PROMISSORES
CANTEIROS DE CLIO: TEATRO, JOGOS E QUADRINHOS (HQs) COMO ESTRATÉGIAS AO ENSINO DA HISTÓRIA
O ensino da História tem sido
presença no currículo das escolas desde que o Estado brasileiro se constituiu e
passou a legislar sobre a Educação. Enquanto a ‘História Sagrada’ pretendia
prover com legitimidade a aliança estabelecida entre o Estado e a Igreja, a
‘História Civil’ possuía pretensões cívicas. Essa história civil iria assumir
espaço cada vez maior nos currículos escolares, surgindo compêndios dos quais
as Lições de História do Brasil, de Joaquim Manuel de Macedo, ocupou no período
imperial, mas também nas décadas iniciais da experiência republicana, um espaço
proeminente, dando vazão ao paradigma estabelecido por Francisco Adolfo de
Varnhagen para a História do Brasil, que procurava aproximar nossa formação das
linhas fortes seguidas pela história européia, modelo supostamente ideal de
ordem política e de organização econômica. Os manuais escolares desempenharam o
papel de provedores conteudísticos aos currículos de História, e tanto a escola
monárquica, quanto a republicana utilizaram, em largas medidas, métodos de
ensino baseados “na memorização e na repetição oral dos textos escritos”
(Brasil, 1997, p.21). Os materiais didáticos permaneceram escassos, até época
bastante recente, e o método das perguntas e respostas, os maçantes
questionários – preparatórios para as malfadadas e angustiantes arguições que povoaram
os pesadelos das gerações mais antigas – foram entronizados, juntamente com as
provas escritas, como instrumentos privilegiados de avaliação na escola brasileira.
Colocadas essas questões, passamos a
pôr em causa a longa permanência dessas práticas que parecem a tantos de nós
tão enfadonhas, pouco criativas e contraproducentes, além de injustificáveis,
face aos variados instrumentais teóricos dos quais é possível lançar mão. Ao
final dos anos de 1930, o historiador Johan Huizinga (2010) chamava atenção
para as virtudes do emprego do jogo na formação do homem. Desde tempos
imemoriais, afirmava Huizinga, as sociedades humanas haviam utilizado o jogo
com uma função significante, a qual encerrava necessariamente um sentido para a
ação, conferindo significado às práticas sociais. Nesse sentido, o autor elencava
as grandes atividades arquetípicas do homo
sapiens, que desde priscas eras afirmava, eram inteiramente marcadas pelo
jogo, a saber: a linguagem (com suas expressões abstratas, onde se ocultam as
metáforas, ou seja, jogos de palavras); o mito (considerado enquanto invenção
fantasista ou imaginação do mundo exterior, onde o homem primitivo procurou dar
conta de fenômenos a ele incompreensíveis, atribuindo a esses um caráter
divino); e por fim, o culto, onde, sob um espírito de jogo, as sociedades
primitivas celebraram seus “ritos sagrados, seus sacrifícios, consagrações e
mistérios, destinados a assegurarem a tranquilidade do mundo, dentro de um
espírito de puro jogo, tomando-se aqui o verdadeiro sentido da palavra.”(2010,
p.7)
Levando em conta a questão central
que aqui procuramos ainda que a título precário desenvolver, qual seja, o
emprego fundamentado de novos instrumentais teóricos como estratégia para o ensino
de História, torna-se recomendável observar a “relação orgânica” que Selva
Guimarães Fonseca assinalou haver entre “educação, cultura, memória e ensino de
História” (2003, p. 29-30). Afinal de contas, a transposição didática realizada
por Macedo, tomando por base a obra de Varnhagen – de uma história de moldes
europeus, cujos atores sociais são brancos, cristãos e proprietários, ou seja,
uma história cujos heróis pertencem à classe dominante – não foi rejeitada pela
vertente tradicional da história do Brasil (Wehling, 1999, p. 207), que julgou
necessário, apenas aperfeiçoá-la. Ora, essa constatação passa a oferecer
respostas contundentes aos professores de História. Afinal, os conteúdos
constantes dos livros didáticos, e as atividades que neles se encontram
propostas, dizem respeito ao universo cultural dos seus alunos? Essa história
de viés tradicional apresenta-se ao julgamento do alunado como conhecimento
socialmente relevante? Afinal, se a memória é também recordação, o que as
marcas do passado oferecem na periferia das nossas cidades, senão miséria e
exclusão social? E haveria sentido em elevar à condição de heróis, uma galeria
de ‘varões de Plutarco’? Seríamos necessariamente ‘freyrianos’ para extrair de
um passado que denuncia escravidão, exploração e violências, alguma
confraternização que nos amparasse a crer ter havido, em algum desvão dos
tempos pretéritos, uma feliz ‘união de raças’? Lembremos ser essa uma condição sine qua non a pensarmos a ideia de
nação, conforme idealizada por positivistas e liberais conservadores. Nos
inclinamos a defender que não, pois a história está baseada em uma reconstrução
crítica. Talvez caiba resgatar aqui algumas contribuições que surgiram da lavra
de Ferreira Gullar, acerca da cultura popular. Para o saudoso poeta, o que
define a cultura popular – que lembramos, é aquela na qual o alunado, em
especial das nossas escolas públicas encontra-se impregnado desde a mais tenra
infância, face à educação informal recebida em suas comunidades de origem –
“...é a consciência de que a cultura tanto pode ser instrumento de conservação
como de transformação social” (1965, p.2). Assim, ao que parece, não devemos
considerar nenhuma estratégia de ensino como uma panacéia que irá curar todos
os males, ou uma espécie de chave mágica a abrir todas as portas. Nesse
sentido, a exploração dos temas transversais para a educação brasileira,
constantes dos Parâmetros Curriculares Nacionais, podem oferecer o necessário
trânsito entre a História e as questões presentes no cotidiano brasileiro.
