenta. Dessa forma, o filme não contribuirá com o processo de ensino e aprendizagem em História.

Utilizar o filme como recurso pedagógico é uma possibilidade dos alunos aprender História pelos olhos. Contudo, como afirma Napolitano (2005), é necessário “alfabetizar”, antes de tudo, o olhar dos alunos para uma melhor análise do filme, refletindo sobre como ele representa o passado. Só com a formação do olhar, através de um tratamento adequado aos filmes, é que os alunos poderão assisti-los de maneira mais atenta, crítica e investigativa.

O filme é um valioso recurso didático nas aulas de História, porque através dele é possível compreender duas temporalidades: o passado e o presente. Ele fala muito mais sobre o presente ainda que sua narrativa esteja centrada no passado. Para tanto, é necessário contextualizar o período retratado pelo filme, apresentar o filme como documento, focalizando suas características, em que condições foi produzido e por quem, que influências recebeu, sempre lembrando que o documento em questão é produto de sua época.

A prática de análise histórica de um filme é dificultada, muitas vezes, pela falta de preparação de professores nos campos teórico e técnico. A questão é não tornar-se um especialista em estudos de cinema, mas ter domínios básicos sobre a relação Cinema e História, Cinema e Educação, considerando a imagem como um elemento fundamental do processo de aprendizagem contemporâneo. (NOVA, 1996).

Ter um domínio básico da linguagem cinematográfica é desfrutar junto aos alunos o máximo das potencialidades educativas dos filmes. Assim, precisamos superar a prática social de utilização do cinema como ilustração ou lazer. O cinema é um suporte de interpretação da realidade e de constituição da imagem de um determinado povo e sua cultura.

Referências

Antônio Barros de Aguiar é mestrando em História Social da Cultura Regional pela UFRPE sob a orientação do professor Natanael Duarte de Azevedo. Bolsista CAPES. E-mail: barrosaguiar.ab25@hotmail.com
        
ALMEIDA, J.C.M. Cinema contra cinema. São Paulo: São Paulo Editora, 1931.

BERUTTI, Flávio; MARQUES, Adhemar. Ensinar e aprender história. Belo Horizonte: RHJ, 2009.

FERNANDES, Sandro Luis. Filmes em sala de aula – Realidade e Ficção: uma análise do uso do cinema pelos professores de história. 2007. 158 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Setor de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

FERRO, Marc. O filme: uma contra-análise da sociedade? In: LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre. História: novos objetos. Tradução de Terezinha Marinho. Rio de Janeiro: F. Alves, 1976, p. 199-215.

FERRO, Marc. Cinema e História. Tradução de Flávia Nascimento. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

FONSECA, Selva Guimarães. Fazer e Ensinar História. Belo Horizonte: Dimensão, 2009.

FONSECA, Vitória Azevedo da. Cinema, Educação e Estado: a inserção da Lei 13.006/14 e a obrigatoriedade da exibição de filmes nas escolas. Laplage em Revista (Sorocaba), vol.2, n.1, jan.- abr. 2016, p. 138-145. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/6193574.pdf Acesso em: 04 fev. 2019.
MANDROU, Robert. Histoire et cinema. Annales E.S.C., Paris, n. 1, p. 140-149, janvier/mars, 1958. Disponível em: http://www.persee.fr/doc/ahess_0395-2649_1958_num_13_1_2720. Acesso em: 09 out. 2017.
NAPOLITANO, Marcos. A História depois do papel. In: PINSKY, Carla B. (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005, p. 235-289.

NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2003.

NOVA, Cristiane Carvalho. O cinema e o conhecimento da história. O Olho da História, Salvador, v. 2, n.3, p. 217-234, 1996. Disponível em:

ROSENSTONE, Robert A. A história nos filmes, os filmes na história. Tradução de Marcello Lino. São Paulo: Paz e terra, 2010.

ROSSINI, Miriam de Souza. As marcas da história no cinema, as marcas do cinema na história. Anos 90. Porto Alegre, n. 12, dezembro de 1999. Disponível em: http://www.seer.ufrgs.br/index.php/anos90/article/view/6596/3917 Acesso em: 20 dez. 2018.

SERRANO, J.; VENANCIO FILHO, F. Cinema e Educação. São Paulo: Melhoramentos, 1931.

SOUZA, Daniel Marcolino Claudino de. O cinema na escola: aspectos para uma (des)educação. São Paulo: s.n., 2017. 355 f. Tese (Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Educação. Área de concentração: Linguagem e Educação) – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.

