O ENSINO DE HISTÓRIA E AS NOVAS TECNOLOGIAS: QUESTÕES DE MÉTODOS E O ENSINO APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA EM PROTAGONISMO DISCENTE
Esse trabalho tem como problema a discussão de um tema relativamente
novo, a utilização das novas tecnologias no ensino de história, mas
proporcionalmente relevante, para avançarmos na busca por metodologias que
agreguem ao tema do ensino aprendizagem, na perspectiva de proporcionar aos
discentes, formas mais condizentes com suas realidades e mais atrativas de
aprender e construir conhecimento.
Os veículos de mídia eletrônica são ferramentas essenciais, visto que as
novas possibilidades de ensino de historia criadas pela internet e a chamada
história digital, sejam no momento as mais relevantes discussões sobre o tema,
“Dada à novidade de tudo isso, há aspectos relacionados à internet que ainda
não fora devidamente exploradas, mas que são centrais para o desenvolvimento do
campo da história pública”. Carvalho (2016, p. 40). Então as discussões sobre o
uso dessas tecnologias, principalmente as móveis, para o ensino de história,
pode ser importante, pois ainda é um terreno, relativamente pouco explorado.
Tem como objetivo geral Identificar e analisar criticamente os
conteúdos, as metodologias e a eficácia de aplicativos que exploram as redes de
computadores, disponibilizando conteúdo da disciplina história, para
identificar em que medida esses conteúdos e metodologias são inovadoras ou
tradicionais, com a perspectiva de construir, com os alunos, um aplicativo de
mídia virtual, onde sejam protagonistas na produção de conhecimento.
Os objetivos específicos são observar em que medida esses conhecimentos
extra sala fazem ou não parte da consciência histórica desses discentes. Discutir como esses recursos didáticos podem ser
propositivos na construção de uma didática da história e Propor, incentivar
e orientar a construção pelos alunos, de um aplicativo virtual com conteúdo da
disciplina história, que seja uma ferramenta didática de produção de
conhecimento.
Para tanto discutiremos como as narrativas históricas podem ser
utilizadas pelos professores de história no ensino básico? Como as novas
tecnologias podem ser ferramentas de aproximação dos conteúdos históricos e o
cotidiano? E como os alunos operam a racionalização do conhecimento histórico,
para a constituição da aprendizagem histórica, por intermédio das narrativas,
enquanto reconstrução do passado humano com base nas fontes e na
historiografia?
Metodologicamente pretendemos trabalhar uma pesquisa histórica pela
abordagem da história do tempo presente, norteado pela idéia de que “Se refere
a um recorte contemporâneo em relação ao historiador” Barros (2004, p146),
entendendo história do tempo presente conforme a definição de Henry Rousso,
para o qual a “história do tempo presente é a história de um passado que não
está morto, de um passado que ainda se serve da palavra e da experiência de
indivíduos vivos”, (ROUSSO, 1998, p.68, Apud DOSSE, 2017, p.28). Visto que
pretendemos fazer análise de vários tipos de aplicativos que serão indicadas
pelos alunos em entrevistas e questionários. No entanto nos debruçaremos com
ênfase em aplicativos de ensino de história.
Podemos notar que as novas tecnologias são importantes e podem ser
aliadas dentro de uma proposta educacional, por isso nos propomos a investigar
essas novas tecnologias com a pretensão de propor um método diferencial para o
ensino de história, porém para não incorrer em erros metodológicos, reconhecemos
ser imprescindível uma discussão em torno do conceito de didática da história
com o objetivo de esclarecer em que medida esses recursos didáticos são
transformadores na direção da construção de um método eficaz e propositivo de
uma educação emancipadora que tenha o educando ocupando o lugar de protagonismo
do processo ensino aprendizagem.
Entendendo também que para além dos
procedimentos, a didática da história é, conforme Cerri (2011, p47), uma
“disciplina de investigação do uso social da história”, e segundo Rüsen (2011,
p39), “Seu objetivo é investigar o aprendizado histórico”, pretendemos perceber
o ensino da história, aliado as novas tecnologias, com a função social de
propor ao discente que ele faça a conexão entre os conteúdos da disciplina e a
vida , o cotidiana, entendendo como se engendram as teias que entrelaçam
passado, presente e futuro, compreendendo os aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais que pressupõe a
disciplina história e como esses aspectos refletem em sua vida enquanto ser
histórico. entendendo que “Bem diferente é a estrutura temporal da expectativa,
que não pode ser adquirida sem a experiência. Expectativas baseadas em
experiências não surpreendem quando acontecem”. Koselleck (2006 p.313).