Assim, conforme relatou Freitas Neto (2010, p. 59), os temas transversais para
a Educação Nacional - a saber: ética; pluralidade
cultural; saúde; orientação sexual; e, meio ambiente – poderão oferecer muito
mais que a transversalidade que inicialmente se propõe, mas a necessária
interação dos jovens alunos com a História, onde poderão entender, em
perspectiva histórica, a realidade que o cerca, nas favelas, nas mil faces do
crime organizado, na desestruturação familiar, nos crimes ambientais
perpetrados em nome dos interesses financeiros, na brutalização do ser humano,
enfim, pela banalidade na qual os interesses da classe dominante buscam varrer
conquistas sociais resultantes de ásperas lutas travadas no passado. Voltando
ao pensamento de Ferreira Gullar, cabe lembrar que “cultura popular é, antes de
mais nada, consciência revolucionária” (1965, p.4).
O teatro
É interessante assinalar que, desde os
anos finais do século XIX, havia um movimento que clamava por mudanças,
sobretudo nos países de cultura anglo-saxã, no sentido de prover a educação com
um caráter mais lúdico. Nesse sentido, devemos ressaltar a importância que
educadores famosos como John Dewey (EUA), ou relativamente desconhecidos para
os leitores de língua portuguesa, como Caldwell Cook (Reino Unido) conferiam à
educação dramática (Courtney, 1980, p.42-44). A educação dramática está baseada
no jogo dramático, o qual, se adotado nas escolas, visa a favorecer o
desenvolvimento da criança.
Trata-se evidentemente de uma
educação pedocêntrica, que preza pela imaginação criativa do homem, do
desenvolvimento de suas habilidades criativas, sendo o processo dramático um
dos mais vitais encontrados nos seres humanos. Os gregos antigos já sabiam
disso, e a formação dos cidadãos em uma polis
como Atenas contava com o conhecimento das leis e dos ritos, da prática dos
jogos agonísticos (ou ginásticos), mas também do teatro (Cambi, 1999, p.78).
Assim, na encenação de peças como Édipo Rei (as escolhas éticas e políticas, o
incesto), Antígona (a preeminência de leis que seriam tanto anteriores, quanto
superiores às da polis), mas também
na Oréstia (pela aceitação do destino), os jovens da aristocracia ateniense
encontravam um lugar de representação para as contradições que laceravam o
corpo da cidade. Conforme Richard Courtney procurou deixar claro, na história
do pensamento educacional encontramos mais entusiastas do teatro do que
detratores. Ao longo dos séculos as práticas teatrais com finalidade
educacional foram defendidas por Platão, Aristóteles, Cícero, Horácio, São
Tomás de Aquino, Voltaire, e evidentemente, Jean-Jacques Rousseau. Aliás, conforme
menciona Courtney, Rousseau serviu como uma espécie de porta por onde passaram
os já mencionados Dewey e Caldwell Cook. Coube a Cook realizar a primeira
formulação do método dramático, quando escreveu ‘The Play Way’, que veio a
lume em 1917. Nesse livro o método dramático não se tratava de uma
encenação de peça, ou do uso do simples diálogo em alguma aula, mas da atuação
como uma espécie de caminho seguro para o aprendizado. Assim, conforme relata
Courtney:
“...atuar era um caminho seguro para
aprender. No estudo da história, por exemplo, o método implicava usar o
livro-texto como um estímulo (como uma base para a história da história) que as
crianças, então representavam – o ‘faz-de-conta’ permitia-lhes realmente
compreender (e assim aprender) os fatos históricos. O método de Cook estava
fundamentado em três princípios básicos: 1. Proficiência e aprendizado não
advêm da disposição de ler ou escutar, mas da ação, do fazer, e da experiência.
2. O bom trabalho é mais frequentemente resultado do esforço espontâneo e livre
interesse, que da compulsão e aplicação forçada. 3. O meio natural de estudo,
para a juventude, é o jogo.” (1980, p. 44-45)
Nos albores do escolanovismo, não
somente ingleses e norte-americanos se interessavam pelas possibilidades formativas
do teatro. Assim, os revolucionários russos de 1917, conforme registrou Walter
Benjamin (2002), logo perceberam as possibilidades heurísticas do teatro na
educação das crianças. Cabia ao partido prover a educação do proletariado,
enfatizando a ominidimensionalidade, ponto considerado incontornável na
formação do novo homem. Assim, se para a burguesia nada aparecia como tão
perigoso quanto o teatro, para os bolcheviques a atividade serviria para formar
cidadãos ativos e atentos à contradição da sociedade, e aptos a resolver as
tensões criadas através das encenações. A tarefa do diretor, nesses casos,
seria libertar, no tempo preciso, a criança do seu reino de fantasia, a
encenação servindo como uma forma de libertação radical no jogo dramático. A
pedagogia proletária deveria assim, “garantir às crianças a realização da sua
infância. [Mas] nem por isso o campo onde isto acontece precisa estar isolado
do espaço da luta de classes” (Benjamin, 2002, p. 118). Dessa forma ficava
sinalizado que não deveriam ser utilizados meios ilícitos para inculcar uma
ideologia, e com isso, subjugar a sugestionabilidade infantil. O estado
proletário não poderia prescindir do valor da consciência de classe, porém a
educação ideológica de classe deveria começar na puberdade.