SORLIN, Pierre. Sociología del cine: la apertura la historia de mañana.Traducción de Juan José Utrilia.  México: Fondo de Cultura Económica, 1977.

VALIM, Alexandre Busko. Entre textos, mediações e contextos: anotações para uma possível História Social do cinema. História Social. n. 11. Campinas – SP, 2005, p. 17-40. Disponível em: http://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/rhs/article/view/148/141. Acesso em: 12 jan. 2019.


40 comentários:

  1. Antônio, quero parabenizá-lo pelo trabalho. Realmente é preciso que enquanto professores utilizarmos o recurso do cinema a partir de critérios pré-definidos e planejamento, tendo os filmes como recurso pedagógico nas aulas de História. Gostaria de saber se você já realizou ou pretende realizar alguma análise a partir da visão dos alunos diante deste recurso, saber como é a recepção e envolvimento. Há algum estudo seu ou proposta neste sentido para compartilhar?

    Lívia Carolina Vieira

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  2. Olá, Lívia Carolina! Agradeço pela leitura do texto e pelas perguntas. Já realizei análises a partir da visão dos alunos.
    Em minhas aulas sempre procuro perceber o entendimento dos alunos a respeito dos filmes, já que eles têm facilmente acesso a estes produtos culturais em suas residências. No primeiro momento, os alunos ficam livres para expressarem suas opiniões sobre o filme assistido. Já no segundo momento, partimos para discussão do filme, fazendo a conexão com o conteúdo histórico e compreendendo o seu processo de construção, sem perder de vista a época de sua produção e recepção. Os alunos adoram quando exibo filmes em sala de aula. Ficam fascinados. O problema é que eles ainda não aprenderam a ver o filme como um documento histórico, ainda o exergam como algo que distrai e diverte. Com relação a isto, hoje desenvolvo uma pesquisa que busca alfetizar ou formar o olhar dos alunos para compreender os filmes. Para isso, utilizo "Orfeu do Carnaval" (1959), de Marcel Camus e "Ganga Zumba" (1963), de Cacá Diegues, como duas ferramentas para o ensino de História e Cultura Afro-brasileira no âmbito da Lei 10.639/03 a partir da semiótica e de algumas metodologias apresentadas no texto em questão. Espero ter respondido suas questões. Abraço.

    Antônio Barros de Aguiar

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  3. A questão do uso do cinema como “mera ilustração” de conteúdos históricos é primordial para os que utilizam os filmes como um recurso didático na disciplina escolar de História. Concordando com os argumentos do autor da comunicação considero o filme como um documento histórico, que pode ou não tratar de um tema considerado “propriamente histórico”, sempre deve ser tratado como uma representação do real, uma construção sócio-histórica coletiva, por mais que o cinema-diretor tenha vencido o debate sobre a autoria do filme, prefiro concordar com o filósofo alemão W. Benjamin de que o Cinema é sempre uma “Obra de arte coletiva” já que mesmo que o filme seja um monólogo sempre tem no mínimo alguém que está nas frentes das câmeras e por trás delas.
    A comunicação levanta uma questão interessante sobre o tempo da disciplina de História na Educação Básica e o uso de filmes (longa-metragem) na sala de aula. Caberia aqui um questionamento para reflexão: é válido esquartejar uma obra de arte para utilizá-la didaticamente? Quando usamos A Escola de Atenas (Scuola di Atene) de Rafael para tratar da (re)significação dos gregos antigos pelos artistas renascentistas não cortamos a figura que representa Sócrates do contexto da obra, pois pareceria um disparate desmantelar a obra de Rafael que faz sentido somente em sua plenitude. Então por que parece válido recortar partes da obra de Charles Chaplin para mostrar o processo de Industrialização em “Tempos Modernos”? Não seria mais justo com a obra e com os educandos a fruição completa da obra de arte articulando, por exemplo, as aulas de Língua Portuguesa ou mesmo Matemática que tem maior carga horária, trabalhando de forma transdisciplinar? Ou caso não seja possível estas parcerias escolher curtas-metragem que possibilitam sua exibição completa no decorrer das aulas de História? Me preocupam os processos de didatização que privam os educandos da fruição estética em nome de uma pretensa racionalização do tempo escolar. Gostaria que o comunicador comentasse este meu ponto de vista. Obrigado.

