UMA ANÁLISE DO FILME BYE BYE BRASIL
(1979): SUA COMPREENSÃO ENQUANTO FONTE HISTÓRICA, E AS CONTRADIÇÕES DA
“CHEGADA” DO MODERNO NO BRASIL
O objetivo deste escrito é
analisar o filme Bye Bye Brasil (1979), de direção de Carlos Diegues e Leopoldo
Serran, para a compreensão do uso de fontes cinematográficas no ensino de
história. Neste sentido, é necessário levar em conta o seu contexto de
produção, aliado a um debate teórico, sintonizando, no mais, as questões técnicas
de filmagem, como posicionamento de câmera, roteiro e personagens, para que se
construa uma melhor metodologia na sala de aula, ampliando os mecanismos do
processo de ensino/aprendizagem.
Introdução.
Considerando
a importância do trabalho com fontes no ensino de História, elencamos o cinema
como um mecanismo de auxílio na compreensão da consciência histórica e do
questionamento da realidade social em que cada um se insere. Levando em conta
que não apenas a história produz uma narrativa sobre o passado, o cinema
transmite sua realidade e compreensão de determinado fato histórico, o que
opera na história materialidade para sua reflexão crítica.
Retomaremos
a crítica dos Annales sobre uma história tradicional centrada nos documentos
oficiais, para a ampliação das fontes no método histórico, o que gerou novas
reflexões sobre os acontecimentos, assim como a construção de novas
metodologias em seu manuseio na historiografia. O ensino de História pode
desmistificar conceitos e imagens que são parte de nossa memória coletiva
carregadas de intencionalidades e de um poder ideológico.
Muitas
vezes, a mídia auxilia a perpetuar e até construir essas imagens, que
acompanham o educando durante toda sua vida. Veremos a importância do
questionamento das imagens canônicas (SALIBA, 2007), bem como deve ser feito a
análise de um filme como fonte histórica, que requer um método maior do que
quando usado como recurso didático. Como proposta, analisaremos o filme Bye Bye
Brasil, de 1979, e todo a sua carga política que transparece em sua narrativa.
Tomaremos
como eixo central a concepção da contrariedade do moderno na sociedade
brasileira, que o filme retrata, na sua difusão no sertão com a caravana
rolidei, que reflete o desejo de abertura política e a reflexão sobre a
constituição da sociedade brasileira na exploração da mão de obra indígena e da
Amazônia, aliando a ideia do trabalho com o progresso.
O cinema na História e a História no
cinema: O método de análise de um filme em sala de aula.
Quando
refletimos sobre o cinema no debate historiográfico, é necessário destacar as
mudanças dos enfoques nas percepções de documento histórico, com a Escola dos
Annales no começo do século XX, que ampliou o método de análise de fontes,
desmistificando o documento oficial como único responsável pelo “conhecimento
histórico”.
Em
detrimento de uma história factual, elitista e dos “grandes heróis”, ou de uma
história dita tradicional alemã do século XIX, o movimento dos Annales (1929)
constrói sua carga teórica metodológica por meio da concepção de uma “história
problema”, subentendo que os documentos não “falam por si”, mas sim quando são
questionados. Hebe de Castro pontua que “a revista e
o movimento fundados por Bloch e Febvre, na França, em 1929, tornaram-se a
manifestação mais efetiva e duradoura contra uma historiografia factualista,
centrada nas ideias e decisões de grandes homens, em batalhas e em estratégias
diplomáticas”. (1997, p.2)
Este movimento se opunha à história tradicional,
que concentrava uma história basicamente política. Esta história, de acordo com
os Annales, focava seus estudos no nacionalismo nascente, com fetiche aos
acontecimentos explosivos e aos documentos oficiais, deixando de lado respostas
sociais e com foco na ideia de progresso.
A proposta dos Annales é
interdisciplinar, refletindo os atores sociais na história, encontrando raízes
sociais, e os elementos que constituem os diversos grupos, respondendo a
determinados problemas, caracterizando-se como uma história crítica, que não é
persuadida pelos poderes, voltando-se para a sociedade (coletivo) e não somente
para o indivíduo.
Portanto, quando refletimos sobre a
construção da ciência histórica, tomamos como parâmetro a própria ação da
historiografia francesa (sem esquecer que por mais criticas que sofreu a
historiografia alemã, ela contribuiu na percepção do método da pesquisa
histórica), que se destaca, segundo Ciro Cardoso (1981), como a “força mais
poderosa que age no sentido de fazer da História uma ciência” (1981, p.39).
Com a ampliação da compreensão de fonte
histórica, novas perspectivas do método de pesquisa na História surgiram,
deixando, aos poucos, a tradição iconofóbica que descartava a imagem como
fonte, para dar vazão a uma nova cultura histórica visual, refletindo que o
historiador não é o único que produz narrativas do passado, mas que também o
cinema pensa e reproduz as ações do homem no tempo.
No entanto, essa percepção da história
com o cinema não surge de início, na primeira geração dos Annales, mas a partir
de 1970, com a renovação dos estudos históricos e da história das mentalidades
a cargo da terceira geração, que vai legitimando esse novo objeto, enfrentando
novos desafios que o método com a análise cinematográfica exigia.
O cinema oferece, em síntese às ideias
de Marc Ferro (1977), interpretações e alternativas sobre a sociedade,
possuindo um impacto social conforme demanda seu contexto. Percebeu-se que era
possível uma leitura histórica do cinema, e uma leitura cinematográfica da
história. No entanto, a demanda exigida para o manuseio do cinema como fonte,
continua o autor, é necessário analisar não apenas a imagem, mas o que está por
trás das câmeras, como o roteiro (narrativa) e o contexto de criação do filme.
Se o filme produz outra interpretação
do passado, é preciso entender como a história se relaciona com o cinema e o
impacto gerado pelo contexto apresentado. Na história, cabe observarmos o que
ficou de fora de um determinado filme, o capital por trás de sua materialidade,
o trabalho de edição e enquadramento de câmera, quais são os elementos
históricos abrangentes, e qual realidade ele busca retratar.
“Todo
documento, incluindo os documentos de natureza audiovisual, deve ser analisado
a partir de uma crítica sistemática que dê conta de seu estabelecimento como
fonte histórica (datação, autoria, condições de elaboração, coerência histórica
do seu "testemunho") e do seu conteúdo (potencial informativo sobre
um evento ou um processo histórico) (...) O enquadramento de uma cena, a edição
de um filme, a cor/ textura empregada na captação da imagem, são fundamentais
para que o filme ganhe sentido cultural, estético, ideológico e,
consequentemente, sócio histórico” (NAPOLITANO, 2006, p.266).
O
autor explicita que na análise de um filme como fonte histórica, é necessário
ter como parâmetro uma síntese, dentre as quais seria o gênero do filme, a
autoria, qual o acervo e o conteúdo referente ao que o filme procura abordar,
identificando os elementos narrativos e alegóricos junto do plano e da
sequência que perpassa as personagens, o cenário, trilha sonora e seus
elementos verbais.
“(...)
o importante não é apenas o que se encena do passado, mas como se encena e o
que não se encena do processo ou evento histórico que inspirou o filme. Não se
trata de cobrar do diretor a fidelidade ao evento encenado em todas as suas
amplitudes e implicâncias, mas de perceber as escolhas e criticá-las dentro de
uma estratégia de análise historiográfica”. (NAPOLITANO, 2006, p.275)
Inserido
neste contexto, é interessante retomarmos as noções de Saliba (2007), quando
pontuou a relevância de desmistificar as imagens canônicas. Essas imagens
seriam “imagens-padrão ligadas a conceitos-chaves de nossa vivência social e
intelectual”, que são de tal forma “incorporadas em nosso imaginário coletivo
que identificamos rapidamente” (2007, p. 88). Podemos exemplificar com a imagem
de Tiradentes nos livros didáticos e sua aparência próxima das retratadas de
Jesus Cristo, o que constrói a imagem de um “salvador”, declarado herói
nacional, que influencia nas memórias compartilhadas da sociedade sobre
determinado fato histórico.
Os
filmes e as imagens, de modo geral, em muitos casos fortalece a construção de
uma determinada imagem canônica, que populariza e distancia a percepção
histórica de uma “operação crítica, exercícios de aproximação, identificação” o
que gera uma “sobrecarga tão forte de imagens que acabam por perder aquela
atenção discriminatória, fundamental para qualquer aprendizagem.” (ANO, p.90)
O
objetivo de Saliba é ressaltar o papel do profissional da História de quebrar
com essa “amnésia estrutural” que se fortalece no cotidiano, mostrando que as
imagens disponíveis, principalmente nos filmes, são colocadas com uma
determinada função e primazia ideológica, obedecendo a certo número de normas,
que se interligam, muitas vezes, como forma de manipulação, com a única função
de seduzir e impressionar, o que conserva determinada interpretação sobre algum
acontecimento.
O
professor, além de compreender a ficha técnica, o roteiro, os ícones canônicos,
entre outros, deve possibilitar a reflexão até mesmo das coisas que ficaram nas
entrelinhas de determinado filme, e qual a intenção do trabalho de edição, de
demonstrar certos pontos de vista, e de retratar algum fato histórico da forma
como retratou, levando em consideração todo o impacto social e emocional que um
filme pode causar.
Portanto,
qual o papel do ensino de história, aliado a um método crítico do trabalho com
fontes visuais? O ensino de história possibilita a desnaturalização
social compreendendo as memórias cristalizadas que os educandos abarcam em suas
vivências, na família, e em seus espaços de interação, questionando as representações
sociais, que garantem a construção e reconstrução dos saberes cotidianos que
carregamos.
“Não se aprende História apenas no
espaço escolar. As crianças e jovens têm acesso a inúmeras informações, imagens
e explicações no convívio social e familiar, nos festejos de caráter local,
regional, nacional e mundial. São atentos às transformações e aos ciclos da
natureza, envolvem-se com os ritmos acelerados da vida urbana, da televisão e
dos videoclipes, são seduzidos pelos apelos de consumo da sociedade
contemporânea e 38 preenchem a imaginação com ícones recriados a partir de
fontes e épocas diversas. Nas convivências entre as gerações, nas fotos e
lembranças dos antepassados e de outros tempos, crianças e jovens
socializam-se, aprendem regras sociais e costumes, agregam valores, projetam o
futuro e questionam o tempo”. (PCN, 1998, p.37)
O ensino não deve ser uma simples
transposição da ciência histórica acadêmica na sala de aula; É necessária a
consideração da consciência histórica dos educandos, ou seja, a capacidade de
aplicar sentido ao tempo fazendo-se por meio de uma narrativa histórica e
resultando em uma cultura histórica que possui ampla relação com a vida
prática.
“A construção de noções interfere nas
estruturas cognitivas do aluno, modificando a maneira como ele compreende os
elementos do mundo e as relações que esses elementos estabelecem entre si. Isso
significa dizer que quando o estudante apreende uma noção, grande parte do que
ele sabe e pensa é reorganizado a partir dela. Na medida em que o ensino de
História lhe possibilita construir noções, ocorrem mudanças no seu modo de
entender a si mesmo, os outros, as relações sociais e a História. Os novos
domínios cognitivos do aluno podem interferir, de certo modo, nas suas relações
pessoais e sociais e nos seus compromissos e afetividades com as classes, os
grupos sociais, as culturas, os valores e as gerações do passado e do futuro”.
(PCN, 1998, p.35)
Trabalhar com o cinema na sala de aula
fortalece a construção dessa consciência, permitindo, através da operação
crítica do manuseio da fonte, uma explicação humana de si mesmo e também do
mundo, respeitando os diferentes tempos que uma sociedade possui, para
constituir a orientação temporal articulada com o passado, presente nas
categorias históricas.
Analisando o filme: Bye Bye Brasil e a contrariedade do
moderno.
Abordamos
incialmente a importância do uso de fontes em sala de aula, assim como a
importância do método crítico nessa análise, que neste caso refere-se ao
cinema. Como forma dessa análise, pensamos em demonstrar a aplicabilidade do
cinema na história a partir de um filme nacional de 1979, chamado Bye Bye
Brasil, de Cacá Diegues.
Tomaremos
por base a ficha técnica do filme, o contexto em que foi produzido e uma
discussão sobre os principais pontos da trama, o que nos levarão a compreender
a contradição do moderno na sociedade brasileira, revelando, além de tudo,
quais seriam as intencionalidades do filme. Bye Bye Brasil é um drama nacional
aclamado. Com roteiro de Cacá Diegues e Leopoldo Serran, tornou-se aclamado
pela crítica, elencando a lista de 100 melhores filmes nacionais pela
Abraccine, em 2015.
O
filme conta a história de Salomé (Betty Faria), Lorde Cigano (José Wilker) e
Andorinha, que comandam a caravana rolidei ao redor do país, levando
entretenimento às camadas mais humildes (principalmente o sertão), o que gerou a trama inicial, ao encontrar o sanfoneiro Ciço (Fábio
Junior) e sua esposa Dasdô (Zaira Zambelli), que seguem a caravana e acabam se
ajeitando na cidade de Brasília.
O
contexto em que foi produzido o filme é do período do Regime Militar
(1964-1985), englobando características da incorporação do “moderno” na
sociedade; O país vivia sua “abertura política”, processo de
desestabilização do Regime Militar, iniciado em 1974, durante o governo do
general Ernesto Geisel e que terminaria em 1985, no governo do presidente João
Batista Figueiredo. Assim, com o restabelecimento do pluripartidarismo em 1979,
com a campanha das Diretas Já (movimento que teve início em 1983),
mas que foi mais forte em 1984, no qual o povo foi para as ruas das grandes
capitais, exigindo mudança e participação eleitoral.
Nesse
sentido, o filme retrata o cotidiano de um grupo que viaja pelo interior do
país chamando-se de Caravana Rolidei, e vai desenhando a passagem de um
Brasil “arcaico”, para um Brasil dito “moderno”, mas cheio de contradições. A
trama se inicia com a chegada deles a uma cidade no nordeste, para uma
apresentação, e conhecem Ciço, um sanfoneiro que vê na caravana uma
possibilidade de “conhecer o mar” e sair do sertão.
Quando
o grupo chega até Maceió, a realidade é completamente distinta da que estão
acostumados, com um cenário muito mais moderno, com o trânsito intensificado e
cheio de antenas de televisão. Com esse impacto de outra realidade, tentam sair
daquela cidade e voltar para a tranquilidade do sertão, onde suas formas
artísticas são amplamente valorizadas, pois a caravana rolidei era considerada
moderna somente nas camadas mais humildes do Brasil.
A
princípio, o filme esboça essa característica, quando nos discursos de lorde
cigano a população do sertão, diz que o desejo daquele povo é o progresso, e faz “nevar” na tenda, aliando este ato
aos países industrializados e “civilizados”, trazendo uma imagem de que o
sertão, naquele momento estaria moderno.
É
muito interessante que o “moderno”
entra em conflito com o “arcaico”, no momento em que a caravana
chega a uma cidadezinha do interior e não conseguem um grande público, já que
seu histórico lá era de grandes apresentações; não obstante, não encontram ninguém,
pelo fato de políticas “modernizadoras”
do prefeito com a instalação de televisões públicas na praça, que se tornava um chamariz ao povo.
A
modernidade, e aqui pontuando as acepções de Martins (2002), é algo próprio da
Europa, pensada pelo sistema capitalista e depois refletida na América Latina
de forma atípica.
“A
modernidade enquanto moda e momento é também a permanência do transitório e da
incerteza, a angústia cotidiana da incerteza em face do progresso linear e
supostamente infinito: a vida finita posta em face da realidade social, do
futuro, supostamente sem fim. A modernidade não está apenas nem principalmente
na coleção dos signos do moderno que atravessam a vida de todos nós.
Modernidade é a realidade social e cultural produzida pela consciência da transitoriedade
do novo e do atual.” (MARTINS, 2002,
p.19)
Essa
contrariedade do moderno brasileiro aparece no filme em diversos momentos, e
para caracterizar algumas dessas passagens podemos citar quando Lorde cigano
encontra um caminhoneiro e este o diz a respeito da floresta amazônica, sobre
sua riqueza de minério e “pedras preciosas”, bem como ter se tornado um “lugar
de branco”.
Um
aspecto interessante é a proporção do
estrangeiro nesses espaços. Esse ar moderno também se faz na utilização da língua estrangeira, pois
certo tempo depois retorna a caravana, tiram o “i” de rolidei e
acrescentam “y”, como se refletisse um caráter
mais moderno, apesar de possuírem nova roupagem, integrantes e veículo,
o que demonstra o caráter da indústria
cultural baseada também em um americanismo.
“Por
toda a parte, na zona rural ou na periferia pobre das grandes cidades, é
possível ver frases e palavras em inglês que aí chegam com a globalização como
signos da modernidade: chega à palavra, mas não chega a língua nem chega o
significado”. (MARTINS, 2002, p. 40)
Essa
modernidade é estruturada sem consciência de sua transitoriedade, como pontua
Martins (2002), com referenciais do tradicionalismo, mas sem se resumir a um
conservadorismo. No filme, quando saem de Altamira e chegam à Brasília, Ciço e
Dasdô recebem instruções de uma assistente social, que exalta as políticas
públicas da cidade, bem como a modernização e que lá era a “cidade do futuro”,
com seu crescimento e oportunidades. Porém, os dois são despejados na
periferia, em uma casa de madeira.
“A
anomalia está no fato de que se trata de uma modernidade sem crítica – sem
consciência da sua transitoriedade, de que tudo é moda e passageiro. É
modernidade, mas sua constituição e difusão se enreda em referências do
tradicionalismo sem se tornar conservadorismo. Porque também desse lado estamos
em face do inconcluso, do insuficiente, do postiço”. (2002, p.53)
Pensando
o caso brasileiro, vemos esse moderno,
construído no inautêntico, sem
crítica e consciência de sua transitoriedade, que vão se perpetuando na vida
cotidiana em diversas formas, pautado nas intenções da aparência, ou seja, no parecer moderno e que se torna
permanente na forma que são incorporados
pelo popular, na medida em que precisam encontrar caminhos para a superação dessas contradições,
pois o moderno cria um discurso transformador, mas não da conta de realizar.
Nesta
breve análise, seria mais a compreensão de uma perspectiva central no filme
(abertura política/contrariedade do moderno), o que não exclui um trabalho mais
crítico sobre a edição, posicionamento da câmera, alegoria, plano e sequência, entre
outros, que podem ser questionados na apresentação do filme na sala de aula. O
que deve ser o eixo central é que Bye Bye Brasil perpassa questões políticas e
ideológicas que são refletidas no desejo de uma abertura política, que revela a
afetividade do próprio roteiro e da trilha sonora com o momento em que foi
filmado.
O
uso desse filme em sala de aula pode demonstrar a constituição da sociedade
brasileira e seu pensamento modernizador ainda no final da década de 1970. Além
de permitir analisar como o cinema faz parte de sua realidade social, ao
mostrar a construção da transamazônica, e dos discursos em favor de sua
exploração. Refletir, no mais, sobre a exploração do trabalhador, e dos
indígenas desses locais, o que remonta uma discussão histórica mais profunda.
Considerações
finais.
Este escrito teve por objetivo abarcar a
amplitude do ensino de história, e a forma de criar aprendizagens
significativas que dão sustância aos métodos históricos e propõe pensar, até
mesmo dentro do currículo e no resgate de uma didática da história (que por
muito esteve separada da disciplina história), mecanismos de humanização do
ensino.
O professor precisa ser pesquisador, e
criar experiência na prática docente, pensando essa consciência histórica na
cultura escolar, de análise das forças políticas que se escondem atrás do
currículo, quebrando memórias cristalizadas e construindo novos valores na
aprendizagem. É possível que a
aprendizagem seja feita de forma característica, fazendo “do saber histórico tanto fundamento do
conhecimento do passado, como da projeção do futuro e, além disso, empenhar-se
para impedir que o consumo diuturno do esquecimento e da perda da identidade se
constitua no signo maior da modernidade”. (NEVES, 2000, p.115), e que parta do
diálogo com o aluno e se vá constituindo nos saberes docentes, na prática do
cotidiano escolar, na medida em que a escola possa ser um ambiente de
desmistificar preconceitos e promover a humanização para que a partir disso
possa romper com barreiras sociais, impostas historicamente.
Referências Bibliográficas.
Daniel
Fagundes de Carvalho Machado é graduado em História pela Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul/Campus de Três Lagoas, e mestrando em História e cultura
política pelo PPGH da Universidade Estadual Paulista – Campus de Franca.
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NEVES, Lucília de Almeida. Memória,
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SALIBA,
Elias Thomé. As imagens canônicas e a História. IN: CAPELATO, Maria Helena
(Org.). História e cinema. São Paulo: Alameda, 2007.
É notório a relevância desse trabalho pra o ensino de história, especificar o grau de escolaridade que pode-se ser trabalhado com essa temática também ajudaria muito os futuros professores, embora se tenha avançado muito nessa questão de introdução de recurso audiovisual na sala de aula, principalmente no ensino de história é perceptível que muitos professores ainda necessitam de formação e informações nessa área pra que haja o melhor aproveitamento desse tipo de recurso durante a aula,isto é mesmo que o professor use o filme como fonte é metodologia de ensino ainda é necessário avança ainda mais nessa área de ensino e pesquisa, a pergunta é como prepara um professor pra ensina e conseguir ser feliz na transmissão desse conteúdo fazendo o uso desses recursos metodológicos tão atuais e tecnólogicos?
ResponderExcluirBoa tarde, Amanda.
ResponderExcluirÉ uma ótima pergunta, porque coloca em cena a relação entre a tecnologia e o processo de ensino aprendizagem. Bom, de início, o que podemos pensar, é que o currículo escolar, e nosso plano de aula deve dar atenção ao contexto atual que vivemos, que é de ampliação tecnológica. É um mundo em que temos contato com informação a todo o momento, e como discuti um pouco no texto, não se aprende história apenas no âmbito escolar, devido a amplitude de acesso que esses alunos possuem, e pela quantidade de dados que recebem a todo instante. Portanto, devem levar isso em consideração. Só que aqui deparamos com alguns problemas, dentre eles, a dificuldade que enfrenta algumas escolas, sem possuírem, às vezes, uma sala de tecnologia e televisão. Pensemos aqui na defasagem das políticas públicas, de proporcionar que esses novos instrumentos pedagógicos consigam espaço no método de ensino do professor. Porém, é difícil pensarmos em como preparar esse professor, mas acredito que seria pensar um método em que crie mecanismos para auxiliar os alunos a como saber lidar com essa quantidade de informações; trazer seu conteúdo à realidade deles; procurar formas de como integrar a tecnologia no ensino, buscando textos que auxiliem a esclarecer a esse respeito; promover atividades que visem pesquisas, confrontação de pontos de vistas, enfim, pensar em um método que abarque a realidade social (esse amplo acesso à tecnologia, e não há como fugir disso), e o despertar da consciência histórica desses educandos, para que de fato a tecnologia seja uma aliada e possa criar aprendizagens mais significativas.
O professor, por exemplo,poderia utilizar os sites de arquivos públicos, de bibliotecas digitais, que carregam um arcabouço de documentos históricos, que podem ajudar ainda mais no processo de ensino aprendizagem. E levando em consideração o papel mediador do professor, os alunos podem ajudar o professor no manuseio de alguma tecnologia, ou vice versa, até mesmo porque o ensino não se constrói de cima para baixo, mas na interação.
Bom, Amanda, não sei se consegui responder bem à sua pergunta, até porque essa preparação do professor no manuseio dessas tecnologias, leva-se em consideração questões específicas da própria realidade escolar, (pois acaba sendo um trabalho conjunto da escola, em compromisso com o currículo, com o projeto político pedagógico) e também de nossa disposição a sempre estar pesquisando e se especializando para saber qual a melhor tecnologia para um determinado tipo de conteúdo, enfim, para que ocorra essa renovação, de fato, de nosso trabalho pedagógico.
Abraço