Destacamos essa máxima por entender que enquanto historiadores, não podemos
prever, mas antever, por intermédio de nossas observações do passado no
presente, as manifestações e possibilidades do futuro no mesmo presente,
balizando nossas reflexões e ações no presente.
Outro debate importante será da compreensão do conceito de consciência
histórica, também importante para elucidar algumas questões que provavelmente
se farão presentes nesse trabalho.
Por consciência histórica entendemos a representação social que uma
sociedade constrói, por intermédio de sua trajetória no tempo e no espaço, é o
aprendizado histórico, visto que conforme Rüsen (2011, p39) “O aprendizado
histórico é uma das dimensões e manifestações da consciência histórica”, sem a
qual os seres humanos não conseguiriam compreender a complexidade de sua
própria história. Vários pensadores escreveram a respeito de consciência
histórica e com isso o conceito ganhou em complexidade. Mas afinal, o que é
consciência histórica?
Raymond Aron, por exemplo, acredita que o homem tem um passado e que ele
tem consciência disso, pois só essa consciência dá a possibilidade do diálogo e
da escolha (ARON, 1984). Já para Hans- Georg Gadamer, a consciência histórica
pode ser entendida como um privilégio do homem moderno, por ter plena consciência
da historicidade (GADAMER, 1998). Kazumi Munakata tece sua crítica aos autores
que seguem a linha analítica da consciência histórica demonstrando que esses
seguem um comportamento de seita, como missionários repetem as mesmas
formulações como um mantra, com um estilo dogmático, “Um aspecto que me
desagrada muito é que as pessoas que seguem essa linha analítica assumem um
comportamento de seita”, Munakata (2015, p. 55). Já Luis Cerri, afasta-se do
pensamento de Gadamer, por entender que ele não leva em consideração a
heterogeneidade cultural presente no debate, nesse sentido Cerri aproxima-se de
Agnes Heller para a qual consciência histórica é uma das condições para a
existência do pensamento, e não está restrita a um período, região ou classes sociais,
(CERRI, 2011).
Por entendermos que essa visão de heterogeneidade se orna mais
apropriada ao nosso debate, visto que como Rüsen entendemos que a consciência
histórica é algo universalmente humano, nos pautaremos nessa possibilidade para
discutir em que momento de nosso trabalho esse fenômeno se manifestará. De
acordo com Rüsen na interpretação de Cerri (2011, p28), “o homem só pode agir
no mundo se o interpreta e interpreta a si mesmo de acordo com as intenções de
sua ação e de suas paixões”. Nesse sentido cabe nesse trabalho procurar
compreender como os alunos entendem seu papel na história, e se as novas
tecnologias se inserem como uma consciência histórica, à medida que eles se
reconhecem, ou não, fazendo parte, do que vem sendo chamada de geração “nativa
digital”, termo criado por Marc Prensky, que designa aquele que nasceu e
cresceu com as tecnologias digitais fazendo parte de sua vivência.
Poderá ser bastante revelador da consciência
histórica, as atitudes tomadas pelos educandos antes e depois de
operacionalizarmos a proposta, entendendo que a sua participação desenvolvendo
atividades em grupo poderá ser mais instigante e significativa, entendendo
segundo (HELLER,1993 apud CERRI, 2011) que “a consciência histórica pode ser
entendida como uma característica constante dos grupos humanos”, Cerri, (2011,
p28), por isso pressupõe o indivíduo existindo em grupo, então as atividades desenvolvidas
em grupo, permitindo uma ação coletiva poderá ter como resultado o
estabelecimento de interação que permita a coesão em torno de um objetivo
comum, por isso será de imprescindível importância registrarmos cada um dos
passos dessa empreitada, com o objetivo de perceber individualmente e no
coletivo as fases do desenvolvimento do método hora proposto e os avanços e ou
mesmo resistências, individuais e coletivas, no decorrer do processo.
O trabalho contará com uma apresentação sobre o
pesquisador sua trajetória na educação e as motivações que levaram a escolha do
tema de sua dissertação, qual seja: “O uso das novas tecnologias no ensino de
história”. Também apresenta o problema, os objetivos e os capítulos que compõem
o corpo do texto dissertativo.