Os jogos
Em linhas anteriores foram realizadas algumas
menções ao jogo dramático. Nas sociedades ocidentais a prática do jogo têm sido
atacada de maneira sistemática, desde a Idade Média, pela influência da Igreja,
e com maior ênfase, pelas imposições do avanço que o modo capitalista de
produção perpetrou em escala planetária, sobretudo a partir do século XVII. O
jogo passou então a ser associado ao vício, ao crime, e às “classe perigosas”.
Seu território passou a ser a taverna, o gueto, os porões de navio, os covis da
luxúria, ambientes estigmatizados como antros de crime e perdição. Porém, o
jogo é antes de tudo, atividade lúdica, e essa prática não encontrava espaço
face à racionalização do tempo perseguida pelos interesses do capital, em
movimento irreversível destinado a sufocar o homo ludens que organicamente está associado ao homo sapiens. O maior interesse e espaço
conquistados pela história da civilização africana proporcionou que viéssemos a
conhecer o justo lugar ocupado pelo jogo. Os jogos fazem parte do proprium cultural africano, conforme
demonstrou Honorat Aguessy (1980, p. 114-117). Segundo esse autor, o jogo pode
suscitar importantes ensinamentos na mentalidade das sociedades, possuindo
aspectos pedagógicos e onde sua prática ganha sentido, caso todos venham a
participar. A prática do jogo revela então a expectativa de igualdade e
participação. Não obstante, o jogo catalizaria as tensões que porventura possam
existir em cada indivíduo, ou no grupo ao qual pertence, ao mesmo tempo que
endossaria de maneira ritual, a cosmovisão dominante desse grupo. Dessa forma,
o jogo cristalizaria o sentimento comunitário.
Existe atualmente uma versão de um
jogo africano, denominado Yoté, o
qual foi adaptado pelo Ministério da Educação e Cultura como forma de favorecer
a educação das relações étnico-raciais, no âmbito da Lei 10.639/2003. Trata-se
de um bom ponto de partida para conhecer, e principalmente pesquisar, de forma
mais aprofundada, a história dos heróis negros retratados nesse jogo: Zumbi dos
Palmares, Milton Santos, Chiquinha Gonzaga, o marinheiro João Cândido
Felisberto, líder da Revolta da Chibata ocorrida na armada brasileira em 1910,
entre outros. Os jogos oferecem, sob um providencial uso da criatividade, o
desdobramento dos conteúdos contidos nos manuais escolares, face à vários
questionamentos que poderão ser realizados. Afinal, se João Cândido lutava
contra o uso de castigos físicos pela oficialidade naval em 1910, ou seja, em
pleno período republicano de nossa História, poderia ser considerada essa
revolta como um último levante escravo? E o que dizer da República instaurada
em 1889? Seria uma verdadeira res publica
(coisa pública), e portanto aberta à participação de todos?
O uso dos quadrinhos (Hqs)
Até época bastante recente as
histórias em quadrinhos eram consideradas como destituídas de qualquer valor
pedagógico. Muito comentado era o livro ‘A sedução dos inocentes’, escrito pelo
psiquiatra Fredric Wertham. Nessa obra levada à estampa nos anos iniciais da
guerra fria, Wertham, alemão radicado nos Estados Unidos, alertava para a
relação que julgara haver encontrado na leitura de histórias em quadrinhos por
jovens e adolescentes, e os casos que tratara em seu consultório. Ocorrida no
auge que a indústria do entretenimento experimentava quanto a esse tipo de
publicação, as generalizações desse psiquiatra levantaram uma série de
suspeitas, tanto de pais, quanto dos profissionais de Educação. Como resposta a
tantas tentativas de interdição, e em resposta às generalizações que Wertham
fizera aflorar, sobretudo em relação aos quadrinhos de suspense e de terror,
produtores desse gênero literário, reunidos na Association of Comics Magazine elaboraram uma proposta de depuração
dos conteúdos publicados, com vistas a garantir que veiculado pelas revistas não
viesse a prejudicar a formação moral e o desenvolvimento intelectual da
juventude. No Brasil, assim como em outros países, também foram tomadas medidas
cautelares quanto à qualidade do material posto no mercado (Vergueiro, 2018, p.
11-14).
Em tempos recentes, conforme nos
informa Douglas Lima (2017, p.149) têm havido um maior interesse, inclusive do
Estado brasileiro, em fomentar a leitura, e foi sob esta finalidade – e
mediante a proposta de inserção de novas linguagens nos ensinos fundamental e
médio, constantes da LDB/1996 e dos PCNs, que o Programa Nacional Biblioteca na
Escola passou a incluir, a partir de 2006, títulos em histórias em quadrinhos.
A utilização das histórias em quadrinhos para fins educacionais não se
apresenta como algo totalmente novo. Exemplificação disso seriam os dois
volumes da História do Brasil em quadrinhos levados à prensa pela editora Brasil-América
nos anos iniciais da década de 1960, com os quadrinhos sendo utilizados como
suporte da matéria histórica. Composto por legendas escritas por Gustavo
Barroso e ilustrado por Ivan Wasth Rodrigues, a obra foi alinhada sob um ponto
de vista ultraconservador – basta dizer que aos quilombolas, sob a liderança de
Zumbi dos Palmares, o destaque era dado aos ataques que estes faziam aos
povoados, “...roubando, saqueando e matando. [No que ] tornaram-se, portanto,
um perigo para os colonos e seu extermínio foi decidido pelas autoridades...”
