O FEMININO EM VIKINGS: REFLEXÕES SOBRE AS PERSONAGENS NA CULTURA ESCANDINAVA
MEDIEVAL
Observar aspectos, tentar
compreender e retratar nas mais variadas mídias o que ficou conhecido como
“Idade das trevas” são sentimentos que permeiam a grande massa do século XXI.
Uma sensação de fascínio nos leva a reproduzir o que se imagina saber acerca
dessa época com sociedades cercadas por grandes castelos e reis, cavaleiros
trajando armaduras, empunhando suas espadas em batalhas exibidas grandiosamente
e repletas de efeitos, até mesmo sociedades onde a simplicidade predominava,
não havendo grandes castelos e nem armaduras lustrosas e esplêndidas, em
produções cinematográficas e televisivas com um cenário de pouca luminosidade.
Tal cenário traz consigo a diferença nítida entre as classes governantes e
pobres, homens honrosos e mulheres, sobretudo, submissas, subjugadas e que
ocupavam posições “que lhes cabiam”. O que não falta são representações dessa
sociedade medieval que antecede o surgimento do Estado moderno, sociedade essa
que foi de grande influência em tradições futuras.
Aqui fazemos uso do conceito
de representação trabalhado pelo historiador francês Roger Chartier:
“As representações do mundo
social assim construídas, embora aspirem à universalidade de um diagnóstico
fundado na razão, são sempre determinadas pelos interesses de grupo que as
forjam. Daí, para cada caso, o necessário relacionamento dos discursos
proferidos com a posição de quem os utiliza” (CHARTIER, 1990, p. 17).
Entendemos, então, que as
representações são um instrumento o qual o indivíduo utiliza para criar
significados permeados por interesses, sejam eles político, social, econômico
ou cultural. Quem fala, fala a partir de algum lugar e a partir dele, sendo o
discurso uma peça importante das representações, segundo Roger Chartier.
Através de uma análise
crítica buscaremos tentar compreender alguns questionamentos utilizando uma
produção televisiva de nosso tempo produzida pela History dos EUA, sendo uma
produção irlando-canadense, a partir do ano de 2013, dirigido por Michael
Hirst, baseada nas histórias nórdicas de heróis sobre um dos personagens mais
conhecidos, o viking Ragnar Lothbrok, ambientada em um cenário medieval. Tal produção
possui suas particularidades, pois antes trata-se de uma fantasia, ficção, Vikings.
Afinal, do que se trata Vikings? A série retrata a ascensão de Ragnar Lothbrok, "um
dos mais famosos Vikings, atualmente considerado uma criação literária..."
(LANGER, 2015, p. 220), a partir do êxito de suas incursões a reinos como
Northúmbia e Wessex. De "servo" a líder, essa figura se lançará em
aventuras até então inimagináveis por aqueles que o cercavam, criando assim
inúmeros inimigos que buscavam sua glória. Insuflando a ira dos deuses
nórdicos, sendo agraciado por seu suporte em alguns momentos, encontra-se em
meio a um grande propósito desses deuses. Em meio a essa ambientação de
predominância masculina, algumas mulheres possuirão um papel de destaque, esse
aspecto por si só já é um diferencial entre diversas produções que retratam a
época, pois temos aqui uma maior visibilidade e participação de mulheres de
forma crucial na trama. Com o decorrer da série sua trama amplia-se abordando
assim inúmeros outros aspectos, tais como a expansão desses povos pelo Oriente.
É interessante ressaltar, ao contrário do que
se tem em mente acerca do que seria ser viking, Johnni Langer e Munir Lutfe
Ayoub esclarecem:
"O conceito de povo
viking, desta maneira, também foi uma construção do imaginário artístico e que
logra sucesso até hoje no mundo acadêmico. [...] adotamos o referencial de que
o termo designa um modo de vida orientado por práticas culturais: a saída ao
mar para comércio, pirataria, exploração ou colonização foi motivada e
estruturada por motivações econômicas, religiosas e sociais, sendo comum a
diversas etnias diferenciadas existentes em toda a Escandinávia durante a Era
Viking, com diversos elementos culturais semelhantes, como linguagem,
mitologia, religiosidade, cotidiano, entre outras" (2016, p.8).