    Rubens Baldini Neto (ProfHistória-UNICAMP)

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    1. Olá, Rubens Baldini! Agradeço pela leitura do texo e sua contribuição. Seus questionamentos são pertinentes. Penso que o uso do filme nas aulas de História dependerá muito da abordagem do professor. Então, ele deverá questionar-se: Qual o objetivo de trabalhar com um determinado filme? O filme se relacinona com a disciplina que leciono ou com a área curricular? Quais os limites e as possibilidades de trabalhar o filme com meus alunos?
      Concordo com você quando propõe a exibição completa do filme. E mesmo as aulas de História tendo uma carga horária menor que a de portuguê e matemática, por exemplo, trabalhar o filme de forma transdisciplinar, é um bom caminho, como também propõe Marcos Napolitano em "Como usar o cinema em sala de aula" (2009). Você citou "Tempos Modernos", uma obra que pode dialogar com Geografia e História. Trata-se de um diálogo importante entre estas duas disciplinas. Daí a possibilidade de exibi-lo sem cortes. O filme é um documento visual complexo, e para compreendê-lo penso que pode se fazer uma decomposição a partir de um critério previamente definido. A definição desse críterio dependerá também do próprio filme. E a partir da decomposição, é possível fazer uma descrição estética no que diz respeito ao enquadramento, planos, ângulos, entre outros. De fato, exibir partes de um filme provoca a curiosidade dos alunos que desejam ver o desefecho da narrativa fílmica. Então, só após a exibição completa do filme é que se poderia fazer uma análise rigorosa, atenta e detalhada de alguns de seus planos.
      Espero ter respondido suas questões. Um grande abraço.

      Antônio Barros de Aguiar

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    2. Obrigado pela resposta e reflexão.
      Rubens Baldini Neto

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  4. Antonio Barros, parabéns pelo trabalho. Utilizo filmes como recurso educativo para o ensino em nutrição e para mim foi esclarecedora a análise que você traz sobre o uso de filmes como fontes históricas e como objeto de crítica. Além de informações pedagógicas sobre o seu uso.
    Diante disso, gostaria de lhe perguntar. Como você enxerga o uso de filmes como recurso pedagógico crítico no ensino superior? Porque vemos que cada vez mais este recurso tem se tornado pouco comum entre docentes do ensino superior.
    Lúcia Dias da Silva Guerra

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    1. Olá, Lúcia! Parabéns pela iniciativa de usar filmes como recurso pedagógico em Nutrição. Excelente pergunta! Vejo a utilização de filmes no ensino superior como uma forma de contribuir para a aprendizagem significativa do aluno. Muitas vezes, utiliza-se o filme para discutir textos propostos pelo professor. Todavia, ainda percebo a falta nesse espaço de ensinar a ver o cinema, ou seja, "alfabetizar" nosso olhar para melhor compreendê-lo e, assim, termos maior capacidade de associá-lo e discuti-lo com os textos. Abraço.

      Espero ter respondido sua questão!

      Antônio Barros de Aguiar

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  5. Belíssimo trabalho. Durante muito tempo o uso de filmes em sala de aula foi visto como recurso daquele profissional que queria não ter trabalho ao planejar uma aula de conteúdo específico. Ultimamente muito tem sido feito para que essa visão seja reconstruída e o uso de filmes como recursos pedagógico tornou uma ótima ferramenta didática. Tendo em vista a quantidade de aulas semanal de professor de história e a duração dos filmes com contextos históricos, você acredita que o corte de cenas especificas é um boa proposta para trabalho? Ou de algum modo, essa alternativa imprime a visão do profissional e de repente não mostre aquilo que os alunos poderiam vê com a execução completa da película?

    Leide Rodrigues dos Santos

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    1. Olá, Leide Rodrigues! Acredito que o corte de cenas específicas de um filme poderá ser feito após a exibição completa do mesmo em sala de aula. A partir disso, o professor poderá ver o filme como um texto: identificar a cena principal e como esta se interliga com as restantes. Analisá-las criticamente. Isto não é uma tarefa fácil.
      Penso que seria importante saber do aluno qual(is) cena(s) chamou(ram) mais a sua atenção, pois como você bem enfatizou, a escolha da(s) cena(s) pelo professor pode imprimir a visão deste nos alunos. Contudo, quando o professor tem um domínio básico da linguagem audiovisual e possui objetivos previamente definidos, ele saberá utilizar a(s) cena(s) de sua escolha não como uma imposição de sua visão, mas, sim, como uma forma de abrir caminho para o diálogo, ou seja, para diferentes leituras e interpretações. Caso o professor tenha dificuldades em usar um filme devido a sua duração, uma possível saída é buscar o diálogo com outras disciplinas e, assim, trabalhar de forma transdiciplinar. Abraço

      Espero ter respondido suas questões!