A primeira parte do trabalho será dividida em
dois tópicos onde desenvolveremos uma discussão teórica sobre a formação dos
professores de história e o uso das novas tecnologias no ensino de história,
além de discutir também as narrativas históricas como ferramenta metodológica
para o ensino de história haja vista que a dissertação tratará sobre ensino de
história e novas tecnologias utilizando como metodologia as narrativas
discentes.
O primeiro tópico intitulado “A formação dos
professores de História e as novas tecnologias” tem por finalidade discutir a
formação dos professores de história e o uso das novas tecnologias no ensino de
História. Trazendo algumas reflexões, norteadas pelo trabalho de autores
reconhecidos na área, buscando compreender em que medida o profissional de
história está apto a se utilizar dessas novas ferramentas pedagógicas e que
papel as mesmas podem exercer no processo ensino aprendizagem. Observando
também em que medida a utilização dessas novas tecnologias possibilita a
transformação, na perspectiva de tornar o processo ensino aprendizagem mais
relevante à vida dos discentes. Para isso faremos uma análise sobre a formação
dos professores em uma perspectiva de compreender as lacunas existentes nessa
formação no que diz respeito às novas tecnologias. Em seguida analisaremos as
novas tecnologias e concluiremos propondo algumas experiências possíveis.
No segundo tópico denominado “As narrativas
históricas e seus usos para o ensino de história”. Pretendemos destacar algumas
questões, que nos são colocadas e que observamos em nossa longa experiência em
sala de aula no ensino básico, principalmente a dificuldade que os alunos têm
de entender os regimes de historicidades, ou seja, o entrelaçamento das
instâncias temporais, passado, presente e futuro e as relações de dominância de
uma sobre as outras dependendo do contexto.
Com o desafio de tentar discutir e compreender como as narrativas
históricas podem ser utilizadas pelos professores de história no ensino básico?
Como as novas tecnologias podem ser ferramentas de aproximação dos conteúdos
históricos e o cotidiano? E como os alunos operam a racionalização do
conhecimento histórico, para a constituição da aprendizagem histórica, por
intermédio das narrativas, enquanto reconstrução do passado humano com base nas
fontes e na historiografia?
Na segunda parte do trabalho faremos analise de
aplicativos de ensino de história que serão utilizados metodologicamente pelos
alunos objetos dessa pesquisa que são os alunos do ensino médio, mais especificamente
do terceiro ano, que estão se preparando, entre outros objetivos, para o Exame
Nacional do Ensino Médio-ENEM, da Escola Estadual de ensino fundamental e médio
do Outeiro, escola esta, que se encontra na periferia da área metropolitana de
Belém- Pa, na ilha de Caratateua- Outeiro.
Utilizaremos vários aplicativos que estão
disponíveis gratuitamente na internet e junto aos alunos analisaremos a
eficácia dos mesmos como coadjuvante no processo de aprendizagem, verificando
alguns aspectos como as dificuldades e facilidades que esses aplicativos
proporcionarão a compreensão dos conteúdos, por exemplo.
Construiremos essas analises a partir das
narrativas produzidas pelos alunos que serão incentivados a escrever sobre os
conteúdos estudados e a opinarem sobre os aplicativos, por intermédio de
questionários e textos.
Na ultima parte dessa dissertação trataremos da
pesquisa em sala de aula Propondo, incentivando e coordenando ações
metodológicas que possibilitem a construção de um aplicativo de história que
esteja relacionado à história local (Distrito de Outeiro) e que relacione esse
conhecimento produzido pelos alunos à História regional, nacional e geral, na
perspectiva de proporcionar aos discentes o protagonismo na construção de
conhecimento histórico, partindo de sua realidade.
Nessa fase do trabalho partiremos da observação
do desenrolar das atividades para também discutirmos temas como, didática da
história, com o objetivo de esclarecer em que medida esses recursos didáticos
são transformadores na direção da construção de um método eficaz e propositivo
de uma educação emancipadora que tenha o educando ocupando o lugar de
protagonismo do processo ensino aprendizagem. E consciência histórica,
procurando compreender como os alunos entendem seu papel na história, e se as
novas tecnologias se inserem como parte de sua consciência histórica, à medida
que eles se reconhecem, ou não, fazendo parte, do que vem sendo chamado de
geração “nativa digital”.
Referências
João Batista da Silva Junior é Professor de
História efetivo da Secretaria de Educação do Estado do Pará, graduado Bacharel
licenciado pleno em História- UFPA. Especialista em Educação- UNAMA e Mestrando
em Ensino de História- Profhistória- UFPA.
Orientador. Prof. Dr.
Francivaldo Alves Nunes. UFPA
Coorientadora. Profª. Dra. Edilza
Joana de Oliveira Fontes. UFPA
ARON, Raymond. Dimensões de La consciência
histórica. México, DD: Fundo de cultura ecomômica, 1984.
BARROS, José D’assunção. O campo da História:
especialidades e abordagens- Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. Pp 132- 179.
CARVALHO, Bruno Leal Pastor de. História Pública
e redes sociais na internet: Elementos iniciais para um debate contemporâneo.
Revista Transverso, “Dossiê: História Pública: Escritas contemporâneas de
História. Rio de Janeiro, vol.07, nº 07, PP. 35-53. Ano 03. Set. 2016.
Disponível em: http://www.e-publicacoes.uerj.br/índex.php/transverso>. ISSN 21797528. DOI: 10.12957/ transverso.201625602.
CERRI, Luis. O que é a consciência histórica. In
Ensino de história e consciência histórica: Implicações didáticas de uma
discussão contemporânea- Rio de janeiro, Editora FGV, 2011. Pp 19- 55.
DOSSE, François. História do tempo presente e
Historiografia. In: Dialogos do tempo presente: Historiografia e História.
[recurso eletrônico] / Rafael Saraiva Lapuente; Rafael Ganster; Tiago Arcanjo
Orbem (orgs)- Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2017. in: http://www.editorafi.org
GADAMER, Hans-Georg. Problemas epistemológicos
das ciências humanas. In FRU- CHON, Pierre (org) O Problema da consciência
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KOSSELECK,
Reinhart. Futuro Passado: contribuição a semântica dos tempos históricos. Rio
de Janeiro: Contraponto/Editora PUC Rio, 2006.
RÜSEN, Jönr. Historicidade e a consciência
histórica. In SCHMIDT, Maria Auxiliadora, BARCA, Isabel e RESENDE, Estevão.
Jönr Rüsen e o ensino de história. Martins- Curitiba Ed UFPR, 2011. Pp 7- 40.
Em primeiro lugar parabéns pelo trabalho.
ResponderExcluirVivemos em uma sociedade em constante transformação, nesse contexto é importante que o professor seja criativo e utilize práticas didáticas inovadoras, que contribuam para despertar o interesse dos alunos e consequentemente, mediar a aprendizagem. Nesse sentido, qual o papel das novas tecnologias no processo de consolidação do conhecimento histórico?
Boa noite Joelma. Obrigado pela pergunta.
ExcluirIrene Melo de Carvalho em 1987 em seu livro O processo didático, já salientava, “É
necessário considerar que o emprego de computadores e de maquinas cibernéticas deverá alterar
profundamente a vida escolar, os conceitos de ensino e até talvez, o problema dos fins do ensino”,
Carvalho (1987, p.337, apud Rocha, 2015, p. 111,112). Quase uma profecia, Carvalho sintetizou o
que vem acontecendo atualmente. Porem é preciso, e nesse trabalho estamos nos propondo, sem
perspectiva de esgotar a discussão, muito ao contrário, ciente dos limites, discutir em que medida os
professores de História podem utilizar essas tecnologias na proposição de que sejam
coadjuvantes no protagonismo dos alunos na construção de conhecimento histórico. Portanto entendemos que o uso das tecnologias pode ser um meio de alcançarmos o objetivo principal que é, para além da transposição didática de conteúdos, a construção de conhecimento, principalmente partindo da história local, do cotidiano do educando e por intermédio de suas próprias narrativas chegar a um conhecimento histórico que faça sentido na vida do aluno.
Nesse sentido pretendemos as novas tecnologias como os aplicativos, como facilitador no processo ensino aprendizagem. Entendendo os aplicativos que se propõem a ensinar história na rede, para que possamos criar nosso próprio aplicativo voltado para nossa história local ( Ilha de Outeiro- Belém PA).
Estamos trabalhando nisso.
Obrigado mais uma vez. Espero ter respondido.