Fica claro, portanto, que, ao
abordar o termo viking, não estamos
nos referindo aos povos nórdicos de uma forma geral, mas sim a um povo
específico com algumas práticas culturais que não correspondiam a todos.
Entretanto, a produção traz consigo um aspecto que se tornou marca desses
povos, como relata Ricardo Wagner Menezes de Oliveira (2016), ao comparar a
forma como são retratados no mundo através das mais variadas mídias com o que
se tem em mente ao observar sua produção artística:
"Os povos nórdicos da
Era Viking são famosos por sua belicosidade no mundo inteiro. Muitas vezes
representados como bárbaros nos cinemas, quadrinhos, jogos e literatura, os
escandinavos carregam consigo uma imagem difícil de se associar com aquela
veiculada ao produtores e admiradores de arte" (2016, p.84).
Parece inevitável não
representar esses povos como sendo selvagens, brutos, destemidos e violentos
criando assim um conceito estereotipado, a imagem do outro como não sendo
civilizado. Como mencionado na fonte, difere da visão daqueles que seriam
admiradores de arte, e aqui podemos compreender como sendo aqueles que estudam
a arte produzida por esses povos e que através desses estudos fazem outra
interpretação sobre como estes se comportariam.
Até o surgimento da Escola
dos Annales, fundada por Lucien Frebvre e Marc Bloch, em 1929, através da
revista Annales d’Historie Économique et
Sociale, a História era vista por cima, a partir da minoria que detinha o
poder. Com uma História voltada para os “de cima”, a grande massa era
desprezada servindo quase que unicamente como figurantes. Podemos perceber
claramente isso ao se observar as diversas produções contemporâneas que abordam
essa temporalidade, representações que focam em grandes tramas dentro de
reinos, de sua realeza e corte exibindo a plebe como um mero cenário.
Cabe fazermos algumas
questões: como é vista a figura feminina nesse meio o qual está inserida? Como
se portava nesse ambiente reinado pelo sexo masculino? Como a série irá
apresentar essas mulheres em um cenário social passado na contemporaneidade?
Ao se pensar no feminino o
que se vê são aspectos de submissão e discriminação por parte da sociedade,
desde os primórdios de nossa existência até a modernidade. Ainda se vê na
figura masculina o poder necessário para reger o meio em que vivemos. Podemos
observar no decorrer dos tempos e no desenvolver das sociedades mudanças ocorridas
nesse cenário, sejam elas benéficas ou maléficas. Uma figura tida como inferior
por ter sido criada a partir da costela do homem, conforme mitologia
judaico-cristã, pois o “sexo frágil” era visto, e assim permanece, como
“naturalmente inferior” ao “sexo viril”; “A alma de uma mulher e a alma de uma
porca são quase o mesmo, não valem grande coisa”, (MACEDO, 1997, p.22).
Todavia, quanto a mulher na Escandinávia medieval, Johnni Langer diz que:
"Estudando
a performance feminina na Escandinávia medieval, Zoe Borovzky interpreta que as
mulheres participavam da transmissão do conhecimento oral, eram limitadas mas
não totalmente dominadas pelos homens e valores masculinos" (2015, p.76).
Na Idade Média, sob forte
influência do cristianismo, a mulher será vista como carne, cabendo ao homem a
alma e razão. Nas particularidades da série e da cultura nórdica medieval em
quais situações encontram-se suas mulheres?
Lagertha, umas das
personagens da série, descrita como "[...] tendo a coragem de um
homem" (LANGER, 2015, p. 220), possui uma trajetória interessante de se
analisar. Sua jornada começa ao lado de Ragnar, ambos trabalham cuidando de sua
pequena terra, cultivando, e por mais que ele seja a liderança da casa, é
perceptível o sentimento de respeito por sua companheira. É possível
observarmos no primeiro episódio da primeira temporada uma divisão que nos é
familiar; Lagertha e sua filha, Gyda, são exibidas pescando e tecendo, enquanto
Ragnar ensina a seu filho, Bjorn, o uso da espada e escudo. A cena nos introduz
mostrando que o âmbito dessas mulheres era o doméstico e que se trata de uma
sociedade militarizada e guerreira na qual o machado, ou espada, faz parte do
homem: "Em uma sociedade militarizada todos os homens livres tinham o
direito de portar armas, e a guerra e o armamento foram proeminentes tanto na
vida oficial quanto privada" (PALAMIN, 2016, p. 166).