      Antônio Barros de Aguiar

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    2. Boa noite! O meu trabalho na dissertação de mestrado tem por base essa questão, editar os filmes para melhor desfrutar do recurso audiovisual. A minha proposta é criar um editor para que o professor possa destacar as partes mais importantes para ser trabalhados com os alunos.
      David Silva Dias

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  6. Parabéns pelo trabalho professor.

    Gostaria de saber como o senhor analisa nossa realidade atual, em que filmes baseado em ficções são a grande maioria dos filmes consumidos, principalmente entre os jovens? As representações das ficções sempre tem um sentido (mesmo que implícito) e uma relação com a opinião dos diretores e produtores (Rambo quem o diga), mas esse movimento, de se destacarem como grandes bilheterias apenas filmes com realidades totalmente fantasiosas, não apequena a capacidade do telespectador em entender seu contexto, sua própria realidade?
    Não sei se fui claro, mas os filmes de hoje, de modo geral, possuem mais o sentido de diversão, de fuga da realidade, e parece que são pensados realmente com essa finalidade. Como conciliar tal situação com a aplicação de filmes em sala de aula?

    Desde ja grato pelos esclarecimentos

    Rodrigo Monteiro da Silva

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    1. Olá, Rodrigo Monteiro! Obrigado por suas considerações e perguntas. De fato, o filme tem se tornado muito presente nas salas de aulas, e tem sido muito aceito pelos alunos. Vivemos em mundo cercado e dominado por imagens, sejam elas estáticas ou em movimento. E acostumano-nos diariamente com o bombardeio diário destas imagens.
      Penso que os filmes de ficção provocam um impacto de realidade. Eles são resultados de um conjunto escolhas, recortes e perspectivas, que envolve um leque de profissionais do campo cinematográfico. Cabe-nos sempre questinar em sala de aula a ideia de que um filme baseado em ficção não tem compromisso com o real, mas não está desligado da sociedade que o produziu. Nesse sentido, a liberdade de criação do diretor e sua equipe não necessariamente implica em ausência de elos com o social.
      Assim, muitos filmes, mesmo aqueles extremamente fantasiosos, sobretudo os produzidos pelo cinema norte-americano, transmitem ideologias, visões de mundo, conceitos, entre outros, que podem gerar um rico debate em sala de aula. É necessário analisar o filme para além do que um diretor quis dizer.
      Você trouxe o exemplo de "Rambo", e sugiro a leitura "A cultura da mídia" (2001), de Douglas Kellner.

      Espero ter respondido suas perguntas. Um forte abraço


      Antônio Barros de Aguiar

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  7. Gostei muito do texto. O uso de filmes em sala de aula é realmente muito importante, principalmente nas aulas de História. O problema é que muitas das vezes os professores não têm nenhuma estrutura para a utilização dessa ferramenta. Além disso, o filme geralmente demanda alguns horários para apreciação e discussão. Tendo em vista, a sua abordagem, nas considerações finais, gostaria que comentasse mais sobre um trecho em específico. Quando você ressalta que o filme deve está dentro do “conteúdo histórico escolar”, você então não aprecia a exibição de filmes que não estejam na grade curricular, mas que possam agregar valores e promover aprendizado aos estudantes?

    Atenciosamente, Edivaldo Rafael de Souza.

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    1. Olá, Edivaldo Rafael! Acredito que todo filme é válido, desde que se tenha alguma finalidade educativa para ele. Quando falo que os filmes devem ter alguma relação com o conteúdo histórico escolar refiro-me ao fato de que (falo de minhas experiências com o uso de filmes no espaço escolar) algumas escolas podem limitar a exibição deles na sala de aula por pensarem que não estão atrelado ao conteúdo. Tudo dependerá de como o professor usará o filme.
      Reitero que é importante levar para sala de aula filmes que não estejam na grade curricular, uma vez que eles não estão totalmente isentos dos condicionamentos sociais e culturais de sua época e sempre tem algo a nos ensinar, até mesmo os mais fantasiosos.