(Barroso, s.d., p.35). Em outro momento, a Revolta da Chibata era tratada como
um pretexto dos marinheiros para matar oficiais da Marinha de Guerra, e
bombardear a cidade do Rio de Janeiro. De acordo com Gustavo Barroso, “esse
fato destruiu por muitos anos a disciplina e a eficiência da Armada” (Barroso,
1962, p. 37).
A adequada utilização dos quadrinhos
no ensino de História requer antes de tudo uma espécie de ‘alfabetização’, no
que torna-se importante inteirar-se tecnicamente dessa forma específica de
linguagem, conforme demonstra Waldomiro Vergueiro (2018). Solucionada essa
questão, torna-se possível explorar nas histórias em quadrinhos, conforme
demonstrou Túlio Vilela (2018) alguns conceitos e suas dimensões, tais como
sucessão, duração e simultaneidade, mediante os recordatórios que são
encontrados nas páginas dos HQs’: desenhos da Lua indicando o anoitecer,
reflexões sobre o ‘tempo da natureza’ – como o Sol brilhando – ou do ‘tempo da
fábrica’, quando um personagem marca o seu cartão de ponto. Recuos no tempo, os
recursos conhecidos como flashback,
poderão servir para explorar o conceito de memória. Conforme observou esse
autor, as histórias em quadrinhos podem ser utilizadas de diferentes maneiras
ou enfoques, onde destacamos: 1. Ilustrar ou fornecer ideias e aspectos da vida
social das comunidades do passado; 2. Sua leitura como registros da época na
qual foram produzidas; e, 3. Para utilização em discussões que objetivem tratar
de conceitos importantes para a História, tais como, bárbaro, civilizado, Império,
expansionismo, anacronismo, etnocentrismo, etc...
Considerações finais
O uso de novas linguagens como
estratégias no ensino de História pode se justificar de diversas maneiras. A
começar pelo dispositivo legal que é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, lei 9395/96 e os Parâmetros Curriculares Nacionais, editados no ano
seguinte a esse diploma legal. Porém, conforme pontuamos linhas acima, tais
linguagens deverão ser utilizadas em conformidade com o universo cultural ao
qual encontra-se articulado o grupo discente que se pretende atingir. Em suma,
não existem respostas prontas para situações que são, de certa forma,
singulares. É aí que atua o professor e a professora de História, identificando
a melhor oportunidade para utilizar-se dessas ‘novas’ linguagens, como veículo
privilegiado na grande aventura do conhecimento através dos tempos pretéritos. Viagem
que eles sempre esperam, não realizar sós.
Referências
Antonio
Carlos Figueiredo Costa é doutor em História (UFMG) e professor 6-b (adjunto)
da Universidade do Estado de Minas Gerais. Leciona História da Educação e
Teoria e Metodologia da História na Unidade acadêmica Ibirité (UEMG). Líder do
Grupo de Pesquisas José Carlos Mariátegui e Editor das revista Bantu e Anais da
Jornada Pedagógica.
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BALOGUN, Ola et. ali. (orgs.).
Introdução à cultura africana. Lisboa: Edições 70, 1980, p. 95-136.
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WEHLING,
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nacional. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
Olá. Sou professor de uma IES Pública (UEMG), e percebi a necessidade de contribuir com essa forma de conhecimento, que é uma estratégia de ensino para as professoras e professores de História. Essa estratégia permite abordar temas de história com recursos cognitivos próximos à realidade cultural dos alunos do ensino básico: HQs, jogos, etc...
ResponderExcluirOlá Antônio! O presente texto nos proporciona uma reflexão sobre a maneira tradicional que as disciplinas são abordadas no cotidiano escolar, tal tradicionalismo muitas vezes torna o processo de ensino-aprendizagem cansativo para os educandos. Entretanto, adotar novas maneiras de se apresentar os conteúdos aos alunos é uma tarefa desafiadora, visto que muitas escolas não oferecem autonomia aos educadores. Como romper com as tendências tradicionais e aplicar no cotidiano escolar novos temas e novas abordagens, visto que os livros de didáticos e até mesmo determinadas gestões escolares, não nos permitem muita flexibilidade? Att, Érika Cristina Flores Belo
ResponderExcluirOlá, Érika. Romper com esse tradicionalismo das nossas escolas encontra fundamentação na própria LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL/96, bem como nos Parâmetros curriculares nacionais editados em 1997. No diploma legal veremos o estímulo ao uso das novas linguagens. Nos PCN's veremos isso nos temas transversais. A escola pública oferece maior espaço a essas experimentações, a priori.
ExcluirBoa tarde, Antonio! Como o senhor vê esse novo modelo de prática com o objetivo de impulsionar os nossos próprios heróis, ou seja, em uma Brasil onde valoriza guerreiros norte-americano, esse tipo de ensino pode impulsionar essa valorização heroica brasileira...
ResponderExcluirOlá Sr. Ruan...O uso dessas estratégias de ensino (teatro, jogos, HQs') poderá vir a oferecer possibilidades reais de valorização dos nossos personagens históricos, que podem de certa forma, serem considerados 'heróis' do povo brasileiro. Foi assim com o sempre lembrado, nas últimas décadas, positivamente, Zumbi dos Palmares. É também assim com o marinheiro João Cândido Felisberto, líder aclamado da revolta dos marinheiros de 1910. Acho que o grande ganho com tudo isso é demonstrar que assim como a história pode ser escrita por homens comuns, esses mesmos homens podem vir a inspirar outros heróis, que não necessariamente necessitam ser individuais. Sim, ele podem ser coletivos, como no caso dos operários da greve do ABC ao final da Ditadura MIlitar de 1964/1985.