Ainda nesse episódio,
Lagertha sofre uma tentativa de estupro por dois homens, logo após seu
companheiro ausentar-se com seu filho, temos um vislumbre muito significativo.
É nesse momento em que ela se defende desses homens demonstrando conhecimento
na área militar, tendo sido ela escudeira antes de assumir a responsabilidade
familiar. Esse é um elemento importante, pois, começa aqui o caminho da série
ao introduzir a figura feminina em ambientes que lhe eram estranhos de acordo
com relatos produzidos, em sua grande parte, por homens. Tendo em vista que as
produções históricas alegam estar mais para o ficcional a participação de
mulheres quanto guerreiras, do que algo concreto dessa civilização.
Na produção, a mulher deixará
de ser apenas um objeto sexual que se limitava ao ambiente doméstico; será
também um indivíduo capaz de defender-se e exercer funções socialmente
destinadas ao homem. Lagertha é um exemplo brilhante dessas muitas facetas,
capaz de competir igualmente com o sexo oposto. Vejamos um diálogo entre dois
personagens no primeiro episódio da primeira temporada que exemplifica o que
foi dito:
"Rollor: então, Gyda, sua mãe está lhe ensinando como
usar um escudo?
Gyda: sim, sei como usar um escudo.
Rollor: sua mãe foi uma famosa escudeira... nós lutamos na
mesma muralha de escudos contra o povo do leste".
Os homens apossaram-se das decisões políticas desde os
primórdios, nesse primeiro momento da série tal aspecto será muito forte.
Ragnar comparece a reuniões, uma delas seu filho presta juramento de lealdade
ao Earl Haraldson, que tem sua esposa sentada a seu lado enquanto ele toma
decisões; em uma outra reunião, de predominância masculina, a cena volta a se
repetir.
Agora observemos um trecho, no terceiro episódio da primeira
temporada, do que diz Siggy a Earl Haraldson: "Viu o que fez, meu senhor?
Nunca duvide de seu poder... ele não é nada para você, você é todo poder, toda
autoridade. Pode ter o que quiser."
Como observado, Siggy é um personagem que, seria inimiga do
homem a partir do momento em que exerce sua influência, como demonstrado em sua
fala, visando algum objetivo mal visto socialmente. Todavia, por mais que ela
exerça tal influência em conspirações com seu companheiro, todo o resto fica a
cargo do Earl, não possuindo assim, maiores participações nesse ambiente. Sobre
isso nos diz Flávio Guadagnucci Palamin:
"Até mesmo as mulheres, que raramente entravam em
combate, desempenhavam papel importante nessas sociedades guerreiras. A elas
não somente era destinado o ato do luto aos mortos, mas também agiam como
instigadoras de conflitos, ao incentivar seus homens na tomada de vingança e na
defesa da honra" (2016, p. 168).
Cenas de estupro são comuns, ocorrendo com mais frequência
quando durante saques, nos quais até mesmo suas escravas estão sujeitas. Em uma
dessas viagens visando também o saque, Lagertha, personagem feminino de grande
destaque, irá presenciar um estupro, e mais uma vez sofrerá tentativa de
estupro, dessa vez por parte do irmão do Earl Haraldson. Ela acaba matando-o, o
que difere das palavras de Palamin, pois aqui temos uma mulher não só em
combate como também, ela mesma, vingando-se em nome de sua honra. Durante o
julgamento, ao assumir a culpa, o Earl recusa-se a acreditar, ao menos essa é a
impressão que ele pretende demonstrar aos presentes na cena do quarto episódio,
e diz: "Você não matou meu irmão. Olhe para você, como poderia? Ele matou
meu irmão."