      Espero ter respondido suas questões! Abraço

      Antônio Barros de Aguiar

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  8. Olá Antônio Barros, sua pesquisa é de grande valia para os educadores de modo geral. Também tenho experiência a exibição de filmes em sala de aula, só que desenvolvemos isso na EJA. E partilhamos das mesmas sugestões. Porém com base em seu trabalho e em sua experiência gostaria de saber como você elabora os critérios de escolha dos filmes, afim de que eles venham servir não só para um campo específico do saber, mas para vários? Ou seja, com base em quais indícios o professor pode trazer um filme para a sala de aula sem que fuja ao processo de ensino aprendizagem?

    Cordialmente, Antonia Stephanie Silva Moreira.

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    1. Olá, Antonia Stephanie! Excelente pergunta! A escolha dos filmes não é uma tarefa fácil. Geralmente escolho filmes que possam ter algum significado para a vida dos alunos ou filmes que nos dão condições de repensar nosso próprio presente, percebendo os recuos e os avanços na política e na vida social. Alguns filmes podem retratar a vida de muitos alunos. É como se eles enxergassem suas próprias vidas projetadas na tela. Também filmes que falam de questões que aflingem a escola, como a questão racial, o bullying, entre outras. Já utilizei o filme "Anjos do Sol" (2006), de Rudi Lagemann, para discutir, na aula de História, sobre a exploração sexual infantil, já que possuía algumas alunas nesta triste condição. Era uma forma de o filme causar um impacto de realidade naqueles jovens. Um filme forte, que mostra a triste realidade de nosso país, que, ao meu ver, se fazia necessário naquela aula.
      Além disso, sempre busco levar para sala de aula diferentes fontes, sobretudo o filme, para que os alunos possam ter um leque de possibilidades para aprender um determinado conteúdo. Acredito que um filme, seja ele histórico ou não, sempre traz temas importantes que podem dialogar com diferentes áreas do conhecimento.

      Espero ter respondido sua questão. Abraço.

      Antônio Barros de Aguiar

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  9. Alex Campos de Souza10 de abril de 2019 às 20:38

    Boa noite Antônio, parabéns pelo texto e por compartilhar sua experiência conosco. Atualmente o grande desafio do professor é o de proporcionar aulas que atraiam o interesse dos alunos para o universo do passado, para tanto a exposição e análise de filmes estão dentre os recursos mais utilizados pelos docentes. Em relação a escolha do filme a ser apresentado podemos escolher dentre filmes cinematográficos, documentários, etc. Levando-se em consideração de que toda obra possui uma parcialidade, uma ideologia. Em relação a essa questão, como deve proceder o professor na escolha da obra a ser exposta? Ele deve apresentar o tema em mais de uma obra, com perspectivas diferentes? Tomando como um exemplo ilustrativo ao tratar o tema segunda guerra mundial o professor poderia apresentar um documentário Americano e depois um documentário produzido na União Soviética, ou seja, documentários produzidos por ideologias diferentes. Você, como professor, acredita que a análise multifocal deveria ser fundamental no estudo dos filmes ao serem usados no ensino de História?

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    1. Oi, Alex Campos! Agradeço pelas valiosas perguntas. O professor não pode se deixar ser influenciado pela ideologia de um filme, mas, sim, explorá-la criticamente ou fazê-la vir à tona quando analisa os principais aspectos do filme. É importante o professor trabalhar com filmes ou documentários que apresentem a mesma temática, porém com perspectivas diferentes. Lembrando que os filmes são passíveis de múltiplas leituras e interpretações pelo espectador.
      A análise multifocal amplia a compreensão sobre o passado representado nos filmes, como também amplia a compreensão sobre o presente. Nesse sentido, a comparação entre os filmes também é necessária, uma vez que a recepção de um filme pode ter variações quanto aos valores em determinada época e lugar. São propostas capazes de estabelecer uma relação crítica não só com o ensino de História, mas também com a realidade social.