ExcluirPerfeita colocação. Gostaria de ampliar um pouco mais o questionamento. Nós tivemos o personagem jeca tatu no inicio do século XX que foi uma experiência positiva que ajudou a conscientizar a grande massa referente a importância da saúde. Ao lê sua pergunta anterior, e levando em conta a grande diversidade cultural e socioeconômica, os jogos nos anos iniciais poderiam aproximar esses brasis...
ExcluirAcredito que sim. Se não me engano fizeram no passado algumas tentativas sobre o Jeca como HQs'.
ExcluirOlá, Érika. Romper com esse tradicionalismo das nossas escolas encontra fundamentação na própria LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL/96, bem como nos Parâmetros curriculares nacionais editados em 1997. No diploma legal veremos o estímulo ao uso das novas linguagens. Nos PCN's veremos isso nos temas transversais. A escola pública oferece maior espaço a essas experimentações, a priori.
ResponderExcluirAntônio, a forma de avaliação da disciplina História é alterada quando se transforma o modo de ensiná-la ou podemos aplicar os mesmos métodos avaliativos do passado ?
ResponderExcluirOlá! A decisão caberá sempre ao professor, porém acredito que quando ele se propõe a renunciar aos métodos tradicionais, fica inclinado a utilizar inovações também no processo avaliativo. Ora, a utilização de oficinas quanto aos HQs' pode oferecer ao professor os subsídios a que avalie seus alunos em conceitos como temporalidade, anacronismo, sucessão. O mesmo valeria para uma apresentação teatral, para jogos de tabuleiro, tais como o Yoté. Pesquise sobre esse jogo em http:etnicoracial.mec.gov.br
ExcluirBoa tarde Antônio, esse texto nos remete a reflexão de quais profissionais queremos nos tornar! Mas como ainda estou em processo de formação, ter a oportunidade de ver essas novas linguagens amplia nossa visão. Como implementar essa metodologia para professores mais tradicionais, que já são formados e atuam muitos anos em sala de aula?
ResponderExcluirOlá Stella. Boa pergunta, mas acho que sei responder apenas parcialmente, e para que esses professores adotem novas estratégias de ensino, dependerá mais deles que de qualquer outra iniciativa. Abrir-se ao novo, procurar novas saídas é normal nos fazeres humanos, principalmente quando as coisas parecem não andar tão bem, quanto em nossos dias. Acho que cursos de capacitação seriam uma boa solução. Ontem mesmo submeti um projeto dessa natureza à Universidade na qual trabalho (UEMG). Vamos ver no que dá.
ExcluirAntônio, a forma de avaliação da disciplina História é alterada quando se transforma o modo de ensiná-la ou podemos aplicar os mesmos métodos avaliativos do passado ?
ResponderExcluirOlá! A decisão caberá sempre ao professor, porém acredito que quando ele se propõe a renunciar aos métodos tradicionais, fica inclinado a utilizar inovações também no processo avaliativo. Ora, a utilização de oficinas quanto aos HQs' pode oferecer ao professor os subsídios a que avalie seus alunos em conceitos como temporalidade, anacronismo, sucessão. O mesmo valeria para uma apresentação teatral, para jogos de tabuleiro, tais como o Yoté. Pesquise sobre esse jogo em http:etnicoracial.mec.gov.br
ExcluirOlá Antônio!
ResponderExcluirO texto nos mostra diferentes formas de conduzir o processo de ensino-aprendizagem, implementando o cotidiano escolar por meio de atividades diferenciadas como: jogos, teatro e história etc. Sem sombra de dúvidas, essa nova abordagem permite uma maior compreensão e participação por parte dos educandos, estimulando-os a curiosidade e a criação. Contudo, executar mudanças no âmbito escolar é um processo árduo e demorado, que requer um trabalho em equipe pela comunidade docente.
Como conscientizar e despertar nos profissionais docentes a vontade de realizar tais atividades, uma vez que, estão imersos pelo tradicionalismo e tendem a ter resistência quanto a mudanças? Vilma Gonçalves dos Santos
Acho que também é uma questão que não controlamos. Um argumento que usaria seria dizer que questionários, aulas expositivas, sabatinas, provas, apenas renovam o trauma de uma escola tradicional. Se a comunidade de professores achar que está tudo bem, então que não reclamem do desinteresse, que quase sempre encontra a insubordinação, o abandono escolar, etc...O aluno dos nossos dias não é o mesmo de 50, 30 anos atrás. E o garoto que frequenta as salas de hoje, certamente não será o mesmo de hoje. Assim, até podemos dizer que o que apresentamos hoje como possibilidade de solução, poderá não encontrar grande efeito daqui há algumas décadas. A Educação, assim como a História possui uma historicidade, sendo muito dinâmica.
ExcluirOlá Antônio! Você é um pioneiro nesse ´processo de implantação no Brasil de novas linguagens no ensino? Senão poderia nos dar exemplos bem sucedidos mesmo tendo em vista as dificuldades já colocadas por Érika Belo
ResponderExcluirOlá, Fernanda. Sinto decepcionar mas não tenho nada de pioneiro. Apenas me deixei levar por uma necessidade dos meus alunos. Veja o que já foi escrito sobre o tema. Acho que a única novidade colocada por mim é o intuito de sistematizar e logicamente, amparar o uso dessas metodologias na legislação. Para nossa salvaguarda.