Essa associação da figura feminina com a brutalidade, força,
luta e autodefesa, realizada pela série, não é comum e foge dos relatos nos
quais são comumente associadas muitas vezes às práticas magicas. Para elas lhes
cabiam a magia. Segundo Marlon Maltauro (2016), haveria dois tipos principais
de magia na cultura desses povos, uma dedicada aos homens, praticada pela elite
escandinava, voltada para a proteção, assim chamada de Galldr. A segunda
caberia às mulheres, não sendo praticada pela elite, e estaria associada à
perversão sexual, efeminados e homossexuais, sendo os homens que recorriam a
essa prática mal vistos e tidos como homossexuais. Em uma sociedade
militarizada em que a guerra também era causa de honra, causar danos ao inimigo
por meio da magia não era apreciado. Tal prática também era utilizada para prever
o futuro e impor maldições.
"As convenções sociais não permitiam as mulheres entrar
em batalhas, nesse sentido utilizar a magia para causar dano seria a forma mais
apropriada para a vingança feminina, quando o homem utilizava de tal artifício
assumia um papel feminino" (MALTAURO, 2016, p. 188).
Em Vikings há dois
personagens que utilizam dessa feitiçaria menosprezada, um vidente em Kattegat
e Aslaug, personagem feminino que surgirá posteriormente assumindo, ao lado de
Ragnar, a liderança dessa aldeia. O vidente será uma figura bem quista pelos
habitantes, o qual receberá visitas, sobretudo dos líderes, na
tentativa de buscarem respostas sobre o futuro que lhes aguardavam. Quanto a
Aslaug, por mais que cause um estranhamento acerca de seus dons de elaborar
profecias para determinados acontecimentos que possam vir a ocorrer, ela não
será rechaçada, pelo contrário, será vista como um ser com dons divinos.
Aslaug e Lagertha, que em momentos da ausência
de seu companheiro terão de lidar com a parte administrativa e política, sendo
Lagertha a pessoa a vir ter para si total liderança de um vilarejo com o
decorrer da trama, ocupando assim um espaço que lhe é estranho e não lhe cabe,
de acordo com o modelo social em que o homem imperava. Futuramente, ela viria a
assumir Kattegat na posição de rainha, reinando sem está atrelada ao casamento.
Nesse cenário a personagem criará ao redor de si mulheres guerreiras tanto para
sua segurança quanto para a segurança de seu território, são agora essas
mulheres que irão liderar, até certo ponto, questões administrativas, políticas
e militares utilizando-se da ajuda dos homens de forma secundária.
Estamos diante de mulheres que fogem ao padrão que lhes é
imposto sendo postas em evidência em grande escala, sendo assim um aspecto que
irá inovar na forma como elas nos são apresentadas nesse ambiente viking
medieval. Essas figuras
representavam uma ameaça ao modelo social que buscava, sobretudo, desempenhar
um controle sobre a sociedade. É notório que, mesmo algumas mulheres podendo
contar com alguma liberdade para exercer outra função além da que lhe cabe, em
sua maioria foram vítimas de um meio social em que a figura do homem era o rei,
a figura sexual máxima, e sua crença, a mão que rege o meio social.
As
valquírias seriam um exemplo, na mitologia nórdica, de mulheres que ocupavam e
possuíam importâncias comumente reservadas aos homens, todavia, esses aspectos
incomuns destinados a elas não as excluía da subserviência ao homem, "com
uma clara associação com o combate, essas servas de Odin são a representação
ideal quando tratamos das representações da mulher guerreira" (LANGER,
2015, p. 64), vindo a tornarem-se um referencial mítico e idealizado da mulher,
daí toda uma construção de uma imagem da mulher escandinava como guerreira, que
em parte trata-se de uma visão fictícia, "assim, a figura da donzela
belicosa nórdica se torna uma fantasia de natureza cultural, nacional e sexual,
modelo para os ficcionistas modernos" (LANGER, 2012, p. 282).