      Espero ter respondido suas questões! Abraço

      Antônio Barros de Aguiar

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  10. Prezado Antônio, para mim é um enorme prazer em encontra-lo aqui. Primeiramente parabéns mais uma vez pelas suas inefáveis contribuições para o ensino de história. Sabemos que a partir do entendimento das ideias que os alunos possuem sobre como operam as representações fílmicas da história, pode-se começar a trazer questões novas para questionar e aprofundar os debates sobre as formas com que tais atividades têm sido propostas e pensadas, no sentido de contribuir para o aprofundamento do conhecimento no campo do ensino de história, especialmente sobre o pensamento dos alunos com relação à racionalidade histórica. Isso nos leva ao seguinte questionamento: Esses alunos compreendem a possibilidade de um evento histórico ser usado como pano de fundo de um roteiro cinematográfico, o que não exclui a possibilidade de se criar personagens e montar uma história ficcional?

    Willys Soares da Silva.

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    1. Olá, Willys Soares! Fico feliz com sua vinda até o meu texto. Acredito que os alunos possuem uma enorme dificuldade em compreender o evento histórico como pano de uma obra cinematográfica, pelo fato de esta criar um "efeito de realidade". Este "efeito de realidade" faz com que os alunos pensem que estão diante do passado em si, e não de sua representação. Por isso, é necessário "alfabetizar" o olhar dos alunos para entender esse aspecto no momento de analisar o filme.

      Espero ter respondido sua questão! Um grande abraço.

      Antônio Barros de Aguiar

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  11. Olá bom dia. O audiovisual como foi afirmado no texto, muitas das vezes não esta comprometido com a verdade histórica e dessa forma pode se levar analises equivocadas para os estudantes. Dessa forma gostaria de saber se além dos que já foram apontados no artigo, de que forma podemos driblar esse problema, e apresentar o audiovisual em sala de aula como fonte histórica, mas comprometidos com a verdade.
    Gilberto Carlos Rosalino

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    1. Olá, Gilberto! Penso que será difícil o uso de filmes comprometidos com a verdade histórica, pois esta não é a intenção do cineasta ao produzi-los. Continuo concordando com Selva Guimarães Fonseca (2009), quando afirma que devemos está mais atentos à própria especificidade da linguagem audiovisual do que o compromisso desta com verdades históricas ou com a historiografia. Nesse caso, discutir os filmes a partir dos métodos propostos por Sorlin e Ferro seria importante para driblar o problema apontado por você.
      Assim, Sorlin buscou o auxílio da semiótica como uma forma de entender os elementos que constituem o filme, ao passo que Ferro dedicou-se à análise contextual do filme. O ponto em comum entre eles são as relações que o filme estabelece com a sua época, a ideia de que imagem fílmica não é uma copia do real e de que a câmera pode apresentar aspectos que vão além das intenções o diretor e sua equipe.

      Espero ter respondido sua questão! Abraço.

      Antônio Barros de Aguiar

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  12. Raynara Cintia Coelho Ribeiro11 de abril de 2019 às 06:09

    Bom dia, gostaria de parabenizar pelo trabalho.É muito interessante uma pesquisa que discute o uso de filmes como documento histórico. Gostaria que você falasse um pouco mais sobre as estrategias práticas para se utilizar filmes em sala de aula, aguçando nós alunos um olhar mais critico e problematizador da fonte histórica.

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    1. Olá, Raynara Cintia! As estratégias práticas para o uso de filmes em salas de aula denpende muito de quem os usam. Qualquer filme pode ser utilizado didaticamente como uma ferramenta auxiliar do ensino de Históra, seja através de sua leitura história, seja por meio da apreensão e discussão dos seus elementos constitutivos. Buscar a recepção dos filmes nos jornais da época em que o filme foi produzido também é uma forma de ter um olhar mais crítico sobre ele.

      Espero ter ajudado. Abraço.

      Antônio Barros de Aguiar

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  13. Caro Antônio , antes de fazer minha pergunta , gostaria de parabenizá-lo pelo presente texto enriquecedor e também propulsor de debates em torno da questão binomial " História e Cinema " . Você dialoga com outros autores ampliando as reflexões do tema tanto na abordagem em questões em relação ao uso do filme como fonte histórica quanto como ferramenta pedagógica . Sou professor de história e pós graduando em História, Sociedade e Cultura . Uma dúvida me paira em uma de suas citações de seu brilhante texto : Quando cita uma reflexão do professor Marcos Napolitano quando ele nos diz que o filme se ancora no passado e presente , sendo que no passado " analisa-se a narrativa histórica , os eventos e as performances dos personagens " . Minha dúvida se dirige na seguinte linha : uma vez que personagens podem ser fictícios (filme de ficção) ou não ( documentários ), quais as suas reflexões em torno do longa de ficção e documentários na utilização como ferramenta pedagógica ? você vê distinção entre essas duas formas narrativas cinematográficas nas análises por você sugeridas na passagem de seu trabalho que enumera por letras a), b),c),d)...É isso .Desde já ficam aqui meus agradecimentos pelo trabalho que me enriqueceu quanto aos meus propósitos acadêmicos e culturais junto ao meu abraço . Mauro Sergio Magalhães - São Paulo - SP .