ExcluirComo trabalhar com Hqs que abordam narrativas da história brasileira mas por serem antigas apresenta um pensamento preconceituoso?
ResponderExcluirAcredito que é apontando suas falhas, e aproveitando para mostrar que a História, apesar do que pretensos historiadores pregam, pode e deve sempre ser reescrita. A história é filha do seu tempo, já diziam M.Bloch (Apologia da História) e L.Febvre (Combates pela História). Como costuma dizer nossos colegas da História, um bom professor costuma tirar bom proveito de uma livro de história ruim.
ExcluirOlá Antônio! As novas linguagens apresentadas são excelentes propostas pedagógicas, visto que elas se relacionam historicamente com a natureza humana, como foi colocado no texto. Mas, com essas novas linguagens, o professor se depara ainda com as dificuldades do próprio conhecimento da história. Como conciliar isso?
ResponderExcluirOlá, Sheila. Exata e precisa! Essas novas metodologias não resolvem tudo! Há que ocorrer um esforço no sentido de um melhor conhecimento da História. Uma boa fonte, atualizada, seria Brasil, uma biografia, da Lilia Schwarz e Heloísa Starling. Outra boa opção seria Uma história concisa do Brasil, do Boris Fausto.
ExcluirBoa tarde! Embora as tecnologias estejam a disposição dos educadores e educandos, podemos perceber que ainda não estão disseminadas nos ambientes escolares. Quais estratégias você pensa que poderiam surgir para viabilizar essas novas linguagens?
ResponderExcluirAcredito na formação continuada. Acho que temos que acreditar no professor, na sua vontade de transformar o mundo.
ExcluirQuanto ao uso dos jogos, como estabelecer um limite para não afetar a formação ética do aluno, uma vez que o mesmo estimula a competição e a meritocracia?
ResponderExcluirTambém entendo que os jogos estimulam a competitividade, mas também a cooperação. É o que a Escola de Harvard nas inteligências múltiplas denomina por inteligência interpessoal. Precisamos muito disso no mundo de hoje.
ExcluirTrabalhar no Ensino de História com "Novos" ou "Diferentes métodos" é fundamental além de serem métodos muitas vezes lúdicos é essencial para desvincularmos de um "ensino tradicional", é uma excelente estratégia didática.
ResponderExcluirQuais os cuidados os educadores devem adotar com o trabalho desses "Novos ou Diferentes métodos" em sala de aula?
Seygon da Silva Santos
Olá, Seygon. Trabalho com ensino superior, então minha "experiência" com esses métodos no ensino básico fica restrita ao relato dos meus alunos. Porém, os cuidados serão sempre, acredito, preparar a turma, explicar que apesar de se tratar de jogo, de teatro (jogo dramático), de HQs, também é estudo, também é conteúdo, só que de uma forma menos careta.
ExcluirAntônio!
ResponderExcluirVocê tem conhecimento de algum site que tenha trabalhos e/ou sugestões para implementação desses novos temas e novas abordagens no ensino de história nas escolas? Érika Cristina Flores Belo
Olá, Érika. Não tenho conhecimento. Que tal se criarmos um? Acho uma boa ideia para um projeto de Extensão.
ExcluirBoa tarde professor. Desde os tempos imemoriais as sociedades humanas utilizavam jogos para dar significado às práticas sociais. Segundo o texto é esse um dos intuitos das HQs e sabendo que as mesmas tem um significado enorme na educação a minha pergunta é: de qual maneira levaremos o discurso sobre HQs na docência para dentro do plano de ensino brasileiro, já que a mesma é claramente eficácia?
ResponderExcluirOlá. A nossa LDB/96 prevê o uso de novas linguagens. E os PCNs, em seus temas transversais homologam essa ideia. No livrinho tantas vezes editado, organizado pelo prof. Leandro Karnal, há um capítulo escrito pelo prof. José Alves de Freitas Neto, intitulado 'A transversalidade e a renovação do ensino de História'. Nas páginas desse capítulo, o autor ajuda a resolver o uso dessas novas estratégias de ensino, agregando ainda, a questão dos trabalhos interdisciplinares. Nas referências dos textos que utilizei, aliás, vc pode encontrar no livro organizado pela profª Angela Rama, várias opções de uso dos HQ's com outras disciplinas, o que facilitará a execução com profs. de outras disciplinas. Caso interesse, poderá baixar um artigo que publiquei intitulado "muito além da bonequinha preta...". Está na revista cadernos de educação da Univ. Fed de PE.
ExcluirBoa tarde!
ResponderExcluirEu trabalhei em sala de aula com algumas HQs riquíssimas em informações que exprimem o protagonismo real dos participantes das histórias. Também vi algumas histórias em que por equívoco e falsa verdade de quem as escreveu, deixou irrelevante a participação de alguns personagens no papel importante de protagonista. Sabendo que em qualquer material de qualquer vertente iremos ter exemplares ótimos e exemplares ruins. Dito isso, em quais pontos o psiquiatra Fredric Wertham, se apoia quando diz que os quadrinhos são ameaças ao desenvolvimento intelectual dos jovens e adolescentes?
Olá. Esse psiquiatra detratou os quadrinhos na década de 1950/1960. Era um psiquiatra de consultório, que enfrentava problemas com crianças e adolescentes em um momento de 'febre' de quadrinhos. Há até um filme do J. Lewis que fez uma sátira disso. Afinal não havia regulação, e o proibido se misturava ao que é educativo, lúdico, sério. Ainda na minha época de ensino fundamental, as professoras diziam que as HQs causavam 'preguiça mental'. Mas sempre foram muito lidas, e sua força está nos grupos de colegas passarem adiante, emprestando essas revistinhas. Daí o apelo ao seu uso. Conceitos históricos, transhistóricos,categorias de análise, anacronismos, preconceitos, tudo isso dá para abordar com as HQs. De preguiça mental, elas não possuem nada, rs.
ExcluirOlá, Seygon. Trabalho com ensino superior, então minha "experiência" com esses métodos no ensino básico fica restrita ao relato dos meus alunos. Porém, os cuidados serão sempre, acredito, preparar a turma, explicar que apesar de se tratar de jogo, de teatro (jogo dramático), de HQs, também é estudo, também é conteúdo, só que de uma forma menos careta.
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirUm dos problemas recorrentes que aparecem diante da diversificação do ensinar é o conservadorismo da equipe pedagógica. Como superar essa barreira escolar?
Eduardo de Moraes Faria
Olá, Eduardo. Como lutar contra o comodismo, e as quase sempre, péssimas condições de trabalho nas escolas brasileiras? Baixos salários, professoras fazendo dupla jornada, tripla tantas vezes, pois chegam nas suas casas e ainda tem que cuidar dos filhos, fazer o serviço que o machismo da sociedade brasileira as relega. Outro fator é a falta de conhecimento nos aspectos do ensino-aprendizagem, a deficiência no conhecimento que às vezes alguns professores pensam ser apanágio somente dos pedagogos. Certa vez, em uma reunião de colegiado, um professor de C. Biológicas perguntou o que era a LDB... Sabemos que o mestrado e o doutorado trabalham com vistas à pesquisa, não formam exatamente professores . Entendo que o trabalho pode ser executado pelas secretarias de educação, estimulando esses empreendimentos. Mas acho que a Universidade também deverá contribuir. Descer do 'pedestal' e por a mão na massa. Essa iniciativa dos organizadores do presente simpósio é um exemplo a ser seguido.
ExcluirOlá, primeiramente gostaria de parabenizá-lo pelo trabalho. Achei muito interessante as abordagens a respeito do teatro e do jogo como recursos a serem utilizados pelo profissional de história para prática do ensino de história. Mas foi a parte das HQs que mais me chamou a atenção, isso porque, sou ainda apenas um graduando em História, mas busco pensar a aplicação de histórias em quadrinhos em sala de aula como uma ferramenta que traga a História para uma realidade mais próxima e tangível ao aluno por meio da identificação. Me recordo de ver nos meus livros didáticos do ensino fundamental tirinhas como as da Mafalda, Mônica, Hagar e Calvin que, já são um belo exemplo dessa aplicação. Entretanto meu indagamento vai para a ausência (ou uma presença não tão perceptível ao menos ao meu ver) dos quadrinhos de super heróis como os da Marvel e da DC Comics, que por serem tidos como uma nítida expressão da cultura de massa, tem seu valor cultural muitas vezes anulados (fruto de análise como as de Adorno e Horkheimer a respeito da "Indústria Cultural"). Essa anulação de valor cultural, pelo menos ao que pude perceber, acaba também por reduzir o valor histórico dessas narrativas citadas na prática por profissionais do meio, ao menos este acaba por ser menosprezado. Por mais que sejam frutos do contexto de seu tempo e local de produção e impregnadas pelas visões de mundo de seu autor, tal material (quadrinhos de super heróis) apresenta um conteúdo histórico bastante vasto e que os alunos geralmente apresentam um grande interesse pelo qual, pois a indústria cinematográfica tem investido bastante nesse campo nos últimos dez anos. Diante disso, se possível, gostaria de saber seu posicionamento a respeito
ResponderExcluirAtt.
João Matheus Ramos
Olá, João Matheus. De acordo com o que tenho aprendido sobre o tema, podemos utilizar as histórias em quadrinhos como suporte de conteúdo - e aí há várias opções desde finais dos anos 1950, até os anos 2000. É grande a tentação de usá-las no ensino básico, mas tudo tem que ser verificado antes. Basta ver o exemplo que assinalei no artigo acima, sobre Zumbi e o marinheiro João Cândido. Mas como fala o dito popular, um bom professor deve e pode fazer bom uso de um mal livro. Quanto aos quadrinhos da Marvel acho possibilidades imensas nas histórias do homem de ferro, capitão américa, etc...(propaganda norte-americana, guerra fria, etc...), bem como nos quadrinhos do Tarzan (a preeminência do homem branco, a 'carga' do homem branco, também presente no Mogli do R. Kipling: colonialismo, etc...). Os quadrinhos do Hagar o horrível e do Asterix são fantásticos para tratar de anacronismos, de preconceitos, etc...E é aí que a visão de mundo, penso, deve ser explorada. Quem produziu isso, com que intenção, o que queria plasmar com tais ideias? São as perguntas ao doc histórico quadrinhos. Mas apesar de respeitar as análises de Adorno, acho que a indústria cultural não possui tanta capilaridade assim. Existe uma cultura popular, que de acordo com Ferreira Gullar, será sempre vanguarda e a priori revolucionária. Acho também que os investimentos nesses super-heróis nos últimos anos não é nada inocente, e podemos ver que houve certo aquecimento dessa indústria após o 11 de setembro de 2001, assim como das guerras contra o Talibã(Afeganistão), Sadam (Iraque) e Al Quaeda.