Cabe-nos a função de
atermos ao detalhe de que o mal não era oriundo apenas do homem, mesmo que esse
ocupasse o primeiro lugar no ranking,
mas que também é atribuído a própria mulher ações de marginalização contra
outras mulheres. Na quinta temporada, uma cena no sexto episódio nos serve de
ilustração desse comportamento entre elas, sobretudo devido a hierarquia
feminina existente, observemos o diálogo:
"Lagertha:
Margrethe! Um momento. Você continua a dar conselhos contra mim, a questionar
meu julgamento, autoridade e competência.
Margrethe: Eu...
Largetha: Não
discuta! Agora, isso acabou! Você vai parar de fazer isso! Os riscos são altos demais. Mas se eu souber
que você disse algo contra mim uma vez mais, vou cortar sua língua e vou
escravizá-la de novo.
Margrethe: Ubbe teria
algo a dizer sobre isso.
Lagertha: Ubbe não
manda em Kattegat. Enquanto eu mandar, você fará como eu mando."
Em toda a conversa um detalhe nos é importante, o poder de
uma mulher para escravizar outra, assim como também a punir severamente.
Certamente que se trata de uma retaliação, por parte da rainha Lagertha, devido
à falta de modos de Margrethe para com sua soberana. Não possuímos relatos em
nossa bibliografia consultada acerca desse tipo de comportamento, a
marginalização de uma mulher pela outra, todavia, a série apresenta, em sua
construção da mulher com maior autonomia, a hierarquia como existente entre
elas, e consequentemente as disputas internas.
A mulher possui uma posição que diverge do que seria
convencional, entretanto, por mais que a série busque colocá-la em posições que
lhes evidenciem, ela acaba caindo no mesmo modelo de sistema em que sempre
haverá a presença do homem em uma relação intrínseca. Isso ocorre até mesmo
quando a figura da mulher estiver na posição de rainha, como é o caso de
Largetha. Ela, a Rainha em Kattegat, se verá em momentos que são construídos
pelos produtores em que irá depender de uma liderança masculina para resolver
determinadas situações.
É uma rainha, cercada por mulheres guerreiras, mas que terá
na figura masculina, sobretudo seu filho Bjorn, uma dependência. Essa situação
vai contra a imagem de um rei, que é retratado com maior independência da
figura feminina para lidar com questões nos mais variados âmbitos, vindo
recorrer sempre a outros homens. Uma dualidade onde, ela terá poder, mas não
sem um homem ao seu lado.
É importante que se realize esse movimento de observar
produções de nossa época que remetem a uma condição social no passado, pois
podemos perceber como, em nossa época, esse outro é retratado e quais dimensões
são atribuídas a alguns aspectos, em nosso caso a figura feminina na Idade
Média do Ocidente, especificamente na Escandinávia, analisada em Vikings. As dimensões da produção partem
de um cenário passado como fonte de inspiração para a criação de um novo
ambiente fictício, em que são inseridas concepções que não condizem com as
fontes históricas, sobretudo pela demanda que essas novas concepções apresentam
e se veem na necessidade de serem atendidas. Falar sobre a mulher no tempo
presente é dialogar com o feminismo, isso é notório na produção, onde se colocam mulheres com maior
igualdade social, política e econômica, visando adequar-se e conseguir o
público que colocam tais questões em pauta.
Referências
CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1990.
LANGER, Johnni; AYOUB, Munir Lutfe. Desvendando os vikings: estudos de
cultura nórdica medieval. João Pessoa: Ideia, 2016.
LANGER, Johnni. Fé nórdica: mito e religião na Escandinávia medieval. João Pessoa:
UFPB, 2015.
LANGER, Johnni. Na trilha dos vikings: estudos de religiosidade nórdica. João
Pessoa, UFPB, 2015.
LANGER, Johnni. Guerreiras na Era
Viking? Uma análise do quadrinho "Irmãs de escudo" (Série
Northlanders), 2012. Disponível em: <https://www.academia.edu/1806928/Guerreiras_na_Era_Viking_Uma_an%C3%A1lise_do_quadrinho_Irm%C3%A3s_de_escudo_Women_warriors_in_the_Viking_Age_RODA_DA_FORTUNA_REVISTA_ELETR%C3%94NICA_DE_ANTIGUIDADE_E_MEDIEVO_VOL._1_N._1_2012>. Acesso em: 20 junho. 2018.