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    1. Olá, Mauro Sergio! Obrigado pelas valiosas considerações. Tanto os filmes de longa metragem quanto os documentários são representações sobre o passado e como tais devem ser tratados. A seleção do tema, da trilha sonora, dos fatos históricos abordados, dos personagens, o conteúdo do texto narrado, fazem parte do universo de subjetividade presente neles, que devem ser abordados à luz da relação entre passado e presente. Filmes e documentários são produzidos a partir de um conjunto de seleções, de escolhas, recortes e perspectivas diversas.
      Então, acredito que as mesmas metodologias utilizadas para analisar os filmes didaticamente no ensino da História servem também para os documentários. O documentário pode ser mais comprometido com as verdades no que consiste à narração dos fatos históricos, mas a interpretação que este dá ao fenomeno pode se encontrar comprometida. Nesse sentido, devemos está atentos ao que aponta Cristiane Nova (1996, p. 229): "A aparência de objetividade e de neutralidade dos documentários acaba por facilitar a sua utilização propagandística que cria seus próprios mecanismos de indução, ocultação e falsificação dos fenômenos históricos".

      Espero ter respondido sua questão. Abraço

      Antônio Barros de Aguiar

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  14. Olá, prezado Antonio Barros. Poderia indicar alguma obra que abordasse com propriedade, algo que você considere incontornável em termos de metodologia na utilização de filmes em sala de aula? Já trabalhei com o Marc Ferro de cinema e História, para uma visão crítica do cinema. Mas gostaria de receber uma referência mais atualizada. Pode ser artigo. Olhei sua bibliografia. Achei ótima. Aproveito para parabenizá-lo sobre o texto. Abs.

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  15. Aproveitando ainda a oportunidade. Enfrento quase sempre grandes problemas com a duração de filmes. Há algum tutorial conhecido para edição?

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    1. Olá, Antônio Carlos! O professor que utiliza filmes no ensino de História sempre enfrenta o problema do tempo de duração dos mesmos. Infelizmente, não conheço turorial para a edição de filmes. Tente buscar, na medida do possível, dialogar o filme de sua escolha com outras disciplinas para que os alunos possam fazer uma leitura inteira da narrativa fílmica.
      Sobre a metodologia para a utilização de filmes na sala de aula, sugiro a leitura de "Luz, câmera e História: práticas de ensino com o cinema" (2018), de Rodrigo de Almeida Ferreira e "A monarquia no cinema brasileiro: metodologia e análises de filmes históricos" (2017), de Vitória Azevedo Fonseca.

      Espero ter ajudado! Abraço.

      Antônio Barros de Aguiar

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  16. Caroline de Alencar Barbosa11 de abril de 2019 às 14:21

    Prezado Antonio, boa tarde.

    Parabéns pela temática apresentada e pelo excelente texto.

    Sua abordagem me remeteu à questão do anacronismo e como ele é, por diversas vezes, desconsiderado na utilização de obras cinematográficas. É de extrema importância o destaque desses elementos para que os discentes não acreditem que todos os componentes que estão nas películas condizem com a total realidade da época. Muitas vezes os filmes falam mais sobre o tempo em que foram produzidos do que sobre a época que retratam. Você tem alguma estratégia para estes casos? Por exemplo, fazer com que os discentes identifiquem essas disparidades ou as expõe durante a exibição.

    Atenciosamente
    Caroline de Alencar Barbosa

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    1. Olá, Caroline de Alencar! Acredito que a estratégia é abordar os filmes à luz da relação passado e presente, contextualizá-lo. Com relação ao que você apontou, basta-nos tomar como exemplo o filme “Tróia” (2004), de Wolfgang Petersen, que constrói uma representação urbana de Ílion mais próxima das megalópoles modernas. Pode-se pensar também até que ponto o filme “Gladiador” (2000), de Ridley Scott, sucesso de bilheteria, nos fala mais sobre a grandiosidade dos EUA do que o próprio Império Romano representado. Trata-se então de um olhar contemporâneo lançado à Antiguidade.

      Espero ter respondido sua questão. Abraço.

      Antônio Barros de Aguiar

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  17. Gostaria de parabenizar o autor do texto pelo excelente trabalho que realizou. o filme começou a ser usado em sala de aula em 1980, e só surgiu maneiras de orientar o professor a utilizar esse método de ensino com seus alunos muitos anos depois. Então faço eu o seguinte questionamento, se o filme é uma ferramenta de ensino tão importante para a educação, porque desde cedo não existe formas de orientar o professor como deve manusear corretamente este recurso pedagógico, dentro da sala de aula de uma vez que ele é uma fonte histórica?
    Jorge José de Lira

    Gostaria de parabenizar o autor do texto pelo excelente trabalho que realizou. o filme começou a ser usado em sala de aula em 1980, e só surgiu maneiras de orientar o professor a utilizar esse método de ensino com seus alunos muitos anos depois. Então faço eu o seguinte questionamento, se o filme é uma ferramenta de ensino tão importante para a educação, porque desde cedo não existe formas de orientar o professor como deve manusear corretamente este recurso pedagógico, dentro da sala de aula de uma vez que ele é uma fonte histórica?
    Jorge José de Lira

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    1. Olá, Jorge José! Pergunta importante e um tanto difícil de respondê-la. O filme não foi construído especificamente para ser didático. O cinema não foi aceito de imediato como fonte histórica devido a sua própria natureza. A historiografia tradicional acostumada a lidar com as fontes escritas e oficiais resistiu a ele por considerá-lo uma inovação técnica que distorcia o passado e escamoteava a veracidade dos fatos.
      Penso que desde que historiadores e também educadores compreenderam o valor documental do cinema e a função que ele poderia desempenhar apropriaram-se dele e pô-lo à serviço do ensino da História. Ou seja, o cinema passou a ser utilizado como um instrumento auxiliar do ensino da História e como um discurso sobre o passado. Com a virada do século XX para XXI, e as transformações na sociedade provocas pelas imagens, é que estão surgindo propostas mais sistematizadas e novas abordagens que orientam o professor a usar o filme como documento histórico no ensino da História.

      Espero ter respondido sua pergunta. Abraço.

      Antônio Barros de Aguiar

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  18. Parabéns professor e obrigado por compartilhar com sua experiencia. O cinema é uma aporte muito válido para as aulas de história. Contudo, a produção cinematográfica trás em sua liberdade poética uma narrativa própria. Como lidar com essa apropriação que o filme faz da história? Uma vez que fatos e representação serão contraditórios.
    Att,
    Jorge Luis de Medeiros Bezerra e Antonio Guanacuy Almeida Moura.

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    1. Oi, Jorge Luis! Trabalhar com o filme não é uma tarefa fácil, pois estamos lidando com algo que em si já é uma representação. Na realidade, ele é um meio de representação com uma linguagem própria. Então, cabe-nos compreender as particularidades desta linguagem, ou seja, seus principais aspectos. Daí teremos maior possibilidade de analisar o passado reconstituído pelo filme. Diante disso, podemos pensar sobre a ideia de apropriação do filme a partir do que diz Chartier (1988, p. 16): “identificar o modo como em diferentes lugares e momentos uma realidade social é construída, pensada, dada a ler”.

      Espero ter respondido sua pergunta. Abraço.

      Antônio Barros de Aguiar

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  19. Gostaria de parabenizar pelo seu trabalho, o texto está bem claro e sucinto , alem de esclarecedor. Sou recém formada, apesar das muitas imersões na sala de aula, tenho poupa experiencia como regente de aulas, gostaria de usar dessa ferramenta didática nas minhas futuras aulas, a sua escrita me incentivou ainda mais. Creio que essa estrategia possibilita fortalecer a aprendizagem. Tenho uma questão, o uso de documentários e curtas metragens, pode seguir esses mesmos criterios de trabalho, por ser também produções audiovisuais?

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    1. Olá, Judite! Documentários e curtas metragens podem seguir os mesmos critérios de trabalho de um filme. Todavia, você pode criar outras abordagens metodológicas para trabalhar com estas ferramentas no ensino da História. Sugiro o texto "O cinema e o conhecimento da Históra", de Cristiane Nova.

      Espero ter respondido sua pergunta. Abraço.

      Antônio Barros de Aguiar

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