ResponderExcluirMuito obrigado pela reposta Professor Antônio, o senhor trouxe pontos de grande valor que posso acrescentar em minhas pesquisas.
ExcluirAtt.
João Matheus Ramos
Olá Antônio, gostaria de saber sua opinião sobre uma abordagem pautada no uso de histórias em quadrinhos japonesas em específico, você acha que
ResponderExcluirpara pensarmos problemas contemporâneos e, até mesmo cotidianos, o uso destas obras de um continente com uma cultural e visão de mundo tão diferente do nosso, podem ser utilizadas no nosso tipo de ensino?
Bruno Henrique Alves da Silva.
Olá, Bruno Henrique. Até onde sei o que difere os quadrinhos japoneses da tradição ocidental (além da cultura, conforme mencionou) é a disposição dos quadrinhos ou vinhetas. Nada que uma 'alfabetização' não possa produzir. Tomando por exemplo o Dragon Ball, as vinhetas de ação fogem bastante do traçado normal, daquela leitura do alto para baixo, da esquerda para a direita, de certa simetria. Talvez para aqueles pouco afeitos a esse tipo de quadrinhos, cause certa confusão. Voltando à questão cultural, as nossas raízes culturais (ocidentais) são greco-romanas de inspiração cristã. Nossos valores estão muito baseados em enredos conhecidos mediante as chamadas obras fundadoras ou lapidares: Ilíada, Odisseia, Histórias, etc..., e cabe à Escola apresentar parte desse manancial de cultura. Talvez a maior validade dos quadrinhos japoneses, e não podemos desprezar a sua popularidade entre crianças e jovens seja no tocante à compreensão de conceitos como temporalidade, sucessão, etc...
ExcluirOlá Antônio, pensando em relação a educação no Brasil infelizmente muitas instituições públicas não possuí fácil acesso a tecnologias para o ensino. Em sua concepção sua como essas estratégias de ensino como jogos, teatro poderiam auxiliar nesse deficit? Mesmo tendo em vista que são métodos não muito aplicados.
ResponderExcluirOlá, Laura. Para o teatro bastarão alguns metros do pátio. O livro fundador do teatro do oprimido está disponível em pdf na rede mundial. As técnicas são muito simples. Os jogos podem ser tanto os africanos (yoté, mankala...) quanto os de tabuleiro. As histórias em quadrinhos existem em todos os cantos da casa e da biblioteca escolar, normalmente. Em uma optativa que costumo oferecer na UEMG passei um documentário, um pequeno texto e a turma construiu um jogo de tabuleiro sobre as grandes navegações. O teatro pode ser também de dedoches. Aproveitei bastante o conhecimento e a criatividade das minhas alunas, futuras pedagogas. Caso se interesse, escreva no google o nome de um artigo que escrevemos ano passado: "muito além da bonequinha preta..." basta isso, saiu em revista da UFPE. Abraço!
ExcluirTendo em vista que vivemos em uma era totalmente tecnológica, quais são os desafios possíveis que poderiam ser enfrentados com a isenção dessas novas estratégias do ensino.
ResponderExcluirA pergunta é sobre a inserção das novas estratégias. Bem Lara, nesse trabalho não utilizei essas novas tecnologias da web, mas existem fontes disponíveis para o uso delas. Acho que sempre haverá espaço para o lúdico, o jogo segundo J. Huizinga, nasceu antes mesmo da civilização e é uma necessidade humana. Permanecerá ativo e interessante, mesmo depois dos celurares tornarem-se peças de museu.
ExcluirOlá, Bruno Henrique. Até onde sei o que difere os quadrinhos japoneses da tradição ocidental (além da cultura, conforme mencionou) é a disposição dos quadrinhos ou vinhetas. Nada que uma 'alfabetização' não possa produzir. Tomando por exemplo o Dragon Ball, as vinhetas de ação fogem bastante do traçado normal, daquela leitura do alto para baixo, da esquerda para a direita, de certa simetria. Talvez para aqueles pouco afeitos a esse tipo de quadrinhos, cause certa confusão. Voltando à questão cultural, as nossas raízes culturais (ocidentais) são greco-romanas de inspiração cristã. Nossos valores estão muito baseados em enredos conhecidos mediante as chamadas obras fundadoras ou lapidares: Ilíada, Odisseia, Histórias, etc..., e cabe à Escola apresentar parte desse manancial de cultura. Talvez a maior validade dos quadrinhos japoneses, e não podemos desprezar a sua popularidade entre crianças e jovens seja no tocante à compreensão de conceitos como temporalidade, sucessão, etc...
ResponderExcluirO quê poderíamos dizer, a princípio, aos pais que se mostrassem resistentes a essa nova maneira dos seus filhos aprenderem História ?
ResponderExcluirOlá, Yuri. Olha, as reuniões de pais e responsáveis com o corpo docente jogam um papel fundamental nesse convencimento. Mostrar que essas inovações procuram acompanhar o desenvolvimento da sociedade, aliás, cabe também mostrar que não são tão novas assim. E que estão amparadas na nossa legislação (LDB) e PCN's. O conhecimento é a grande arma do convencimento. E se a tarefa for bem cumprida, os resultados aparecerão. Essa tem sido uma questão muito presente. Em sala de aula, Yuri, é a primeira questão levantada.
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