MACEDO, José Rivair. A mulher na idade média. 3. ed. São
Paulo: Contexto, 1997.
VIKINGS. Direção de Michael Hirst. History, 2013-2018 (ainda
em produção).
Olá!
ResponderExcluirPrimeiramente parabenizo pelo texto, é sempre interessante, como foi pontuado, fazermos análises das representações que as produções contemporâneas fazem de períodos histórico passados. Vou utilizar um trecho do texto para minha questão:
"Em Vikings há dois personagens que utilizam dessa feitiçaria menosprezada, um vidente em Kattegat e Aslaug, personagem feminino que surgirá posteriormente assumindo, ao lado de Ragnar, a liderança dessa aldeia. O vidente será uma figura bem quista pelos habitantes, o qual receberá visitas, sobretudo dos líderes, na tentativa de buscarem respostas sobre o futuro que lhes aguardavam. Quanto a Aslaug, por mais que cause um estranhamento acerca de seus dons de elaborar profecias para determinados acontecimentos que possam vir a ocorrer, ela não será rechaçada, pelo contrário, será vista como um ser com dons divinos."
Como foi colocado, havia determinado menosprezo por práticas de feitiçaria, principalmente as realizadas por mulheres que não faziam parte da "elite'" da época, e também por pessoas tidas, no nosso entendimento atual, como homossexuais. Mas, no trecho acima, foi colocado que, mesmo diante desse menosprezo que era habitual na época, tais personagens tiveram outro tipo de aceitação naquele grupo. A questão seria exatamente esta... por que foram aceitos? Há algum diferencial que os leve a tal aceitação pelo grupo, uma vez que a prática não era vista com bons olhos? Como foi colocado, mesmo sendo uma prática que levantava certo estranhamento, também passou a ser vista como dom divino. Eu gostaria, se possível, entender melhor esse aspecto. Desde já, agradeço.
Rafael Souza Ferreira
Bom dia, Rafael Souza! Agradecemos pela sua contribuição.
ExcluirEssa questão que você aborda refere-se a uma particularidade da série, onde na trama criada os personagens em questão tem suas importâncias. No caso de Aslaug, assim como muitos personagens femininos presentes na série, temos um dialogo com o feminismo, pauta importante que tem sido discutida com muita força na atualidade, e essa discussão acaba se fazendo presente em produções, nesse caso em Vikings. Como se trata de algo particular a produção, sim, irá existir elementos e circunstâncias criadas pelos roteiristas, para que esses personagens tenham um diferencial e possam ter maior participação e importância na trama. Assistir a série possa te ajudar a melhor entender essas e outras questões.
Bruno Silva de Oliveira
O texto nos mostra que nós podemos fazer reflexões teóricas a partir de um objeto que foi feito para entretenimento. Você acha que podemos usar séries como Vikings ou Game of Thrones para tratar de assuntos críticos da política contemporânea? Como por exemplo, a série Breaking Bad, que no meu ponto de vista, faz uma analogia à legalização das drogas e as ações do Estado em relação a isso.
ResponderExcluirPietro Ferrari da Costa
Bom dia, Pietro! Agradecemos pela sua contribuição!
ExcluirEm se tratando de Vikings, e até mesmo Game of Thrones, vamos ter um elemento que possa dificultar essa analise acerca de "assuntos críticos da política contemporânea", que é a temporalidade a qual as referidas séries se propõem a representar. É possível sim que, por meio de estudos direcionados para essas questões encontremos algum elemento acerca de questões políticas contemporâneas, tendo em vista que essas produções possuem elementos a partir de seu tempo de produção. Não saberemos apontar um elemento especifico que possa melhor responder sua pergunta, sobretudo por não ter sido algo trabalhado por nós.
Bruno Silva de Oliveira
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir